15 de mai de 2025 às 16:56
O papa Leão XIV pediu a milhares de fiéis orientais do mundo todo que não abandonem suas terras ancestrais e disse que fará tudo o que puder para levar a paz ao Oriente.
“Agradeço a Deus pelos cristãos — orientais e latinos — que, especialmente no Oriente Médio, perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las”, disse ontem (14) o papa. “Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não só com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura. Peço a vocês que se empenhem para isso!”
O encontro com membros das 23 Igrejas Católicas Orientais ocorreu na aula Paulo VI, no Vaticano, como parte de um evento jubilar de três dias com sete liturgias de rito oriental celebradas na basílica de São Pedro e na basílica de Santa Maria Maior. As Igrejas Católicas Orientais seguem o papa, mas mantêm a liturgia e outras práticas semelhantes à Ortodoxia Oriental.
Falando da paz de Cristo como “reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar”, Leão XIV disse: “Farei todo o possível para que essa paz se difunda”.
“Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos!”, disse o novo papa.
O arcebispo metropolitano da arquieparquia católica ucraniana da Filadélfia, Pensilvânia, monsenhor Borys Gudziak, estava na audiência ontem (14) com o papa Leão XIV. Ele disse à CNA, agência em inglês da EWTN, que o povo ucraniano acolheu Leão XIV “com aclamação” em seus primeiros dias.
“Suas primeiras palavras, depois da eleição, no domingo, e as palavras de hoje realmente tocaram os corações das pessoas que estão sofrendo uma brutal agressão genocida” na Ucrânia, disse também o arcebispo.
Gudziak falou sobre as declarações de Leão XIV em sua primeira oração do Regina Caeli, no último domingo (11) , quando o papa, de 69 anos de idade, disse: “Trago no meu coração os sofrimentos do amado povo ucraniano. Que se faça tudo o que for possível para alcançar uma paz autêntica, justa e duradoura o mais rapidamente possível. Que todos os prisioneiros sejam libertados e que as crianças possam regressar às suas famílias”.
Na ocasião, Leão XIV também pediu um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns sequestrados pelo grupo terrorista islâmico Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023 contra Israel. Ele pediu a intercessão de Nossa Senhora Rainha da Paz pela resolução de todos os conflitos do mundo.
Na audiência de ontem (14), o papa falou sobre a esperança da Igreja no poder da ressurreição de Cristo, uma ênfase no período da Páscoa para os cristãos de rito oriental, muitos dos quais vêm de regiões em conflito, como a Terra Santa e a Ucrânia.
“Quem, melhor do que vocês, pode cantar uma canção de esperança mesmo em meio ao abismo da violência?”, perguntou Leão XIV. “Quem, melhor do que vocês, que vivenciaram os horrores da guerra tão de perto que o papa Francisco se referiu a vocês como ‘Igrejas mártires’?”
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“Da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência”, disse também o papa. “Erguendo-se desse horror, do massacre de tantos jovens, que deveria provocar indignação porque vidas estão sendo sacrificadas em nome da conquista militar, ressoa um apelo: o apelo não tanto do papa, mas do próprio Cristo, que repete: ‘A paz esteja convosco!’ ”
O discurso do papa também pediu aos fiéis orientais, que são minorias e uma porcentagem muito pequena da Igreja global, que permaneçam fortes em suas tradições, “sem diluí-las… para que não sejam corrompidos pela mentalidade de consumismo e utilitarismo” predominante no Ocidente.
Falando sobre a contribuição do Oriente cristão, o papa elogiou o senso de mistério nas liturgias, “que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!”
“O papa Leão XIV fez questão de dizer, basicamente, que vocês podem não ser estatisticamente grandes, mas têm um papel único a desempenhar na comunidade católica: permaneçam fiéis às suas tradições”, disse Gudziak.
“O subtexto é que, às vezes, essas Igrejas, muitas das quais são perseguidas, sofrem com a guerra, com o genocídio — Igrejas que foram reduzidas numericamente, Igrejas que correm o risco de desaparecer depois de existirem por 2 mil anos, ainda falando e rezando em aramaico, a língua de Jesus — ele estava dizendo: apeguem-se a esse legado. Precisamos dele. Toda a Igreja precisa dele”, disse também monsenhor Gudziak.
A Igreja precisa do “foco dos ritos orientais na Ressurreição, na experiência cristocêntrica da Igreja”, disse também o arcebispo ucraniano. “Não há Igreja sem Cristo. Não se pode ter só encontros sociológicos. Se Cristo não está presente, não é a experiência da Igreja, não é a experiência da salvação”.
A Divina Liturgia de encerramento do Jubileu dos Cristãos Orientais foi uma liturgia bizantina com as Igrejas Greco-melquita, Greco-ucraniana e Greco-católica Romena, junto com as outras Igrejas do rito bizantino.
Em sua homilia para a liturgia, o arcebispo-Mor de Kiev, monsenhor Sviatoslav Shevchuk, primaz da Ucrânia, disse: “Estamos todos muito tocados pelo encontro com o recém-eleito papa Leão. Esta manhã, nos sentimos acolhidos pelo Santo Padre, consolados em nosso sofrimento… apreciados por nossas antigas tradições cristãs e encorajados em nossa missão evangelizadora que realizamos no mundo contemporâneo”.
Sobre a capacidade do novo papa de promover a paz no conflito russo com a Ucrânia, Gudziak disse que “hoje, muitos dizem que talvez o papa Leão não seja o americano mais poderoso do mundo, mas ele é o americano mais importante do mundo, mesmo que ele não tenha recursos [militares], financeiros ou políticos”.
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