10 de mai de 2025 às 14:43
A Santa Sé publicou a imagem do brasão oficial e do lema pontifício de Leão XIV, o mesmo que ele escolheu quando foi nomeado bispo de Chiclayo, no Peru cujos elementos visuais e simbólicos revelam uma forte ligação espiritual e intelectual com santo Agostinho, figura chave na vida e formação do novo papa.
Leão XIV preferiu manter tanto seu escudo episcopal quanto seu lema In Illo uno unum (Nele que é um, somos um). Estas palavras provêm de uma homilia de santo Agostinho sobre o Salmo 127 e expressam uma visão eclesiológica profundamente unitária: “Embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”. Uma declaração que, segundo o Vatican News, reflete claramente a vocação pastoral do novo papa, marcada pela busca da unidade e da comunhão dentro do povo de Deus.
O brasão papal conserva a forma e os elementos essenciais do brasão que o então bispo Robert Prevost adotou em sua consagração episcopal. O brasão está dividido diagonalmente em dois setores: o superior tem um fundo azul e nele está representado um lírio branco; o inferior tem um fundo claro e apresenta uma imagem que remete à Ordem de Santo Agostinho: um livro fechado sobre o qual há um coração transpassado por uma flecha. A imagem remete à experiência de conversão de Santo Agostinho, que ele próprio explicava com as palavras “Vulnerasti cor meum verbo tuo” (Feriste meu coração com a Tua Palavra).
A promoção da unidade é fundamental
Em uma entrevista ao Vatican News, em julho de 2023, o então cardeal Prevost já havia explicado a importância desses símbolos: “Como se depreende do meu lema episcopal, a unidade e a comunhão fazem parte justamente do carisma da Ordem de Santo Agostinho e também do meu modo de agir e pensar. Acredito que é muito importante promover a comunhão na Igreja, e sabemos bem que comunhão, participação e missão são as três palavras-chave do Sínodo”.
“Portanto, como agostiniano, para mim, promover a unidade e a comunhão é fundamental. santo Agostinho fala muito sobre a unidade na Igreja e sobre a necessidade de vivê-la”, acrescentou.
“Tudo tem um significado. É um homem mariano, como já se notou quando rezou a Ave Maria da sacada central da Basílica de São Pedro”, frisou.
Na parte inferior do brasão, explica o especialista, vê-se uma representação que lembra o brasão da ordem de santo Agostinho. O livro fechado representa a Sagrada Escritura e o coração trespassado por uma seta é uma referência direta à frase agostiniana: “Foste um relâmpago no meu coração com a Tua Palavra”. É o símbolo de uma conversão que toca o coração e o inflama com o amor de Deus”, explicou.
O padre Spinelli também destacou que o brasão “expressa perfeitamente a personalidade de santo Agostinho, que buscou a verdade inclusive por caminhos errados até encontrar a Deus e converter-se totalmente a Ele”.
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Com este brasão e lema, Leão XIV declara “a sua fidelidade à tradição da sua ordem” e assegura também “a sua profunda devoção à Virgem Maria”, explica à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o especialista em heráldica eclesiástica, padre Davide Spinelli,
“O lírio branco é um símbolo de pureza e inocência. É um símbolo mariano por excelência e, neste caso, refere-se claramente à devoção do papa à Virgem Maria”, explica o padre Spinelli.
Neste sentido, Spinelli observa que não é por acaso que o papa foi escolhido no dia 8 de maio, data dedicada à Súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, uma oração muito popular escrita pelo beato Bartolo Longo, fundador do santuário.
O perito também observou que não é uma novidade o fato de Leão XIV ter confirmado o brasão anterior, o mesmo que escolheu para a sua consagração episcopal. “Isto é comum entre os papas: manter tanto o brasão como o lema, que neste caso tem uma grande profundidade teológica”, explicou.
Quanto ao lema In Illo uno unum, o padre Spinelli destacou que se trata de “uma expressão tirada de um comentário de santo Agostinho ao Salmo 127 que ‘sintetiza a sua visão’.
“A Trindade é um só Deus em três pessoas; do mesmo modo, a Igreja, embora diversa e por vezes tensionada, é chamada a ser una no amor de Cristo”, disse o heraldista, que salientou ainda a atualidade da mensagem do papa.
“Somente se permanecermos unidos no amor de Cristo é possível a fraternidade e a reconciliação, especialmente nestes tempos complexos em que a Igreja vive. Não é por acaso que a saudação do papa Leão XIV desde a sacada incluía esta definição da Igreja como ponte: chamada a superar as divisões, a ser um lugar de encontro, de misericórdia e de escuta”, concluiu.
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