O ano de 2023 terminou com Israel sendo o principal alvo das
resoluções votadas na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O
dado foi revelado através de um levantamento divulgado em dezembro pela ONG UN
Watch, que monitora as ações da entidade internacional
De acordo com o levantamento, o Estado judeu, que sofreu um
ataque terrorista perpetrado pelo Hamas em outubro de 2023, que deixou mais de
mil pessoas mortas em seu território, foi alvo de 14 resoluções aprovadas no
órgão deliberativo da ONU.
A maioria dessas resoluções foram condenações relacionadas a
ofensiva israelense em Gaza, que está em curso desde os ataques terroristas do
Hamas e visa eliminar o grupo terrorista do enclave palestino e resgatar os reféns
sequestrados por eles no dia em que invadiram o território israelense.
O dado da UN Watch é preocupante quando se observa que a Coreia do Norte, o Irã, o Mianmar e a Síria foram alvos de resoluções votadas no órgão apenas uma vez cada. Todos esses países tem em comum o fato de serem controlados por regimes ditatoriais, que são acusados por diversas organizações internacionais de violar de forma sistemática os direitos humanos básicos em seus territórios.
A Rússia, que ainda mantém sua invasão ao território
ucraniano, que já vitimou diversas pessoas e causou uma crise humanitária na
Europa, recebeu apenas duas condenações. Países como a Venezuela, Líbano,
China, Arábia Saudita, Cuba, Nicarágua (que está perseguindo diariamente
membros da Igreja Católica) ou Iraque – e até mesmo grupos terroristas como o
Hamas – não foram condenados nem citados em nenhuma resolução da Assembleia
Geral.
Além de condenar a ofensiva israelense em Gaza, as resoluções
aprovadas contra Israel na ONU incluíram acusações de que o país estava
explorando recursos naturais dos palestinos e dos sírios nas colinas de Golã; que
o Estado judeu estava cerceando o direito dos palestinos à autodeterminação com
o muro de segurança na Cisjordânia; e que Israel estava violando os direitos
humanos dos palestinos e dos árabes em territórios ocupados.
Em nenhum momento após o mês de outubro a Assembleia Geral da ONU aprovou resoluções mencionando explicitamente o nome do grupo terrorista Hamas nem o condenou diretamente por seus crimes realizados durante os ataques cometidos contra o Estado judeu.
O órgão também não reconheceu nem mencionou o direito de Israel de se defender e não levou em conta as evidências encontradas pelos militares israelenses de que o grupo terrorista usa civis como escudos humanos em Gaza, ou que vários de seus túneis e centros de comandos estão localizados sob prédios hospitalares, escolas e casas de pessoas comuns, muito menos o fato apresentado por Israel de que os terroristas palestinos desviam a ajuda humanitária destinada ao enclave.
A tendência da Assembleia Geral da ONU em aprovar resoluções contra Israel de forma desigual não é nova. Conforme dados da UN Watch, desde 2015 o órgão aprovou 141 resoluções contra o Estado judeu, mais do que o dobro do número de resoluções aprovadas contra todos os outros países juntos. Tal dado se refletiu bem no ano passado, com Israel recebendo as 14 condenações na ONU, que foi o dobro quando comparado com o total de resoluções aprovadas contra os demais países alvos da entidade em 2023, que somadas, chegam a apenas sete (os Estados Unidos também foram alvos de uma resolução na ONU por seus embargos contra o regime cubano -, que é acusado por entidades de direitos humanos de perseguir e intimidar opositores).
Ainda segundo a UN Watch, desde 2006 o Conselho de Direitos
Humanos da ONU aprovou 104 resoluções contra Israel, frente a 99 contra outros
países.
André Lajst, cientista político e presidente-executivo da
StandWithUs Brasil, organização que promove a educação e a defesa de Israel,
pontua que o tratamento desigual da ONU em relação a Israel ficou ainda mais
claro após os ataques terroristas do Hamas. Ele explica que a ONU conta com um
histórico extenso de preconceito e perseguição contra o Estado judeu.
“É lamentável e inadmissível que um órgão como a ONU, bem
como suas agências, criadas com o propósito de promover a paz entre as nações
depois da Segunda Guerra Mundial, tenha esse posicionamento – [de] condenar
desproporcionalmente um país que defende seu povo após sofrer o maior atentado
terrorista da sua história, enquanto ignora não só atrocidades feitas com a
população israelense, mas também as ações de diversas ditaduras sanguinárias
pelo mundo”.
O diretor executivo da UN Watch, Hillel Neuer, chamou o
número de resoluções aprovadas contra Israel de “absurdo” em um comunicado,
argumentando que “o propósito das condenações desequilibradas é demonizar o
Estado judeu”.
“Essa demonização alimenta os agitadores antissemitas na
América e no mundo que ameaçam os judeus nos campus, nos centros comunitários e
em seus negócios”, disse Neuer.
O diretor também questionou o compromisso da União Europeia
(UE) com a aplicação igualitária dos padrões de direitos humanos, apontando que
“enquanto a França, a Suécia e outros estados da UE apoiaram quase todas as 14
resoluções adotadas contra Israel durante sessões da Assembleia Geral, as
mesmas nações europeias falharam em introduzir uma única resolução da ONU sobre
as situações de direitos humanos na China, Venezuela, Arábia Saudita, Cuba,
Turquia, Paquistão, Vietnã, Argélia, ou em 170 outros países”.
“Onde está a suposta preocupação da UE com o direito
internacional e os direitos humanos?”, questionou Neuer.
Por meio de uma publicação em sua conta oficial no X (antigo
Twitter) a UN Watch, citando um estudo da organização Freedom House, lembrou
que apenas 44% dos membros da Assembleia Geral da ONU, 84 entre 193 países, são
classificados como democracias livres neste momento.
O fato da ONU nem sequer considerar o Hamas como um grupo
terrorista mesmo após os ataques de outubro foi criticado por Lajst. O cientista
político disse que “apesar de várias nações classificarem o Hamas como
terrorista, incluindo países da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido,
Canadá, Austrália e Japão, o Conselho de Segurança [da ONU] não inclui os
responsáveis pela maior tragédia da história recente de Israel em seu rol de
grupos terroristas. Sem essa definição, o Hamas não é condenado da maneira que
deveria pelas Nações Unidas e [seus] países membros, incluindo o Brasil, que
segue a determinação da ONU de não chamar o Hamas de terrorista, mesmo com as
atrocidades que cometeram contra a população israelense e a sua própria, que é
usada como escudo humano”.
O presidente-executivo da StandWithUs esclareceu que a motivação principal de Israel para continuar com a guerra em Gaza é resgatar os israelenses mantidos em cativeiro pelo grupo terrorista palestino, e que o Estado judeu “fará de tudo para trazê-los de volta em segurança, tomando as decisões que qualquer outro país tomaria para defender seus cidadãos e assegurar que terroristas não voltem a cometer barbáries contra sua população”.
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