O preço do dólar americano no mercado informal da Argentina atingiu um novo recorde nessa segunda-feira (24), após as medidas cambiais e tributárias adotadas pelo governo do país nas últimas horas, que provocaram uma desvalorização parcial do peso argentino para determinadas operações.
A moeda americana subiu 21 pesos (3,9%) no mercado paralelo, atingindo um novo recorde de 550 pesos por unidade (aproximadamente R$9,60).
O novo salto aconteceu depois do governo argentino aumentar a taxa oficial do dólar para a liquidação de algumas exportações agrícolas e aplicar um imposto sobre a maioria das operações de importação.
Desvalorização implícita
De acordo com o economista argentino Gustavo Ber, o novo “dólar agro” e o imposto sobre as importações são interpretados pelos operadores de mercado “como uma desvalorização implícita com possíveis pressões de curto prazo sobre a inflação e a atividade”.
No caso do chamado “dólar agro”, a melhora na cotação é de 13%, enquanto no caso das importações, o custo implícito aumentou em 7,5%.
Com essas medidas, o governo busca aumentar a entrada de dólares por meio de uma maior liquidação das exportações agrícolas e desestimular as importações, com o objetivo de melhorar a escassa posição das reservas monetárias do Banco Central.
As medidas foram adotadas depois que a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciaram no domingo (23) um entendimento para finalizar, ainda nesta semana, um acordo sobre mudanças nas metas monetárias, fiscais e de reservas estipuladas no pacto de refinanciamento da dívida, assinado em março de 2022.
“Por si só, as medidas não alteram a dinâmica atual, e as reservas devem continuar caindo, enquanto o novo dólar agro é monetariamente expansivo, o que, juntamente com o novo imposto sobre importações, adicionará pressão à inflação”, disse o banco CMF em um relatório.
Na opinião da instituição financeira, com essas medidas “a distorção de preços se aprofunda, já que o esquema de múltiplas taxas de câmbio se torna ainda mais complexo”.
Outras taxas de câmbio
Enquanto isso, no estatal Banco Nación — onde as operações são restritas a US$ 200 por mês por pessoa física e sob certas condições — o dólar subiu dois pesos nessa Semana, seguindo um máximo de 283,50 pesos para venda ao público.
Com esses valores, a diferença entre a cotação oficial e o chamado “dólar blue” é de 94%.
Enquanto isso, o valor do dólar no mercado atacadista oficial subiu 1,65 peso nessa segunda (24), para um novo máximo de 271 pesos por unidade.
Já o valor do dólar nos mecanismos financeiros para investidores mais sofisticados foi negociado moderadamente mais alto.
O chamado dólar “contado com liquidação” (CCL), que consiste em comprar ações ou títulos localmente com pesos argentinos e vendê-los em dólares em Wall Street, subiu 0,3%, fechando em 535,46 pesos por unidade.
Por sua vez, o “dólar MEP”, obtido por meio da compra de ativos cotados em pesos e dólares, pagos em pesos quando comprados e vendidos em dólares – subiu 0,3%, chegando a 496 pesos por unidade.
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