22 de abr de 2025 às 09:19
A Igreja tem muitos costumes e tradições históricas relacionadas ao manuseio dos restos mortais de um papa entre o momento de sua morte e seu sepultamento.
Alguns desses costumes caíram em desuso — como bater três vezes na cabeça do papa com um martelo para confirmar sua morte — ou foram removidos ao longo do tempo por meio de várias reformas papais.
O papa Francisco fez várias mudanças no processo fúnebre na segunda edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis de 1998, livro litúrgico da Igreja para os ritos fúnebres dos papas.
Segundo o mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias da Santa Sé, dom Diego Ravelli, a nova edição do livro litúrgico, lançada no ano passado, foi solicitada pelo papa Francisco pelo desejo de “simplificar e adaptar alguns ritos para que a celebração do funeral do bispo de Roma expresse melhor a fé da Igreja em Cristo ressuscitado, Pastor eterno”.
Na Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, o processo é dividido em três etapas, chamadas “estações”.
Primeira estação
Depois da morte do papa, o diretor dos serviços de saúde do Vaticano, atualmente Andrea Arcangeli, examina o corpo e prepara o atestado de óbito. Ele também providencia a preservação adequada do cadáver para que sua exposição pública possa ser feita “com o maior decoro e respeito”.
Os restos mortais do papa são então vestidos com a batina branca e levados para a capela papal privada para o “rito da constatação da morte e deposição no caixão”, feito pelo camerlengo, que atualmente é o cardeal Kevin Farrell.
Depois das orações, o corpo do papa — vestido com vestes litúrgicas vermelhas, com mitra e pálio — é colocado num caixão de madeira simples com revestimento de zinco, em vez de um esquife elevado, o chamado cataletto (leito de morte), como foi usado pelo papa são João Paulo II e pelo papa Bento XVI.
O círio pascal é colocado perto e aceso para a próxima parte do rito, com a aspersão de água benta sobre o corpo. O caixão com os restos mortais do papa é colocado num local adequado dentro do Vaticano para visitação e oração até ser levado para visitação pública.
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Segunda estação
O segundo passo é a translação ou transporte do caixão em procissão solene até a basílica de São Pedro, onde ele é posto perto do altar principal da basílica, o Altar da Confissão, com o círio pascal, para que o público possa ver o corpo, rezar e se despedir.
Na noite ou em outro momento anterior ao funeral, o caixão é fechado num rito especial. Antes de fechar o caixão, um véu de seda branca é colocado sobre o rosto do papa morto. Um saco com as moedas comemorativas cunhadas em seu pontificado e uma das duas cópias de um “rogito“, documento que resume a vida e as obras do papa, também são colocados no caixão.
O caixão interno de zinco é fechado e selado primeiro e depois o caixão externo de madeira também é fechado e selado.
O funeral, chamado de “Missa poenitentialis”, é celebrado na praça de São Pedro e marca o primeiro dos “novendiales”, nove dias consecutivos de luto pelo papa.
Terceira estação
O caixão com a mortalha é então levado para o local de sepultamento, mais comumente a cripta da basílica de São Pedro, onde é costume que os papas sejam enterrados há mais de um século.
O papa Francisco, no entanto, será sepultado na basílica de Santa Maria Maior a seu pedido, por causa de sua forte devoção a Nossa Senhora. Sete papas foram enterrados na basílica de Santa Maria Maior, o último em 1669, o papa Clemente IX.
O último papa a ser enterrado fora do Vaticano foi o papa Leão XIII, que está na arquibasílica de São João de Latrão em 1903.
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