5 de jun de 2025 às 17:13
No Seminário Maior Santo Toribio de Mogrovejo, em Chiclayo, Peru, dois solidéus estão preservados numa vitrine: um pertenceu ao papa Francisco; o outro, ao hoje papa Leão XIV quando ele ainda era bispo no Peru.
“Esses objetos litúrgicos simbolizam a proteção divina e a dedicação que só se deve a Deus”, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, o padre Marcos Ballena, administrador e também formador do seminário desde que Prevost assumiu a liderança da diocese de Chiclayo, há dez anos.
Robert Prevost, hoje papa Leão XIV, foi bispo de Chiclayo de 2015 a 2023 e deixou uma marca profunda na formação sacerdotal, pois, segundo o padre Ballena, como bispo ele “foi o principal promotor das vocações sacerdotais” no norte do Peru.
O padre Ballena diz que “o seminário tem sido uma prioridade para Robert, porque forma não só seminaristas de Chiclayo, mas também de Chota, Chachapoyas e Chimbote”.
“Ele também era uma pessoa preocupada com a formação, com o sucesso dos projetos do seminário, com a obtenção de livros. Quando fazíamos nossos retiros… dedicávamos uma meditação a ele para que pudesse indicar aos jovens por onde deveriam caminhar”, diz o padre.
Ballena diz também que o então bispo Provost “aproveitava suas escapadas para conversar com os diáconos… pelo menos uma vez por ano ele falava com os seminaristas”.
“Quando havia retiros para ordens de diácono ou sacerdócio, ele vinha para fazer uma das meditações ou palestras e dizia: Meu escritório está aberto a qualquer pessoa que queira falar. Seu escritório podia ser um banco, uma sala de espera, até mesmo seu carro”, diz o padre Ballena.
Atualmente, o seminário de Chiclayo tem 31 seminaristas.
O seminarista Fabián Rosado Nolasco registrou o momento em que os seminaristas começaram a gritar e pular ao ver a transmissão de Roma. Nascido em Piura e membro da diocese de Chimbote, Fabián falou sobre uma lembrança muito pessoal.
“Mandaram-me e a outros dois seminaristas para o bispado… ficamos um pouco envergonhados, mas ele disse uma frase que tem repetido ultimamente: Para vocês, eu sou o bispo, mas com vocês, eu sou um cristão. Então, levo comigo a lembrança de um papa muito próximo… um pai para todos, que ouve e sempre apoia”, disse Rosado.
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Há alguns dias, Fabiano recebeu uma mensagem escrita de Leão XIV: “A Fabiano, com minha bênção”.
Outro seminarista, John Sánchez, da diocese de Chiclayo, diz que conheceu Prevost como acólito. “Eu o conheci quando era acólito, em 2017… Pensei que fosse padre, mas depois me disseram: é o bispo. Ele era muito próximo dos acólitos; às vezes nos fazia rir e nos cumprimentava”, diz Sánchez.
A vocação do bispo Prevost também influenciou sua ordem religiosa, a Ordem de Santo Agostinho. O padre Luis Fernando Oblitas, conhecido como Irmão Pipe que atualmente é religioso agostiniano no Colégio Santo Agostinho em Chiclayo, foi ordenado diácono e sacerdote pelo então bispo.
Um dia, ele veio para uma cerimônia de crisma, e eu lhe disse: Monsenhor, já fui aprovado para o sacerdócio. Gostaria de ser ordenado aqui. Ele me disse: E quem vai ordená-lo? E eu disse: O senhor, monsenhor. Ele respondeu: Ah, eu! Que honra!
O gesto que mais o marcou ocorreu depois da missa de ordenação.
“Fiquei surpreso porque ele disse: Quero aproveitar meu privilégio como bispo ordenante e quero pedir a sua primeira bênção. Ele se ajoelhou, e eu lhe dei a bênção… Fiquei profundamente comovido ao ver um bispo se ajoelhar diante de mim. Um gesto que diz muito sobre ele, sobre sua humildade”, disse o padre Oblitas.
O Irmão Pipe conhece Leão XIV desde 2012, quando o atual papa era prior-geral dos Agostinianos. Ele diz que o lema papal “In Illo uno unum” (Nele, que é um, somos um) reflete o carisma agostiniano que o papa continuou a viver: “unidade na Igreja”.
No sábado passado (31), o papa Leão XIV ordenou 11 novos padres para a diocese de Roma na basílica de São Pedro, no Vaticano. Em sua homilia, ele lhes disse: “Juntos, então, reconstruiremos a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, dentro de uma criação ferida”.
Leão XIV concluiu com uma frase que já está se tornando a marca registrada de seu pontificado: “Não somos ainda perfeitos, mas é necessário ser críveis”.
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