Neste sábado (24), a guerra da Ucrânia completa dois anos, com o país invadido pelos russos vivendo talvez seu momento mais delicado no conflito, com falta de tropas e armamentos, a perda da cidade de Avdiivka e a incerteza sobre a continuidade do apoio dos Estados Unidos, travada pela oposição republicana na Câmara.
Nesse cenário adverso, uma esperança à qual a Ucrânia se
apega desde o ano passado ganhou novo brilho com informações divulgadas nesta
semana.
O Ministro da Defesa da Lituânia, Arvydas Anusauskas, e um
funcionário da União Europeia cujo nome não foi divulgado afirmaram à revista americana
Foreign Policy no domingo (18) que a Ucrânia deve receber seus primeiros caças
F-16 em junho.
Dias depois, uma porta-voz da Guarda Nacional do Arizona
informou à CNN que os primeiros pilotos ucranianos devem completar o
treinamento para utilizar essas aeronaves de combate entre maio e agosto.
A luta pela prevalência no espaço aéreo hoje é fundamental
em qualquer guerra, e no ano passado, a Ucrânia recebeu caças MiG-29, de
fabricação soviética, da Polônia e da Eslováquia. Entretanto, para equilibrar a
disputa com os aviões russos, Kiev vinha cobrando também a entrega de caças F-16,
de fabricação americana e muito mais modernos.
Finalmente, em agosto, o governo dos Estados Unidos
autorizou que seus aliados enviassem caças F-16 à Ucrânia.
Embora ainda não haja números exatos, a Holanda, a
Dinamarca, a Noruega e a Bélgica já se comprometeram a fornecer os caças de
fabricação americana a Kiev. Os Estados Unidos anunciaram que devem fazer o
mesmo quando terminar o treinamento dos pilotos ucranianos.
O porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yurii Ihnat, estimou em
agosto que o país precisaria de ao menos 128 caças modernos para substituir
totalmente sua antiga frota de aeronaves de combate.
Nesta sexta-feira (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr
Zelensky, publicou nas redes sociais um vídeo dos testes de pilotos ucranianos
com o F-16 na Dinamarca.
“Todos os ucranianos estão esperando pelo dia em que os
primeiros F-16s ucranianos aparecerão nos nossos céus e fortalecerão a defesa
das nossas cidades e comunidades, bem como as capacidades das Forças de Defesa
da Ucrânia. Enquanto nossos pilotos e pessoal continuam seu treinamento,
agradeço à coalizão F-16 por deixar esse dia cada vez mais próximo”, escreveu
Zelensky.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o coronel da reserva e analista militar Paulo Roberto da Silva Gomes Filho destacou a importância que os F-16s podem ter no campo de batalha.
“Eles podem ser utilizados em missões de conquista e
manutenção da superioridade aérea em locais e prazos definidos. Isso significa
que, ao patrulharem determinadas áreas, os F-16s, com seus modernos radares e
sistemas de armas, que incluem mísseis, tornarão aquele espaço aéreo perigoso
demais para o voo de aeronaves inimigas, afastando-as e consequentemente
protegendo tropas e instalações ucranianas”, explicou.
“Além disso, os F-16s também podem ser usados para abater
mísseis russos, ou, aproximando-se mais da linha de contato, bombardear alvos
russos específicos, como peças de artilharia, postos de comando, radares e
instalações logísticas”, acrescentou o analista.
Entretanto, Gomes Filho afirmou que os F-16s, sozinhos, não
terão o poder de mudar o rumo da guerra na Ucrânia.
“Eles correm o risco de chegar demasiadamente tarde, uma vez
que a contraofensiva ucraniana já perdeu a impulsão, e a perspectiva atual é
que a iniciativa da ofensiva passe para o lado russo”, justificou.
“Assim, é provável que, ao invés de apoiarem operações ofensivas que poderiam levar à reconquista de territórios conquistados pela Rússia, os F-16s apoiarão operações defensivas, que não serão capazes de conduzir à vitória, mas terão o objetivo de impedir maiores avanços russos”, projetou o analista militar.
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