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Ataques de paramilitares do Sudão em Darfur matam 200 pessoas em quatro dias

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Ao menos 200
pessoas foram mortas nos últimos quatro dias em uma cidade próxima a El
Geneina, capital do estado de Darfur Ocidental, no Sudão, em consequência de um
ataque do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), depois que o Exército
do país se retirou da região.

O secretário-geral do Crescente Vermelho sudanês, Adam Haroum, disse em comunicado divulgado nesta terça-feira (7) que as “FAR cometeram um massacre na aldeia de Erdamta, perto de El Geneina, depois que o Exército se retirou, e que o número inicial de mortos chegou a mais de 200”.

Os Comitês de
Emergência de Darfur Ocidental, que são formados por sindicatos de médicos e
profissionais de saúde da região, disseram em outra nota que “o número de
mortos é superior a 300”.

Erdamta fica a sete quilômetros de El Geneina e é local do quartel-general da 15ª Divisão do Exército, que se retirou no sábado (4) com o avanço das FAR, anunciaram os paramilitares em vários vídeos e comunicados veiculados no X (antigo Twitter).

De acordo com Haroum, que fugiu para o Chade, as FAR mataram oito membros de sua família, e outros 20 estão desaparecidos. Ele disse que um grande número de pessoas foram presas e levadas para áreas desconhecidas, embora mais de 20 mil pessoas, em sua maioria mulheres, crianças e idosos, tenham conseguido cruzar a fronteira e fugir para a cidade chadiana de Adre.

“As FAR
emboscaram os que fugiam para o Chade e mataram um grande número deles (…)
Invadiram todas as casas em Erdamta, separaram mulheres e homens e mataram a
maioria deles, especialmente os jovens”, acrescentou.

De acordo com o
chefe do Crescente Vermelho sudanês, as FAR cometeram esse massacre porque a
maioria dos moradores da região é formada por parentes de militares.

O coordenador humanitário adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) no Sudão, Toby Harrod, descreveu os relatos e as imagens da cidade de Erdamta como “horríveis” e disse que “os relatos incluem assassinatos, graves violações e massacres contra civis, após o controle da área pelas FAR”.

MSF diz que milhares de sudaneses fugiram para o Chade após massacre em Darfur

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou nesta terça-feira que cerca de 7 mil pessoas cruzaram a fronteira do Sudão com o Chade nos três primeiros dias de novembro, devido ao aumento dos combates na região de El Geneina, em Darfur Ocidental, entre o Exército sudanês e as FAR.

“Nos primeiros
três dias de novembro, vimos mais chegadas de refugiados sudaneses do que
durante todo o mês anterior: cerca de 7 mil pessoas cruzaram a fronteira”,
disse em comunicado Stephanie Hoffman, coordenadora da MSF em Adre, cidade
chadiana localizada na fronteira com o Sudão.

Somente no último
fim de semana, as equipes da MSF receberam 36 feridos, entre os milhares de
refugiados do Sudão, a maioria mulheres e crianças que chegaram ao Chade
“sem nada, pois suas casas estavam sendo destruídas”, de acordo com
Hoffman.

A diretora da MSF,
Claire Nicolet, lamentou que “a resposta humanitária ainda não seja
proporcional à escala da crise no leste do Chade”, reiterando seu pedido
de “um aumento imediato da ajuda humanitária para os mais vulneráveis
(…) e a garantia do acesso a serviços básicos como água, cuidados médicos,
abrigo e alimentos”.

As declarações das fontes humanitárias foram feitas no mesmo dia em que Arábia Saudita, os Estados Unidos e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, mediadores do conflito sudanês, anunciaram um compromisso entre o exército e os paramilitares de tomar medidas para facilitar a ajuda humanitária e adotar medidas para um cessar-fogo.

O Exército do Sudão
e as FAR estão em guerra desde o dia 15 de abril, quando os paramilitares se
rebelaram devido a divergências sobre sua integração às Forças Armadas do país,
e em meio a um processo de transição após o golpe arquitetado pelos militares
em 2021.

Até o momento, a violência matou cerca de 9 mil pessoas e forçou mais de 6 milhões de pessoas a deixarem suas casas. Outros 25 milhões de sudaneses precisam urgentemente de ajuda humanitária, de acordo com as Nações Unidas.

FONTE: Gazeta do Povo