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Presidente da Guiana afasta risco de anexação de Essequibo

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O presidente da Guiana, Irfaan Ali, usou as redes sociais neste domingo (3) para tranquilizar a população sobre o referendo que a Venezuela realiza para reforçar a reivindicação de soberania sobre a região de Essequibo, rica em petróleo. Ali disse, em transmissão ao vivo, que o país “nada tem a temer com a investida do ditador venezuelano Nicolás Maduro”.

“Quero garantir aos guianenses que não há nada a temer nas próximas horas, dias, meses. Estaremos vigilantes, mas estamos trabalhando incansavelmente para garantir que nossas fronteiras permaneçam intactas, e que nossa população e país continuem seguros”, afirmou.

Na consulta à população, o governo venezuelano busca reafirmar a reivindicação histórica sobre o território de 160 mil km², sob controle da Guiana. Depois do resultado, o governo venezuelano promete decidir as estratégias para a anexação do território.

Com o referendo, Maduro quer obter o apoio popular para a criação de uma província venezuelana chamada “Guiana Essequiba” e conceder nacionalidade aos seus habitantes. As perguntas também abordam a opinião dos venezuelanos sobre a sentença arbitral de Paris em 1899, o Acordo de Genebra, a jurisdição da Corte Internacional de Justiça sobre o tema e exploração de petróleo pela Guiana. Maduro foi a TV local ensinar os venezuelanos a como votar “sim” para as cinco perguntas.

A Guiana havia solicitado à Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal das Nações Unidas, suspensão do referendo. No discursos aos guianeses, Ali disse que não iria “se intrometer” na política da Venezuela, alegando que é uma oportunidade para o país mostrar “maturidade e responsabilidade”.

Também destacou a solidariedade que vem recebendo da comunidade internacional. “Sempre vimos a diplomacia como nossa primeira linha de defesa e estamos em uma posição muito forte nela”, afirmou.

Partidos de oposição relatam eleição esvaziada

Partidos e políticos da oposição na Venezuela relataram uma baixa participação no referendo não vinculativo que acontece neste domingo no país, promovido pelo governo para “reforçar” a reivindicação centenária do país de soberania sobre a região de Essequibo, rica em petróleo, informou a agência EFE.

Fotografias e vídeos de centros eleitorais vazios ou com baixo afluência, principalmente em Caracas, foram postados em mensagens no X (Antigo Twitter) pelo partido Vontade Popular (VP). As mensagens se referem também aos estados de Mérida (oeste), Nueva Esparta (nordeste) e Guárico (centro).

Um video do ex-deputado Juan Pablo Guanipa, do partido Primeiro Justiça, mostra vários pontos de votação praticamente vazios em regiões como Lara (oeste), Aragua (norte), Falcón (noroeste), Anzoátegui (leste) e Zulia (oeste, na fronteira com a Colômbia). “No final, (o governo) dará o número (de participação) que quiser dar, mas o que está claro é que essas pessoas não mobilizam ninguém na Venezuela”, disse Guanipa.

Ao todo, foram 15.857 centros de votação habilitados para o referendo, no qual 20,69 milhões de venezuelanos estão convocados a participar. A imprensa local também noticiou a baixa afluência em Caracas e Maracaibo, assim como a Agência EFE.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, por sua vez, rebateu a versão da baixa adesão, afirmando aos jornalistas ter visto filas nos locais votação, “inclusive do lado de fora”. “Neste momento, temos o triplo da participação que tem ocorrido em outros processos eleitorais”, disse Amoroso, sem dar detalhes dos locais.

Entenda a disputa pela região de Essequibo

Essequibo é uma área de quase 160 mil quilômetros quadrados, rica em recursos naturais, que corresponde a cerca de 70% do território da Guiana. A Venezuela reivindica a região como parte de seu território desde quando se tornou independente da Espanha.

A sentença arbitral de Paris em 1899 concedeu a soberania sobre Essequibo ao Império Britânico, que ainda colonizava a Guiana. A Venezuela contestou a decisão e, em 1966, ano em que a Guiana se tornou independente, foi assinado o Acordo de Genebra, que reconheceu a reclamação venezuelana.

Desde então, a disputa começou e se acirrou após 2015, depois que a gigante energética ExxonMobil descobriu petróleo em águas disputadas. São reservas de petroleo comparáveis às do Kuwait e líderes da lista de reservas per capita do mundo.

FONTE: Gazeta do Povo