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Relatório denuncia aumento dramático do antissemitismo no mundo

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Um novo relatório divulgado pela Universidade de Tel Aviv, em parceria com a organização judaica Liga Anti-Difamação (ADL), aponta para um crescimento global do antissemitismo, principalmente em países onde há um número significativo de judeus, como os Estados Unidos, França, Reino Unido, Argentina, Alemanha, Austrália e Brasil.

Os dados coletados no estudo, por meio de fontes oficiais, organizações judaicas e plataformas de mídia, mostram que os incidentes desse tipo aumentaram em ritmo acelerado desde o início da guerra no Oriente Médio, algo que não era visto desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, antes mesmo da contraofensiva israelense na Faixa de Gaza, depois do ataque covarde do Hamas em 7 de outubro, os casos de antissemitismo já estavam em contínua escalada.

Os primeiros nove meses de 2023 viram um aumento nos incidentes antissemitas em comparação ao mesmo período de 2022. De acordo com o documento, nos EUA, houve cerca de 3.500 incidentes relatados entre janeiro e setembro de 2023, enquanto os últimos três meses do ano registraram quase 4 mil. Em 2022, foram registrados 3.697 incidentes e, em 2021, 2.717.

No ano passado, o país registrou, em média, três ameaças de bomba por dia contra sinagogas e instituições judaicas. Foram 962 ameaças em 2023 contra 94 registadas em 2022.

A maioria dos incidentes antissemitas nos EUA envolveu assédio contra judeus. Em 2022, foram notificados 2.298, enquanto no ano seguinte, 5.256. Os casos de vandalismo apareceram em segundo lugar: passaram de 1.288 em 2022 para 2.106 em 2023.

Em denúncias de agressão, a ADL registrou 161 incidentes nos EUA, em comparação a 111 episódios em 2022, 88 em 2021, 33 em 2020 e 61 em 2019.

Na França, dados do Ministério do Interior e do Serviço de Proteção da Comunidade Judaica
(SPJC) apontam para 1.676 incidentes antissemitas em 2023, em comparação com 436 em 2022, e 589 em 2021. Desse número, 1.242 casos ocorreram entre outubro e dezembro do ano passado, em comparação com 107 no mesmo período de 2022.

A organização judaica Community Service Trust (CST) no Reino Unido registrou 4.103 incidentes antissemitas em 2023, em comparação com 1.662 em 2022 e 2.261 em 2021. Dos incidentes do último ano, 2.699 ocorreram após o 7 de outubro, em comparação com 392 incidentes no mesmo
período em 2022. Os 1.404 incidentes registrados em 2023 antes do início da guerra também revelaram um aumento dos casos (1.270 incidentes registrados no mesmo período de 2022).

Na Alemanha foram registradas 1.365 denúncias de antissemitismo de janeiro a setembro do ano passado e 2.249 de outubro a dezembro, após o início da guerra.

A Delegação das Associações Israelenses Argentinas (DAIA) registrou 598 casos em 2023, em comparação com 427 em 2022 e 488 em 2021. Nos últimos três meses do ano passado, o DAIA registrou 325 ocorrências, em comparação com 286 durante o mesmo período em 2022.

No Brasil, a Confederação Israelita (Conib) registrou 1.774 incidentes em 2023, em comparação com
432 em 2022. Entre outubro e dezembro do ano passado, foram relatados 1.363 ocorrências em comparação
aos 101 incidentes no mesmo período em 2022. O número de notificações entre janeiro e
setembro de 2023 (411) foi superior ao mesmo período de 2022 (331).

O Conselho Executivo dos Judeus Australianos (ECAJ) relatou 662 incidentes antissemitas no
país entre outubro e novembro de 2023, em comparação com 79 durante o mesmo período em
2022 e 91 em 2021. O número de incidentes entre janeiro e setembro de 2023 (371)
também foi pouco superior ao mesmo período de 2022 (363).

O povo judeu está menos seguro no Ocidente

Para os autores do relatório, se essa perseguição persistir no mundo, “o povo judeu será incapaz de viver uma vida normal em segurança e liberdade”.

O professor Uriya Shavit da Universidade de Tel Aviv, um dos autores do documento, afirmou que “se as tendências atuais continuarem, a cortina cairá sobre a capacidade dos judeus de levarem vidas normais no Ocidente”. Segundo ele, práticas como “usar uma estrela de Davi, frequentar sinagogas e centros comunitários, enviar crianças para escolas judaicas, frequentar um clube judaico no campus ou falar hebraico” estão em risco.

De acordo com os autores, as redes sociais foram uma das ferramentas mais relevantes para garantir força a práticas antissemitas. Após o 7 de outubro, a propaganda de ódio aos judeus se espalhou rapidamente, incluindo a partir da China.

O relatório também observou um aumento significativo no mundo árabe, onde, segundo cresceram os discursos antissemitas desde o ataque de 7 de outubro pelo Hamas. Um dos pontos de maior destaque nesse sentido são as narrativas negando ou distorcendo crimes cometidos pelo grupo terrorista durante o massacre.

FONTE: Gazeta do Povo