O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, visitou nesta quarta-feira (14) o Parlamento da Nicarágua, em seu segundo dia de passagem pelo país e lançou críticas ao governo dos Estados Unidos. O presidente do Parlamento nicaraguense, controlado pela ditadura sandinista que governa o país, abriu espaço para Raisi discursar para o plenário. No discurso, o representante iraniano acusou Washington de ser “contra os governos progressistas”.
“O imperialismo mundial sempre foi contra a formação
de governos populares na América Latina, e a principal característica do
imperialismo mundial é que ele sempre quer abusar e explorar os povos com suas
demandas ilegítimas e seu colonialismo, e é sempre contra o cumprimento da
vontade dos povos”, disse.
Raisi declarou que Irã e Nicarágua compartilham uma
história comum de “luta, resistência, revoluções e combate contra um inimigo
comum”.
“A história e a experiência comuns que ambos os povos
têm é a resistência e o respeito pelo voto popular, além do fato de deixar de
lado a vontade dos inimigos para tentar impedir a democracia popular. Lutamos
contra as conspirações e complôs de nossos inimigos nesses 44 anos de
revolução”, afirmou.
“Nesse campo de batalhas, de vontades, há duas, uma é a de nossos povos que buscam sua independência, sua liberdade, justiça e a realização de sua fé em Deus, e [a] outra vontade é a dos inimigos do imperialismo que buscam realizar seus desejos, seus objetivos, seus planos e seus benefícios, tudo isso com o egoísmo que eles têm”, acrescentou.
Tanto a ditadura de Daniel Ortega quanto o Irã têm um grande histórico de prisões e/ou banimento de opositores para impedir que estes participassem de eleições, além de acusações de fraudes eleitorais.
“Vontade dos Povos”
O presidente do Irã criticou os Estados Unidos, afirmando que os americanos e outras nações ocidentais se dizem defensoras dos direitos humanos, da democracia e da liberdade, mas que não conseguem “respeitar a vontade do povo e agem contra a soberania de países inimigos”, como “está acontecendo na Palestina, Líbano, Afeganistão, Iraque, Síria e nações latino-americanas”.
Ele também acusou os EUA de “impor sua vontade aos países enviando seus exércitos para invadir e, se não obtivessem sucesso por meio dessa estratégia ou por golpes de Estado, desestabilizar os países por meio de sanções econômicas”.
Para Raisi, “ocupações militares, golpes de Estado e
sanções econômicas fazem parte de uma única abordagem, que finge combater o
terrorismo”.
Raisi afirmou que o Irã “lutou e insistiu contra esse
fenômeno do terrorismo, e essa luta custou muito caro não apenas para proteger
o Irã, mas todos os países da região”.
Mais cedo, o presidente iraniano depositou coroas de flores
no mausoléu dos “Heróis e Mártires da Pátria” em Manágua, acompanhado
pelo ministro das Relações Exteriores do regime da Nicarágua, Denis Moncada.
A visita à Nicarágua é a segunda parada da viagem de Raisi pela América Latina, que também inclui escalas em Venezuela e Cuba.
As relações entre Irã e Nicarágua têm sido muito próximas desde que o ditador Daniel Ortega voltou ao poder em janeiro de 2007. Ortega, que é um dos principais aliados do Irã na América Latina, apoiou o programa nuclear iraniano e pediu que Israel se “desarmasse” para evitar um conflito militar.
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