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Cardeal Czerny disse tremer diante da possível eleição de um papa africano

O principal interlocutor do papa Francisco para questões sobre migrantes publicou artigo no último domingo (4) dizendo que alguns cardeais africanos o fazem “tremer” e que ele acredita que os “conservadores” estão pedindo um papa africano para promover sua própria agenda.

O cardeal Michael Czerny, jesuíta que foi prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé nos últimos anos do pontificado do papa Francisco, fez seus comentários ao jornal americano The New York Times sobre os bispos do continente africano se oporem à agenda LGBTQ.

“Posso pensar em alguns cardeais africanos — eles me fazem tremer”, disse o cardeal Czerny no artigo publicado no último domingo. Quando o jornal perguntou se os católicos conservadores estavam se unindo em torno de um papa africano como um “cavalo de Troia” para promover sua agenda, o cardeal Czerny respondeu: “Certamente, certamente, certamente, e é por isso que é tão, tão, tão burro dizer coisas como ‘chegou a hora da África’ ”.

Não está claro a quais cardeais africanos específicos o cardeal Czerny se referia. Sabe-se que vários são papabili, como o cardeal Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo; o cardeal ganês Peter Turkson, ex-chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, e o cardeal guineense Robert Sarah, prefeito emérito do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé.

Também não ficou claro se os comentários do cardeal foram retirados do contexto em que foram ditos. O cardeal fez comentários semelhantes, porém mais moderados, em outra entrevista à revista jesuíta America, em 30 de abril.

Czerny disse que fica “agitado” quando dizem que é hora de um papa americano, africano ou “das ilhas do Sul”.

“Acho isso uma estupidez. É hora do sucessor de Pedro para 2025”, disse o cardeal. A prioridade, disse também o jesuíta, “é a evangelização; levar o Evangelho à sociedade a tempo e fora de tempo; levar o Evangelho a toda a criação”.

O cardeal canadense de origem tcheca não está disponível para comentários, pois está participando do conclave.

Seus comentários foram feitos antes de declarações feitas pelo bispo de Winona-Rochester, no Estado de Minnesota, EUA, dom Robert Barron, fundador do ministério de mídia católica Word on Fire, que, por outro lado, acredita que a geografia é importante em relação ao papado, especialmente quando se trata da África.

Barron disse a Colm Flynn, da EWTN, na segunda-feira (5), que a Igreja está florescendo na África, especialmente na Nigéria, onde cerca de 94% dos fiéis vão à missa, as vocações estão crescendo e a Igreja está enfrentando perseguição.

“Por que estamos tão preocupados com a Igreja na Alemanha, onde a Igreja está meio que definhando na videira? Por que não estudamos a Igreja nigeriana e vemos o que eles estão fazendo, certo, e vamos imitá-la?”, perguntou o bispo.

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“Então, sim, acho que pode ser o momento africano”, continuou o bispo. “E acho que nos sínodos nos anos de Francisco, os africanos encontraram sua voz de uma maneira nova”, disse também dom Barron.

Encorajar os cardeais africanos

Os comentários do Cardeal Czerny provavelmente encorajarão os cardeais africanos que nunca admitiram tal animosidade em relação às suas posições tradicionais sobre questões morais, especialmente quando se trata de homossexualidade.

Isso ficou claro no furor sobre a Fiducia supplicans, a declaração publicada em 2023 que permite bênçãos não litúrgicas de uniões homossexuais, quando bispos da África rejeitaram o documento da Santa Sé.

Isso também ficou evidente em 2014, quando, no contexto da homossexualidade ser um tabu na África, o cardeal alemão Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos da Santa Sé, causou alvoroço e gerou acusações de racismo (link em inglês) quando disse (e depois negou falsamente) que os africanos não deveriam dizer à Igreja no Ocidente “demais o que fazer” sobre a homossexualidade e outras questões semelhantes atualmente aceitáveis ​​na cultura ocidental secular.

O padre dominicano Anthony Alaba Akinwale, vice-reitor da Augustine University em Ilara-Epe, Nigéria, disse que “algumas pessoas não se sentirão confortáveis ​​com um papa da África”, apesar do fato de a Igreja estar florescendo no continente e isso ser “um motivo de alegria”.

“Algumas pessoas têm a visão herética de que nada de bom pode sair da África”, disse o padre disse ao jornal National Catholic Register, da EWTN. Ele disse não estar preocupado em ter um “papa africano”, mas, sim, dadas as atuais preocupações eclesiais e globais, ele esperava e rezava para que o Colégio dos Cardeais elegesse “um sucessor sábio, santo e muito adequado de são Pedro”.

“Esse sucessor pode vir de qualquer continente. Como Pedro na Primeira Leitura do domingo passado, ele deve ter a coragem de se apresentar diante do Sinédrio de hoje e declarar com ousadia a verdade do Evangelho, mesmo quando não for popular nem ideologicamente conveniente fazer isso”, disse o padre Akinwale.

Jonathan Leidl, editor sênior do jornal National Catholic Register, da EWTN, contribuiu para esta matéria.

FONTE: ACI Digital