4 de jun de 2025 às 16:28
O bispo de Charlotte, Carolina do Norte, EUA, Michael Martin, adiou o plano de restringir a missa tradicional em latim em sua diocese, depois de uma semana e meia de reações negativas.
O bispo Michael Martin determinou que um plano para restringir a presença da missa tradicional em latim de quatro igrejas paroquiais a uma única capela designada entrará em vigor em 2 de outubro, segundo reportagem publicada ontem (3) pelo Catholic News Herald, o jornal oficial da diocese. O bispo de Charlotte havia anunciado anteriormente, em 23 de maio, que as restrições entrariam em vigor em 8 de julho.
O Herald disse que Martin fez a mudança depois de aceitar um pedido dos padres das paróquias onde a missa tradicional em latim é atualmente celebrada para adiar as restrições, que ele disse ter programado originalmente para coincidir com as mudanças nas atribuições diocesanas.
“Fazia sentido iniciar essas mudanças em julho, quando dezenas de nossos padres se mudarão para suas novas paróquias e outras atribuições”, disse o bispo ao jornal diocesano. “Dito isso, quero ouvir as preocupações desses paroquianos e de seus padres, e estou disposto a dar-lhes mais tempo para assimilar essas mudanças”.
Martin disse também ao Herald que se as mudanças da Santa Sé exigissem restrições à missa tradicional em latim, a diocese de Charlotte “cumpriria essas instruções”.
A decisão de restringir a missa tradicional em latim em Charlotte foi criticada por ser prematura e desnecessariamente restritiva.
Críticos disseram que a restrição de Martin a uma única capela não paroquial estava sendo feita meses antes do prazo final, em outubro, de uma extensão que a Santa Sé concedido anteriormente à diocese para implementar o motu proprio Traditionis custodes, publicado pelo papa Francisco em 2021, que limita a missa tradicional em latim a igrejas não paroquiais e estabelece a supervisão da Santa Sé.
A nova data-alvo para as restrições à missa tradicional em latim em Charlotte agora se alinha com o prazo original da extensão da Santa Sé, que havia sido pedida pelo ordinário anterior de Charlotte, o bispo Peter Jugis, que se aposentou em abril do ano passado.
A controvérsia aumentou quando normas litúrgicas abrangentes elaboradas por Martin — com a proibição do latim em todas as liturgias diocesanas e a proibição de outras práticas litúrgicas tradicionais, como o culto “ad orientem“, isto é, com o padre virado para o altar e de costas para o público — se tornaram públicas.
Na época, a diocese de Charlotte disse ao jornal National Catholic Register, da EWTN, que o documento, que se aplicaria a todas os formatos da Missa, não só à missa tradicional em latim, era “um rascunho inicial que passou por mudanças consideráveis ao longo de vários meses” e ainda está sendo discutido pelo Conselho Presbiteral Diocesano e pelo Escritório para o Culto Divino da diocese. Dadas as referências ao papa Francisco, o documento parece ter sido redigido antes da morte do papa argentino em 21 de abril.
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“Isso representou um ponto de partida para atualizar nossas normas litúrgicas e métodos de catequese para receber a Eucaristia”, disse Liz Chandler, diretora de comunicações diocesana, Liz Chandler, que disse também que as normas serão “completamente revisadas” segundo as decisões do concílio Vaticano II e a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR).
Embora as mudanças não tenham entrado em vigor, os críticos disseram que a justificativa de Martin para elas não era consistente com as doutrinas da Igreja, como a constituição pastoral do concílio Vaticano II sobre a liturgia, Sacrosanctum Concilium.
Outros levantaram preocupações de que Martin, que celebrou seu primeiro aniversário como bispo de Charlotte em 29 de maio, estava se envolvendo em microgestão desnecessária e não conseguiu ouvir adequadamente as pessoas em sua diocese.
Além de dar mais tempo às comunidades afetadas para aceitar as mudanças na missa tradicional em latim em Charlotte, Martin disse ontem (3) em e-mail aos padres diocesanos que o atraso “permite mais tempo para a transição e para a reforma de uma capela designada para a comunidade da missa tradicional em latim”, segundo o Herald.
A diocese está destinando US$ 700 mil (cerca de R$ 3,9 milhões) para reformas da capela designada para a missa tradicional em latim, que antigamente era a sede do Freedom Christian Center, uma comunidade protestante.
O Herald descreveu a capela de Mooresville como “estrategicamente localizada” entre os dois maiores centros populacionais da diocese, mas críticos disseram que ela fica a cerca de duas horas de carro de St. John the Baptist em Tryon, uma das quatro paróquias onde a missa tradicional em latim será proibida a partir de 2 de outubro.
A diocese diz que cerca de 1,1 mil pessoas participam da missa tradicional em latim em Charlotte a cada semana.
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