21 de mai de 2025 às 16:05
A Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, também conhecida como o Angelicum, celebra a eleição de Leão XIV com dupla alegria. Ela não é só a universidade onde estudou o atual papa, mas também formou o papa são João Paulo II.
A tese de Leão XIV no Angelicum pode conter pistas sobre como ele vai moldar seu pontificado e liderar a Igreja, dizem professores e alunos.
“Para a nossa universidade, é uma honra indizível termos participado da formação de dois dos últimos quatro papas”, disse o padre dominicano Thomas White, reitor do Angelicum, ao jornal National Catholic Register, da EWTN. “Acho que ainda estamos tentando compreender a misericórdia e a graça imerecida dessa confirmação de que estamos a serviço da formação do pessoal da Igreja”.
Antes de se tornar o papa Leão XIV, o padre agostiniano Robert Prevost estudou no Angelicum de 1981 e 1985, fazendo licenciatura e doutorado em direito canônico.
Em 1987, ele defendeu com sucesso sua tese de doutorado “O Ofício e a Autoridade do Prior Local na Ordem de Santo Agostinho”. Ali, ele escreve fala sobre como “o prior deve se referir a Cristo e à Regra e cultivar um modo de vida altruísta para o serviço do bem comum de todos”, disse o padre White.
“Eu venho lendo a tese dele, e é um trabalho muito maduro de um homem de 30 anos de idade extremamente culto, que leu muito, profundamente meditativo e espiritual, refletindo sobre obediência e autoridade na Igreja Católica”, disse o padre White.
Embora a tese de doutorado se concentre no prior, na regra agostiniana e na comunidade dos frades agostinianos, o padre White disse que “a visão poderia ser estendida até o episcopado em princípio, ou até o papado”.
“Então, é realmente interessante como Deus o preparou para esse tipo de tarefa de ser um líder na Igreja Católica”, disse o padre.
“Ele é uma dessas pessoas que nos ajuda a ver o impacto importante que as universidades e instituições romanas têm, o papel que desempenham na preparação de futuros líderes e, por assim dizer, de ‘protagonistas culturais’ que levam o Evangelho à vida pública do mundo”.
Estudantes ‘seguindo os passos dos gigantes’
Para a comunidade internacional que estuda no Angelicum, inaugurado em 1222 como studium conventuale, ou universidade oficial, dos dominicanos, a conexão especial com o novo papa trouxe uma sensação adicional de entusiasmo e orgulho.
O padre dominicano Chris Gault, estudante de teologia da Irlanda, disse que andar “nos mesmos corredores e nas mesmas salas de aula” cria uma “conexão muito tangível” entre os alunos e o papa.
“É tão surreal. Mas também é muito emocionante, e você sente um grande orgulho de fazer parte da mesma instituição que produziu tantos grandes teólogos e, esperançosamente, santos”, disse o Padre Gault.
Para o padre Gault, isso mostra que “o Angelicum está realmente no coração da Igreja, comprometido com a ortodoxia católica e comprometido com o esplendor da luz de Cristo”.
Reed Robinson, seminarista de Nashville, Tennessee, que estuda teologia no Angelicum, falou sobre a bênção de estudar onde estudaram o papa são João Paulo II e o papa Leão XIV.
“Andar pelos corredores do Angelicum é como caminhar nas pegadas de gigantes, desses dois homens que se tornaram papas e foram chamados para liderar a Igreja”.
Embora a maioria dos estudantes não esteja estudando direito canônico como o padre Prevost, Sofia Engstrand, estudante de filosofia da Suécia, enfatizou o quão especial é receber sua formação no mesmo lugar que o papa — e como isso a torna ainda mais grata por seus estudos.
“Pensar que nosso Santo Padre recebeu a mesma base e formação, a tradição de são Tomás de Aquino e o pensamento de são Tomás de Aquino, é simplesmente incrível”, disse ela.
Não importando de onde vieram, os alunos falaram sobre a grande alegria em saber que estavam seguindo os passos dos que vieram antes deles, entre ele os chamados para liderar a Igreja, e em perceber que suas próprias vidas diárias podem não ser tão diferentes do que eram antes.
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“Isso também aumenta de alguma forma a conexão pessoal com ele, simplesmente pensar: Quando eu tomo um café aqui, talvez ele tenha tomado um café aqui!”, disse Engstrand.
