Em um período de cinco dias, entre 28 de julho e 2 de agosto, ao menos 28 postos de alistamento militar foram incendiados em cidades russas, incluindo a região anexa da Crimeia, segundo agências internacionais de notícias. Os casos aconteceram principalmente em Moscou, Kazan e São Petersburgo.
Ao governo russo, os envolvidos teriam relatado que foram enganados por fraudadores por telefone para cometer o crime.
A versão de alguns dos investigados, segunda a agência estatal russa TASS, é a de que eles foram vítimas de criminosos, que conseguiram tirar dinheiro de suas contas e prometeram devolver a quantia, caso eles colocassem fogo nos postos. Os detidos têm idades entre 17 e 82 anos.
Uma das pessoas capturadas, que jogou um coquetel molotov em um dos prédios, contou às autoridades que em 26 de julho recebeu uma ligação de uma pessoa desconhecida que se apresentou como funcionário do banco central.
A voz masculina disse que as contas dela caíram nas mãos de golpistas. Mais tarde, ela recebeu uma ligação dos “órgãos de aplicação da lei” e foi informada de que o fraudador estaria sentado no cartório de alistamento militar e que, para prendê-lo, “uma mistura incendiária deveria ser jogada no local”.
Em outra situação, uma garota de 17 anos alegou que também incendiou um posto de alistamento militar, em Zabaikalsky Krai, depois de ser convencida por mensagens de que um espião ucraniano estaria dentro do local. As investigações ainda estão em andamento para averiguar a veracidade dos relatos.
Segundo a rádio russa Svoboda, a tentativa de atear fogo em postos de alistamento na Rússia agora é classificada como um ato terrorista pelo governo, ação que pode levar a uma sentença de prisão perpétua ao acusado.
Os ataques acontecem logo após o ditador Vladimir Putin enrijecer as regras do alistamento militar obrigatório, em 25 de julho, aumentando o limite de idade de 27 para 30 anos.
A partir de agora, o alistamento acontece de forma eletrônica, então os potenciais soldados recebem uma intimação pelo computador para comparecer a um dos postos em até 20 dias.
A recusa ao chamamento provoca medidas severas ao cidadão. Em setembro do ano passado, Putin assinou um pacote de emendas no código penal que, entre outras punições, estabelece a prisão de 5 a 10 anos aos desertores e àqueles que não se alistam. Além disso, as famílias ficam restritas de receber benefícios do governo.
Com a nova lei aprovada pela Câmara Baixa russa, Moscou espera um número maior de recrutas dedicados à Guerra na Ucrânia.
Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, diversos centros de recrutamento foram incendiados em forma de protesto contra o envio de soldados ao país.
Milhares de russos já deixaram o país, em fuga. Segundo dados da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras (Frontex), houve um aumento de 30% na entrada de cidadãos russos em países pertencentes à União Europeia (UE), um número que ultrapassa 60 mil pessoas.
Um dos mecanismos utilizados pelo Ministério da Defesa para atrair a atenção dos jovens cidadãos russos é por meio de campanhas publicitárias. A mais recente busca exaltar a masculinidade: “Haja como um homem de verdade”, diz uma das frases encontradas em outdoors, vitrines e estações de ônibus.
Outra estratégia de recrutamento é o aumento de salário. A Prefeitura de Moscou anunciou em seu site um salário de 204 mil rublos (cerca de R$ 10 mil na cotação atual) aos soldados que forem para a Ucrânia.
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