30 de abr de 2025 às 13:44
O Colégio dos Cardeais pediu hoje (30) aos fiéis de todo o mundo que rezem por eles, que se preparam para o conclave da próxima semana que vai eleger o próximo papa.
O apelo foi feito quando os cardeais concluíram sua sétima congregação-geral — reuniões diárias que antecederam o início do conclave, programado para quarta-feira próxima (7).
Em comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, os cardeais disseram estar “conscientes da responsabilidade à qual são chamados” e contam com as orações da comunidade global de fiéis.
“Essa é a verdadeira força que, na Igreja, promove a unidade de todos os membros do único corpo de Cristo”, diz a declaração, citando 1 Coríntios 12:12.
“Diante da enormidade da tarefa que nos aguarda e da urgência do tempo presente, é necessário, antes de tudo, tornar-nos humildes instrumentos da infinita sabedoria e providência do nosso Pai celeste, em docilidade à ação do Espírito Santo”.
Os cardeais enfatizaram a importância de ouvir o Espírito Santo em suas deliberações e pediram que Nossa Senhora, a Bem-Aventurada Virgem Maria acompanhe suas orações “com sua intercessão maternal”.
Cardeal Becciu
Hoje, os cardeais também abordaram duas questões processuais, incluindo o número de eleitores e o papel do cardeal Giovanni Angelo Becciu, que na terça-feira desistiu de tentar votar no conclave.
Becciu, o ex-secretário adjunto de Estado da Santa Sé, havia insistido anteriormente em seu direito de voto, mas se afastou “para contribuir com a comunhão e a serenidade do conclave”, segundo a declaração da Santa Sé.
O colégio agradeceu a decisão e disse esperar que “os órgãos competentes da justiça possam apurar definitivamente os fatos”.
Becciu renunciou aos seus privilégios cardeais em 2020, em meio a acusações de má conduta financeira, e foi condenado em dezembro de 2023 por peculato, fraude qualificada e abuso de poder. Ele nega qualquer irregularidade e está recorrendo da condenação.
Cerca de 120 cardeais eleitores
Os cardeais também confirmaram que o papa Francisco dispensou legalmente o limite numérico de 120 eleitores previamente estabelecido pela constituição apostólica Universi dominici gregis, publicada pelo papa são João Paulo II em 1996. O parágrafo 33 do documento limitava o número de cardeais eleitores a 120, o parágrafo 36 da constituição diz que “um Cardeal da Santa Igreja Romana, que tenha sido criado e publicado em Consistório, tem por isso mesmo o direito de eleger o Pontífice”.
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O Colégio de Cardeais disse que o papa Francisco, no exercício de sua autoridade suprema, criou cerca de 120 cardeais eleitores, e os que estão acima desse limite podem votar validamente. O mesmo precedente foi estabelecido pelo papa são João Paulo II, que em fevereiro de 2001 permitiu que o número de cardeais eleitores chegasse a 135.
Até o momento, 133 cardeais eleitores — aqueles com menos de 80 anos — devem participar do conclave. A Santa Sé confirmou ontem (29) que dois dos 135 cardeais eleitores que podem votar não vão comparecer ao conclave por motivos de saúde, embora seus nomes não tenham sido divulgados na ocasião.
Cardeais discutem finanças da Santa Sé
A congregação-geral começou hoje (30) às 9h (4h do horário de Brasília) com 124 cardeais eleitores. Na primeira parte da manhã, foi discutida a situação econômica e financeira da Santa Sé.
O arcebispo de Munique-Freising, Alemanha, cardeal Reinhard Marx, apresentou desafios e propostas sob a perspectiva da sustentabilidade. O camerlengo da Igreja, cardeal Kevin Farrell, falou sobre a atividade de investimentos da Santa Sé; o arcebispo emérito de Viena, Áustria, cardeal Christoph Schönborn falou sobre a situação do Banco do Vaticano; o presidente emérito do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, cardeal Fernando Vergez, falou sobre as atividades do Ggovernatorato e o esmoleiro apostólico, cardeal Konrad Krajewski, falou sobre o Dicastério para a Caridade da Santa Sé.
Outros 14 cardeais fizeram intervenções na congregação-geral falando sobre temas como a eclesiologia do povo de Deus, sinodalidade e colegialidade episcopal, vocações e evangelização, segundo a Santa Sé.
O encontro terminou às 12h30 (7h30 no horário de Brasília) com a oração do Regina coeli.
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Um tempo de discernimento
À medida que o conclave se aproxima, os cardeais enfatizaram que este é um tempo de graça e discernimento para a Igreja.
“O Colégio Cardinalício reunido em Roma, engajado nas congregações gerais em preparação ao conclave, deseja convidar o povo de Deus a viver este momento eclesial como um evento de graça e discernimento espiritual, em escuta da vontade de Deus”, diz o comunicado.
“De fato, [o Espírito Santo] é o protagonista da vida do povo de Deus, Aquele que devemos escutar, acolhendo o que Ele diz à Igreja (cf. Ap 3,6)”.
O conclave está programado para começar em 7 de maio na Capela Sistina, com os cardeais votando em cédulas diárias até que um homem receba a maioria de dois terços de votos.
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