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Melodia da consagração à Nossa Senhora completa 50 anos

Há 50 anos, a compositora e cantora católica Fátima Gabrielli compôs a melodia da consagração à Nossa Senhora, uma oração antiga escrita pelo jesuíta Niccolò Zucchi (1586-1670). Atualmente, a música é cantada em todo o Brasil, nos versos “Ó minha Senhora e também minha Mãe, eu me ofereço inteiramente todo a Vós…”.

“Eu me sinto agradecida” por ter composto a melodia, disse Gabrielli à ACI Digital. “É como se eu pudesse imitar Maria e falar assim: Deus se lembrou da humildade da sua serva. Maravilhas fez por mim o Senhor Deus”.

“É uma canção que está ajudando as pessoas a terem mais fé em Nossa Senhora, a se entregar a Nossa Senhora e a receberem esse carinho dela, esse colo de Nossa Senhora. Muitas pessoas se emocionam quando cantam a consagração à Nossa Senhora”, acrescentou.

Fátima Gabrielli, 66 anos, é casada, tem três filhos e três netos e vive em Caieiras (SP). Ela pertence à União das Mães, do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ela contou à ACI Digital que a história da composição da melodia da consagração à Nossa Senhora começou com uma visita ao santuário da Mãe Rainha, no bairro Jaraguá, em São Paulo, em 1975, quando tinha 16 anos.

“Lá eu ganhei um santinho, uma novena. E tinha uma oração, que era a oração da consagração. Eu comecei a rezar com essa oração, achei muito bonita e pensei que seria legal cantá-la. Eu tinha uma música já pronta, até com outra letra. Comecei a cantar e deu certo, encaixou a melodia com a letra da oração”, recordou.

Fátima cantava a música com o grupo de jovens do qual fazia parte, em Caieiras. “Começamos a cantar durante muitos anos. Aliás, 17 anos” disse, ao destacar que só em 1992 gravou a melodia em uma fita cassete. Segundo ela, foi assim que a canção começou a ser conhecida por outras pessoas, até que, em seguida, a cantora católica Maria do Rosário gravou a música, que depois também foi gravada por padre Antônio Maria.

“E depois muitos outros gravaram Muita gente mesmo. Bandas, cantores, até instrumentistas gravaram essa música”, disse a compositora.

Para ela, essa “é uma música que já se tornou parte das canções católicas no Brasil” e, “às vezes se perde até de onde surgiu, quem compôs, quem cantou”. “É uma música de todos, de todos”, completou.

Fátima disse que, quando as pessoas descobrem que ela é a compositora da melodia, muitas dão testemunhos sobre a canção. “Tem pessoas que vêm me contar que colocaram a música no casamento, na hora da aliança, na entrada da noiva. Eu fico muito feliz. Até na hora da morte tem relatos. Uma pessoa me disse: ‘meu marido, na hora que ele estava morrendo, pediu para eu cantar a consagração à Nossa Senhora’”, contou. “Então, a gente vê que Nossa Senhora atua através dessa melodia, que é uma oração”.

A oração de consagração à Nossa Senhora

Fátima Gabrielli reforçou que compôs só a melodia, embora algumas pessoas acreditem que tenha escrito também a letra. “Na verdade”, ressaltou, a oração de consagração à Nossa Senhora “é muito antiga, foi composta por volta de 1600”.

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A história da oração foi contada no livro Viver de Fé, do padre Josef Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt.

Essa oração “é atribuída a um padre jesuíta, chamado Zuchi”, diz Kentenich no livro. “Aos dez anos de idade, perdeu sua mãe. Levado por profundo impulso religioso, raciocinou nestes termos: Não tenho mais mãe terrena. Que farei? Sem mãe não poderei viver. Consagrar-me-ei por isso à querida Mãe de Deus, far-me-ei total e inteiramente dependente dela”. Então, ele “compôs a oraçãozinha, escrevendo-a com sangue”.

A oração é a seguinte: “Ó minha Senhora, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós e, em prova de minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me, defendei-me como coisa e propriedade Vossa”.

Anos mais tarde, Zucchi se tornou sacerdote jesuíta e, segundo conta o padre Kentenich em seu livro, “antes de morrer, colocou o ponto final em sua consagração, confessando solenemente o seguinte: esforcei-me para viver esta consagração e com suma gratidão tenho de testemunhar, frente à Mãe de Deus, ter-me Ela livrado, durante toda a vida do pecado grave. Ela de fato agiu comigo como sua possessão e propriedade. Agora posso partir para a felicidade eterna, para contemplá-la e nela ser propriedade de Deus eterno, por toda a eternidade”.

Coisa e propriedade

Ao longo dos 50 anos da melodia da consagração à Nossa Senhora, muitas pessoas começaram a modificar a letra e, em vez de “coisa e propriedade Vossa”, dizem “filho e propriedade Vossa” ou “filho consagrado Vosso”. Mas, “na oração está coisa”, enfatizou a Fátima Gabrielli. “Eu só peguei e fiz a melodia em cima da oração”.

Para Fátima, a expressão “coisa e propriedade” tem um significado profundo. “Eu sou mãe, tenho experiência família. A gente sabe que o filho às vezes obedece, às vezes não. Quem é mãe sabe disso. Eles têm vontade própria e obedecem na hora que querem”, disse. “Agora, com uma coisa, eu faço com ela o que eu quiser. A coisa não tem vontade própria”, acrescentou.

“Quando a gente se doa à Nossa Senhora sem vontade própria, imagina o que significa isso para um ser humano, que é cheio de vontade. Se eu sou uma coisa para Nossa Senhora, eu poderia falar para ela assim: ‘Mãe, será que eu devo fazer isso? O que a Senhora acha?’. Eu sou uma coisa na mão dela. Então, Ela que vai mandar na minha vida”, disse.

E, “como Mãe zelosa e amorosa como Nossa Senhora é”, acrescentou Fátima, “Ela vai nos pegar nos braços e vai levar para Jesus, vai interceder por nós”. “Não é bonito? Eu estou oferecendo minha vida, meu ser, para que Ela me transforme num pequenino Jesus”, disse.

A compositora disse que, embora a palavra “coisa” possa ser usada “no sentido pejorativo”, como “uma coisa qualquer”, não é isso que a oração expressa, “nem o que Nossa Senhora quer”. Uma “coisa sagrada, é isso que Nossa Senhora quer que sejamos”, disse. “Ela quer que tenhamos um cuidado com a vida, façamos as coisas certinhas. Não precisamos fazer nada de extraordinário, mas temos que fazer aquilo que Ela quer, que é o que vai ser melhor para mim, que é nos levar até Jesus”.

FONTE: ACI Digital