4 de jun de 2025 às 16:22
Na arquidiocese de Nova York, EUA, onde as ordenações sacerdotais diminuíram drasticamente nas últimas décadas, uma nova iniciativa busca reacender vocações. Lançada nos últimos meses, Called By Name (Chamados pelo Nome) é a mais recente tentativa da arquidiocese de despertar o interesse pelo sacerdócio.
“Só dois homens se candidataram ao seminário no ano passado para serem padres diocesanos. Até onde eu sei, esse é o menor número que já vi”, disse o padre George Sears, diretor de vocações da arquidiocese, à CNA, agência em inglês da EWTN.
Na missa no Domingo do Bom Pastor, em 11 de maio, paroquianos de toda a cidade foram convidados a preencher panfletos ou escanear um QR code para indicar jovens que eles acreditam que podem ter vocação para o sacerdócio.
Segundo Sears, cerca de 260 nomes foram enviados desde 11 de maio. Cada indicado receberá uma carta pessoal do arcebispo de Nova York, cardeal Timothy Dolan, convidando-o para um jantar em agosto.
Na arquidiocese de Nova York, o número de padres caiu mais da metade desde 1970, segundo dados publicados (link em inglês) pelo Centro de Pesquisa Aplicada ao Apostolado da Universidade de Georgetown.
Menos homens estão ingressando no seminário e muitas paróquias agora dependem de um único padre para atender comunidades que antes eram compostas por dois padres ou mais. Nos últimos 50 anos, muitas paróquias em Nova York foram forçadas a se fundir ou fechar, deixando comunidades sem um pastor residente.
“Há um medo maior de assumir um compromisso de longo prazo”, especula Sears sobre as causas do declínio de vocações. “Além disso, há a ideia de que, de algum modo, a realização vem de uma determinada lista de checagem, como, por exemplo, minha vida é plena se eu tiver a carreira certa, em vez de a felicidade vir de um relacionamento baseado no amor”.
O padre destacou outros fatores, como o crescente secularismo na sociedade, a migração de famílias católicas do nordeste dos EUA (onde fica Nova York) para outras regiões do país e o impacto persistente da crise de abusos sexuais na Igreja.
“Ainda estamos sofrendo muito com as consequências do escândalo de abusos sexuais”, disse Sears.
Daniel Ogulnick, fiel de pouco mais de 20 anos de idade, que nasceu em Nova York, ouviu falar da iniciativa da arquidiocese pela primeira vez no Domingo do Bom Pastor, na igreja de São José, em Manhattan. Para ele, Called By Name pode não ser suficiente.
“Do mesmo modo que Deus nos chama como indivíduos, talvez a Igreja deva abordar isso por meio de párocos que realmente conheçam os jovens de sua paróquia e reflitam sobre os talentos e dons únicos de cada um”, disse Ogulnick. Ele disse acreditar que uma abordagem mais pessoal pode ser mais eficaz, especialmente para homens como ele, que estão ativamente discernindo uma vocação.
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Sears não discorda, mas enfatizou os limites da situação atual na arquidiocese. “Quando estamos em uma crise de vocações ficamos mais espalhados”, disse ele. Called By Name pode ajudar os padres a cultivar relacionamentos com jovens que estão discernindo o sacerdócio e que, de outro modo, eles não alcançariam, acredita o padre.
“A esperança é que os padres envolvidos nisso possam dizer a todos: Ei, venham… juntem-se a nós. Venham rezar um pouquinho conosco. Conheçam outros homens que também estão curiosos”, disse o padre Sears.
No Seminário St. Joseph em Yonkers, a etapa final da formação para homens que se preparam para ser padres diocesanos em Nova York e único seminário maior ainda em funcionamento no Estado, 18 homens estão atualmente matriculados, embora nem todos estejam estudando para o sacerdócio diocesano.
O bispo auxiliar do Brooklyn, James Massa, que é reitor de St. Joseph, disse que, apesar dos números historicamente baixos de matrículas, os jovens atualmente no seminário estão claramente comprometidos.
“O fato é que a maioria dos homens que entram permanece e é ordenada. Você entra neste seminário e em muitos outros e ouve alegria e risos. É um sinal de vitalidade”, disse Massa.
O reitor adverte sobre a romantização de uma época em que o alto índice de matrículas — chegando a 200 seminaristas em Yonkers — era visto como a única medida de sucesso, embora ele reconheça que aumentar o índice de matrículas ainda é o objetivo.
“Se romantizarmos demais o passado, se pensarmos num seminário como um seminário dos anos 1950, não tenho certeza se é isso que queremos. Queremos mais vocações, sem dúvida. Mas voltar de forma romantizada a um seminário daquele tamanho do passado, acho que é irreal”, disse ele.
Massa disse acreditar que, no cenário atual, um ambiente de seminário menor e mais intencional permite uma formação mais sólida. Com o St. Joseph’s esperando cerca de 60 seminaristas a partir de setembro, a demanda por atenção individualizada já é considerável.
Entre os que estão discernindo o sacerdócio está Zachary Adamcik, jovem de 17 anos, aluno do último ano do ensino médio de Port Jervis, Nova York. Ele se candidatou à Universidade Seton Hall e planeja iniciar sua formação no seminário em St. Andrew’s Hall, em Newark, Nova Jersey, antes de, eventualmente, entrar em St. Joseph’s. Seu objetivo é, eventualmente, se tornar pároco em Nova York.
“Convivi com tantos padres bons na minha vida. A vida paroquial é uma vida muito bonita. Sabe, batizar uma criança um dia e também, infelizmente, sepultar outra. A enorme diversidade de ministérios me atrai muito”, diz Adamcik.
O padre Sears disse que os paroquianos ainda são incentivados a enviar indicações para Called By Name no verão americano e os indicados podem esperar receber um convite pessoal do cardeal para um dos vários jantares e eventos oferecidos pela arquidiocese antes da chegada do outono em Nova York.
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