Pertencer ao Reino de Deus não depende de conhecer a Cristo, diz cardeal na quarta missa pelo papa

29 de abr de 2025 às 16:51

“Pertencer ou não ao Reino de Deus não depende de conhecer explicitamente a Cristo”, disse o arcipreste da basílica de São Pedro, cardeal Mauro Gambetti, em sua homilia na quarta missa do Novendiales pela morte do papa Francisco. “Não é a profissão de fé, o conhecimento teológico ou a prática sacramental que garante a participação na alegria de Deus, mas sim o envolvimento qualitativo e quantitativo na vida humana dos nossos irmãos mais pequeninos”, disse Gambetti.

Interpretando a passagem do Evangelho em que Jesus fala sobre como as ovelhas e as cabras serão separados no juízo final (cf. Mt 25,31-43), o cardeal disse que as ovelhas “não se rebelam, são fiéis, mansas, cuidam dos cordeiros e dos mais fracos do rebanho”. As cabras se referem, segundo o cardeal, àqueles que “querem independência, desafiam o pastor e os outros com seus chifres, saltam sobre outras cabras em sinal de domínio, quando em perigo pensam em si mesmas e não no resto do rebanho, estão destinadas ao fogo eterno”.

Gambetti perguntou aos cardeais reunidos em Roma para o conclave que elegerá o sucessor de Francisco: “Qual dos dois estilos nós incorporamos?”

Para ele, a parábola do Juízo Final “revela a suprema dignidade dos atos humanos, definidos em relação à compaixão, à solidariedade, à ternura e à proximidade na humanidade”.

“Quão atuais são as palavras de Francisco, ditas em conversa com os jesuítas em Lisboa em 2023: ‘Todos são chamados a viver na Igreja: nunca se esqueçam disso'”, disse também Gambetti.

“O caminho da evangelização: abertura sem reservas à humanidade”

O cardeal disse também que quando o livro dos Atos dos Apóstolos diz que “Deus não faz acepção de pessoas”, são Pedro apóstolo “indica o caminho da evangelização: abertura sem reservas à humanidade, interesse gratuito pelos outros, compartilhamento de experiências e aprofundamento para ajudar cada homem e mulher a dar crédito à vida, à graça da criatura”.

Antes de concluir, dizendo que Nossa Senhora “nos mostra o caminho do autêntico discipulado e do anúncio”, o cardeal Gambetti disse que só depois dessa abertura à humanidade “o valor da profissão de fé, da sólida teologia e dos sacramentos que enriquecem a vida no espírito com todas as graças pode ser plenamente realizado para todos”.