Com data ainda a ser definida, o Reino
Unido terá eleições gerais entre o segundo semestre de 2024 e o início de 2025,
e os conservadores, que governam o país desde 2010, parecem viver seu momento
político mais delicado em anos.
Algumas notícias em fevereiro colocam em dúvida se o premiê
Rishi Sunak vai continuar morando no número 10 de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico.
No dia 15, o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido informou que o país entrou em recessão técnica, ao acumular dois trimestres consecutivos de retração da economia.
O Produto Interno Bruto (PIB) britânico teve redução de 0,3%
no último trimestre de 2023, após uma queda de 0,1% entre julho e setembro. No
acumulado do ano, houve pequena expansão, de 0,1%, em relação a 2022.
Uma das principais explicações para a retração entre outubro
e dezembro foi a redução das vendas do comércio, dos gastos das famílias e das
compras do Estado. No setor de serviços, contribuíram para o mau desempenho do
PIB a greve dos médicos e uma queda na frequência escolar, que fez o segmento
da educação apresentar uma retração de 0,8%.
Outra má notícia para o governo Sunak foi uma pesquisa,
divulgada pelo jornal The Mirror, que indicou que os trabalhistas podem obter nas
próximas eleições nacionais sua maior vitória desde o triunfo de Tony Blair em
1997.
No levantamento, realizado entre 24 de janeiro e 12 de
fevereiro, os trabalhistas somaram 42% das intenções de voto e os conservadores
apenas 22%.
Se tal desempenho se repetir nas urnas, a atual oposição
somaria 452 cadeiras no Parlamento (havia conquistado 202 na eleição anterior,
em 2019) e os conservadores, somente 80 (foram 365 no último pleito nacional).
Para complementar a maré de azar em fevereiro, o partido de
Sunak perdeu eleições suplementares para duas cadeiras que ocupava no
Parlamento, para os distritos eleitorais de Wellingborough e Kingswood, ambas
vencidas pelos trabalhistas.
O mau momento econômico do Reino Unido e as votações em Wellingborough
e Kingswood já fazem os trabalhistas cantarem vitória. O líder do partido
oposicionista, Keir Starmer, declarou que “o país clama por mudanças”.
“As coisas não estão funcionando. O NHS [Serviço Nacional de
Saúde] não está funcionando. A população enfrenta uma crise de custo de vida.
Acho que concluíram que os conservadores falharam após 14 anos”, afirmou.
Segundo reportagem do Independent, correligionários de Sunak pressionam para que o premiê adote algumas medidas principais para virar o jogo até a eleição: cortar impostos, para melhorar o desempenho da economia britânica, e tomar ações ainda mais duras na área da imigração.
Em artigo recente para o Telegraph, Sunak indicou que
seguirá essa linha e pediu união entre os conservadores britânicos.
“Nas próximas eleições, precisarei do apoio de todos os que
querem impostos mais baixos e fronteiras seguras porque a alternativa, Keir
Starmer, não acredita em nada disso”, escreveu.
“A família conservadora deve se unir para derrotar os
trabalhistas e garantir um futuro melhor para o nosso país. Um voto em qualquer
um que não seja dos conservadores apenas ajudará Starmer”, afirmou Sunak.
Apesar da euforia, os trabalhistas sofreram um golpe nesta
quinta-feira (29), quando uma eleição suplementar para outro distrito
eleitoral, de Rochdale, foi vencida por George Galloway, candidato
pró-Palestina de outra legenda de esquerda, o Partido dos Trabalhadores da Grã-Bretanha.
Os trabalhistas, que ocupavam a cadeira, ficaram apenas em quarto lugar. O partido havia retirado o apoio ao seu candidato, Azhar Ali, após a divulgação de vídeos em que ele acusava Israel de ter permitido os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro. Os conservadores ficaram em terceiro lugar em Rochdale.
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