28 de abr de 2025 às 16:46
O cardeal Giovanni Angelo Becciu desistiu de participar no próximo Conclave.
Segundo a mídia italiana, o ex-vice-secretário de Estado da Santa Sé decidiu retirar seu nome como cardeal eleitor, apesar de ter insistido na semana passada que deveria votar. Ele alegou que não tinha “nenhum impedimento formal” para participar do conclave.
Hoje (28), a palavra na congregação-geral foi dada aos cardeais especialistas em direito canônico e a dom Giuseppe Sciacca, canonista especialista que, no último conclave, foi chamado à Capela Sistina pelo camerlengo para falar sobre as regras de votação aos cardeais.
Pouco antes da reunião da manhã de hoje, o cardeal Becciu se encontrou primeiro com o decano do Colégio de Cardeais, cardeal Giovanni Battista Re, e depois com o ex-Secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin.
A publicação italiana Open disse que “assim que a Congregação começou seu trabalho, ficou imediatamente claro que não havia necessidade de os cardeais discutirem e chegarem a uma votação, porque foi o próprio Becciu quem falou”.
A Open disse também que o cardeal primeiro “se defendeu longamente” contra as acusações pelas quais o tribunal do Vaticano o condenou.
“Mas então anunciou com grande tristeza, e com a voz embargada pela emoção, que havia reconhecido ‘a vontade do papa Francisco’ e, portanto, decidiu retirar-se ‘pelo bem da Igreja'”, diz a reportagem.
Em 2020, o cardeal Becciu renunciou aos seus privilégios cardinalícios depois de acusações de crimes financeiros. Em dezembro de 2023, o cardeal foi condenado por peculato, fraude qualificada e abuso de poder, ficando permanentemente impedido de exercer cargos públicos. O cardeal sempre alegou inocência e está atualmente recorrendo da condenação.
A notícia foi divulgada depois de uma reportagem da revista espanhola Vida Nueva que disse que o Sacro Colégio estava preparado para “colocar em votação se Becciu deveria ou não participar do Conclave”, mas só depois que todos, ou a maioria, dos cardeais eleitores chegassem a Roma.
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O jornal italiano Corriere della Sera disse que a “reunião de esclarecimento” ocorreu hoje na Santa Sé, na congregação-geral, na Aula Paulo VI. O encontro serviu para convencer o cardeal Becciu a “não alimentar mais polêmicas”, disse o jornal.
A disputa sobre sua elegibilidade para votar ameaçava minar a integridade e a legitimidade do conclave.
Vários cardeais, como o cardeal Pietro Parolin, ex-Secretário de Estado da Santa Sé, disseram que o cardeal Becciu era inelegível para votar por ter renunciado aos seus privilégios cardinalícios em 2020, depois de ser acusado de crimes financeiros. Enquanto isso, a mídia italiana noticiou a suposta e não confirmada existência de duas cartas do papa Francisco, a primeira depois da condenação do cardeal Becciu em 2023 e a segunda no mês passado, confirmando a inelegibilidade do cardeal para votar na eleição papal.
Em entrevista coletiva hoje, Matteo Bruni, o porta-voz da Santa Sé, disse que a questão não havia sido deliberada na sessão matinal da congregação-geral e, portanto, nenhuma decisão havia sido tomada. Ele também não soube dizer como a questão seria decidida.
Até o início da noite de hoje, em Roma, o cardeal Becciu não havia emitido nenhuma declaração confirmando sua decisão de não participar. A Santa Sé não deve emitir nenhuma declaração, pelo menos até que o cardeal faça alguma, porque para a Santa Sé a questão nunca existiu, já que as cartas do papa excluíam Becciu a priori.
O cardeal foi meramente convidado a participar das congregações-gerais, como é direito de todos os cardeais, mesmo os mais velhos.
“A renúncia do cardeal não faz sentido para a Santa Sé, e ela não tem obrigação de anunciar a renúncia de algo que nunca lhe pertenceu ou lhe foi devido”, disse uma fonte próxima à Santa Sé ao jornal National Catholic Register, da EWTN. “Era um direito reivindicado só por ele, mas que não podia ser levado em consideração”.
O Register soube ontem que os cardeais ficaram frustrados com a questão e esperavam que ela fosse resolvida rapidamente para que pudessem discutir questões muito mais urgentes sobre o futuro da Igreja.
Na tarde de hoje, espalhou-se a notícia de um comunicado de imprensa iminente do cardeal Becciu, que deveria ser publicado até a noite. No entanto, não está claro se tal declaração será publicada: depois de sair da reunião desta manhã, o cardeal da Sardenha “desligou o telefone e se tornou inacessível”, disse a Open.
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