Apesar de ter sido protocolada antes do 8 de Janeiro, proposta original de perdão recebeu sete apensamentos que ampliam alcance a envolvidos nos ataques. Um desses apensados é do deputado federal paraibano Cabo Gilberto (PL). O discurso formal de Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados sobre a anistia do 8 de Janeiro tem se concentrado nos militantes presos. Mas o projeto de lei articulado na Câmara dos Deputados que propõe perdoar os crimes referentes àquele episódio têm brechas para beneficiar diretamente o ex-presidente.
Como mostra o Placar da Anistia do Estadão, levantamento exclusivo divulgado ontem (23), pelo menos um terço (171) dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados apoia a proposta – um número suficiente para garantir a apresentação da proposta de urgência do projeto de lei no plenário da Casa.
Apesar de o projeto original, proposto pelo então deputado federal Major Vitor Hugo (PL-GO), ter sido protocolado em 24 de novembro de 2022, mais de um mês antes dos ataques aos Três Poderes em Brasília, a proposição recebeu sete apensamentos para abarcar os acontecimentos consecutivos.
Segundo o apensado do deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) propõe anistiar todos os acusados e condenados pelos crimes antidemocráticos ocorridos no 8 de Janeiro. “Vale ressaltar que não estamos propondo uma anistia ampla, mas apenas para esses crimes específicos, dada a impossibilidade de identificar objetivamente a intenção de cometê-los. Permanecendo as acusações e condenações pelos crimes de dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa, porventura ocorridas em razão das manifestações”, afirma o texto.
Apesar das brechas, Bolsonaro e os aliados têm centrado o discurso nos militantes presos e por vezes se esquivado de responder se cabe o perdão ao ex-presidente. Em fevereiro, durante uma ida ao Senado Federal, ele foi questionado se teria votos suficientes para também aprovar a sua própria anistia. Ele respondeu que o seu caso poderia ser resolvido com uma revisão da Lei da Ficha Limpa, e não um projeto de lei para perdoar seus crimes.
“Não é anistia o meu caso. O meu caso é mudar a Lei da Ficha Limpa. Deixa amadurecer um pouquinho mais. O pessoal está entendendo que a Lei da Ficha Limpa é usada para perseguir a direita, só isso”, declarou Bolsonaro na ocasião. Ao contrário do que diz Bolsonaro, PT e PL tiveram quase o mesmo número de candidatos barrados pela Ficha Limpa em 2024.
Redação
More Stories
Damião Feliciano minimiza fidelidade à federação União/PP em 2026, mas aposta em conversas para ‘alguém ceder’
Líder da oposição na ALPB desafia PP sobre critérios para escolha do candidato da federação com União para 2026
Presidente da FIEPB destaca força da indústria regional ao assumir comando da Associação Nordeste Forte