O libertário Javier Milei desbancou a hegemonia do
peronismo, que havia vencido seis das nove eleições presidenciais desde a
redemocratização na Argentina, em 1983, e se tornou neste domingo (19) o novo
presidente do país sul-americano.
Antes mesmo da divulgação do resultado oficial, seu adversário no segundo turno, o peronista Sergio Massa, fez um pronunciamento no início desta noite reconhecendo a derrota. “Me comuniquei com Javier Milei para felicitá-lo e desejar-lhe sorte”, afirmou. A posse do libertário será em 10 de dezembro.
Depois da fala de Massa, começaram a ser divulgados os números oficiais da apuração. Com 99,28% dos votos apurados, Milei soma 55,69% e o peronista, 44,30%.
Javier Milei, fundador da coalizão A Liberdade Avança, tem 53
anos e é economista. Ele foi economista-chefe de uma empresa de previdência
privada, economista sênior do HSBC e professor de economia e se diz adepto da
Escola Austríaca, que defende a liberdade econômica e a não interferência do
Estado na área.
Na primeira eleição que disputou, as legislativas de 2021,
Milei foi eleito deputado nacional. Neste ano, o libertário foi o mais votado
nas prévias argentinas, realizadas em agosto. Em outubro, foi o segundo colocado
no primeiro turno e se qualificou para a disputa deste domingo.
Admirador de Donald Trump e amigo da família Bolsonaro, ele
é contrário ao aborto, cético sobre as mudanças climáticas e afirma que na sua
presidência “não haverá marxismo cultural”. Acredita que as novas gerações
argentinas estão mais propensas a concordar com suas opiniões porque “têm menos
tempo de exposição à lavagem cerebral da educação pública”.
“Não vim guiar cordeiros, vim despertar leões”, costuma repetir. Entre suas propostas, estão a dolarização da economia da Argentina e o fim do Banco Central.
Estas medidas farão parte da sua estratégia para tentar recuperar a economia argentina: a pobreza hoje atinge 40% da população, a inflação em outubro ficou em 142,7% no patamar interanual e o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o país terá em 2023 a sexta retração do PIB em dez anos.
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