A Argentina acertou um empréstimo especial de direitos de saque concedido pelo Catar no valor equivalente a US$ 770 milhões, segundo anunciaram nesta sexta-feira (4) fontes oficiais à Agência EFE, para pagar uma parcela da sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Pela primeira vez na história, o Catar realiza uma operação
de crédito com a Argentina. O Catar empresta os direitos especiais de saque
(DEGS) para que a Argentina pague ao FMI sem tocar em suas reservas”,
informaram as fontes.
Segundo decreto assinado pelo presidente argentino, Alberto
Fernández, publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial, o acordo de
facilidade assinado com o Catar estabelece um empréstimo para a Argentina no
valor de 580 milhões de DEGS (valor de contabilidade das reservas internacionais
aplicado pelo FMI), que é equivalente a cerca de US$ 770 milhões, na taxa de
conversão desta sexta-feira fixada pelo organismo internacional.
A Argentina precisou liquidar nesta sexta-feira um
vencimento de juros com o FMI de cerca de US$ 750 milhões.
Na segunda-feira (31), o país vizinho já havia usado yuans e
fundos de um empréstimo do CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina para
quitar um vencimento com o fundo no valor de US$ 2,7 bilhões.
Florencia Donovan, colunista do jornal La Nacion, escreveu que a Argentina se tornou uma espécie de “mendiga global”. “Não há país a cuja porta não tenha batido”, ironizou.
“Só no último fim de semana, o presidente Alberto Fernández
teve que ligar para 19 pares da região para obter o aval do CAF. Só na segunda-feira,
mesmo dia do vencimento com o FMI, ele conseguiu que a diretoria da CAF votasse
a favor de um empréstimo excepcional de US$ 1 bilhão. Apenas um dos diretores
latino-americanos votou contra”, escreveu Donovan, que também citou operações
com a China.
A correria ocorre poucos dias antes das primárias para a eleição presidencial na Argentina, que serão realizadas no dia 13 e nas quais o ministro da Economia, Sergio Massa, é pré-candidato do peronismo à Casa Rosada.
Entretanto, a crise econômica argentina, com horizonte de recessão, baixo nível de reservas monetárias, déficit fiscal e inflação descontrolada, prenuncia dificuldades nas urnas para Massa.
“O cargo que dava a Massa a possibilidade de se catapultar como o candidato mais forte do partido governista agora o encurralou”, apontou Donovan. (Com Agência EFE)
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