A deputada democrata pelo estado de Nova York Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, está a frente de uma comitiva do Congresso norte-americano que desembarcará no Brasil para estreitar laços com o governo Lula. A parlamentar é conhecida por suas posições políticas alinhadas a pautas da esquerda radical nos EUA.
A visita ocorrerá entre os dias 14 e 21 de agosto e ainda inclui passagens por Colômbia e Chile, também governados por partidos de esquerda. É esperado que a comitiva tenha um encontro com o presidente Lula, embora a confirmação da agenda seja divulgada próxima à visita.
A recepção aos congressistas dos EUA inclui encontros
bilaterais com nomes de peso da administração Lula, como os ministros da
Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, bem como o
assessor especial da presidência para assuntos internacionais, o ex-chanceler
Celso Amorim.
As ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também estão listadas entre as autoridades com agendas já reservadas para receber a comitiva, segundo publicação da coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo.
Progressistas americanos buscam realinhar relação com governos de esquerda
A visita da comitiva democrata será composta por 11 pessoas, entre membros do Congresso norte-americano e suas equipes, que se reunirão com autoridades governamentais e membros da sociedade civil em Brasília; em Bogotá, na Colômbia; e em Santiago, no Chile.
A viagem é patrocinada pelo Center for Economic and Policy
Research [Centro para pesquisa econômica e política, em livre tradução] um
grupo de pesquisa progressista, com sede em Washington.
Além de AOC, o congressista Joaquin Castro, do Texas, é outro integrante da comitiva. Ele é o principal representante democrata no influente Subcomitê de Relações Exteriores da Câmara para o Hemisfério Ocidental.
Os parlamentares democratas Nydia Velázquez, Greg Casar e Maxwell Frost também participam da comitiva. Misty Rebik, a chefe de gabinete do senador independente Bernie Sanders, irá representá-lo na viagem.
AOC foi uma das parlamentares que se encontrou pessoalmente com Lula durante sua visita aos EUA, em fevereiro deste ano. Na ocasião, ela afirmou que o mandatário era uma “inspiração”, além de dizer conhecer programas de autoria dos governos petistas, como “Minha Casa, Minha Vida” e “Bolsa Família”.
Durante a visita oficial, Lula também teve uma reunião com o senador Bernie Sanders, responsável por aprovar uma resolução no Senado dos EUA, no fim de 2022, que obriga o país a romper relações com o Brasil em caso de um golpe de Estado.
Críticas às relações dos EUA com a América Latina
As políticas de Joe Biden para a América Latina têm sofrido críticas internas no Partido Democrata. Um dos alvos da ala mais à esquerda do partido é a manutenção de “medidas restritivas” à ditadura cubana de Miguel Díaz-Canel.
A “suposta vista grossa” a violações de direitos humanos em países da região, como México e Colômbia, bem como a recusa a convidar as ditaduras de Cuba, Venezuela e Nicarágua a participar da Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, em 2022, também são alvo dos progressistas radicais.
Nesse sentido, a viagem é vista pelos parlamentares democratas como uma oportunidade para estreitar e revitalizar as relações dos EUA e sua influência na região.
“Já passou da hora de um realinhamento da relação dos Estados Unidos com a América Latina”, disse Ocasio-Cortez em comunicado ao jornal Los Angeles Times. “Temos muito a aprender com nossos colegas nesses países, inclusive como enfrentar a desinformação e as ameaças violentas às nossas democracias”, disse.
A visita não será a primeira oportunidade da deputada fazer incursões em relação à política dos EUA com o Brasil. Em início deste ano, ela e Joaquin Castro protocolaram pedido de deportação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontrava nos EUA.
À época, Ocasio-Cortez disse que os Estados Unidos deviam “deixar de dar guarida a Bolsonaro”.
Em julho, AOC encaminhou ao Departamento de Estado (responsável
pela condução da diplomacia norte-americana) um pedido de liberação de
documentos da inteligência dos EUA sobre o período do regime militar no Brasil
(1964-1985).
Em declaração recente sobre a América Latina, a deputada disse que “os EUA precisam reconhecer publicamente os danos que cometemos por meio de políticas intervencionistas e extrativistas e traçar um novo curso baseado na confiança e no respeito mútuo”.
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