Uma oportunidade e responsabilidade de espalhar a mensagem do papa Leão XIV
Para a comunidade internacional no Angelicum, o primeiro papa dos EUA representa não só um marco histórico, mas um marco da missão universal da Igreja.
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“O papa parece muito consciente de que é o papa de toda a Igreja Católica e não está vinculado a nenhum tipo de nacionalismo excessivo, e acho isso muito importante”, disse o padre White. “É um convite para reconsiderar a própria identidade nacional à luz de Cristo”.
Embora Roma tenha cerca de 20 universidades e institutos pontifícios que dão cursos eclesiásticos em teologia, filosofia, direito canônico e disciplinas relacionadas a seminaristas, clérigos, religiosos e estudantes leigos do mundo todo, o Angelicum é especialmente conhecido por seus programas de graduação em inglês, particularmente em filosofia e teologia.
“Eu acho que, para nós, é obviamente uma oportunidade interessante, e eu diria, na verdade, uma responsabilidade, como instituição bilíngue ou de língua inglesa com muita presença americana, ajudar a ser uma ponte para facilitar a disseminação da mensagem de Cristo e do papa Leão XIV para o mundo em Roma, numa língua que tem, é claro, um lugar muito importante na cultura mais ampla”, disse White.
Para os estudantes, o fato do papa Leão XIV ser americano é histórico — e embora sua nacionalidade tenha pouca importância comparada à missão e tarefa que ele tem pela frente na Igreja, eles esperam que suas habilidades linguísticas deem frutos ricos para a Igreja.
“Somos uma Igreja universal, então a nacionalidade não significa muito”, disse Nikolaus von Brühl, estudante alemão de filosofia. “Mas eu sei que, quando eu era criança, havia um papa alemão, o que foi uma grande coisa para nós. Para mim, especialmente em meus estudos, foi uma grande coisa, porque ele falava e escrevia em alemão, na língua materna dele, na minha língua materna”.
Von Brühl disse esperar que o papa uma parte maior da população americana, já que hoje em dia “o povo americano tem uma grande influência na sociedade e na cultura ocidentais”.
“Para a maioria das pessoas, se o inglês não for sua primeira língua, é a segunda língua”, disse o padre Gault. “A conexão que ele pode fazer em nível mundial — não acho que seja comparável a nada que já existiu antes”.
“Acredito que todas essas coisas acontecem pela providência de Deus. Precisávamos de um papa, nesta época, que tivesse o inglês como primeira língua, e a conexão que isso criará com os anglófonos, para realmente galvanizá-los, não acho que isso possa ser subestimado”.
O papa não só estudou no Angelicum e fala inglês americano, mas também “entende coisas culturais como jogar beisebol quando criança, correr em estilo cross country ou até mesmo comer um cachorro-quente num jogo de beisebol”, disse Reed.
“Então é muito emocionante que o homem que assumiu o cargo, que assumiu o lugar de Pedro me entenda de uma forma que talvez não tivesse entendido no passado”, disse o padre.
Espalhando o pensamento de são Tomás de Aquino
Refletindo sobre como a formação de Leão XIV na universidade administrada pelos dominicanos pode ter impacto e ajudar em seu papado, o padre White disse — enfatizando que ele só pode especular — que “haverá um equilíbrio entre ser consultivo e tomar decisões finais”.
A escolha do nome Leão XIV carrega um peso histórico e simbólico significativo. Tanto para professores quanto para alunos, inspira a esperança de que o novo papa também seja — assim como seu antecessor Leão XIII — um forte defensor do tomismo e da tradição intelectual da Igreja.
“Leão XIII, na Rerum novarum, que Leão XIV já citou, tem uma tipo de visão tomista da natureza humana e dos direitos humanos, dos direitos naturais e da dignidade da pessoa humana feita à imagem de Deus, como uma espécie de centro de foco para a doutrina social da Igreja. Creio que veremos algo disso, ou ouviremos ecos disso, à medida que o papa desenvolver suas doutrinas sobre questões sociais e políticas à luz da dignidade humana”.
“Espero que o papa pregue um pouco mais do tomismo, e espero que o Angelicum ganhe ainda mais alunos. Acho que isso seria um grande presente”, disse Von Brühl.
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