7 de jun de 2025 às 17:47
Ao celebrar a Vigília de Pentecostes hoje (7), na Praça de São Pedro, no Vaticano, no âmbito do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades, o papa Leão XIV disse que “num mundo dilacerado e sem paz, o Espírito Santo educa-nos verdadeiramente a caminhar juntos”.
Leão XIV chegou à Praça de São Pedro, que se encontrava cheia de fiéis e peregrinos, por volta das 20h (hora de Roma), para celebrar esta vigília pela primeira vez no seu pontificado, depois de ter sido eleito em 8 de maio.
No início da missa cantou-se o Veni creator Spiritus (Vinde Espírito criador), enquanto os representantes dos movimentos, associações e novas comunidades se aproximavam do círio pascal, levando sete lâmpadas acesas.
No início da homilia, Leão XIV recordou que “o Espírito criador que invocamos no canto – Veni creator Spiritus – é o Espírito que desceu sobre Jesus, o protagonista silencioso da sua missão: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim’’”.
“Ao pedirmos que visite as nossas almas, multiplique as línguas, ilumine a nossa mente, infunda o amor, fortaleça os corpos, dê a paz, abrimo-nos ao Reino de Deus”, disse.
O papa destacou que “essa é a conversão segundo o Evangelho: voltarmo-nos para o Reino que já está próximo. Em Jesus vemos e d’Ele ouvimos que tudo se transforma, porque Deus reina, porque Deus está perto”.
“Nesta vigília de Pentecostes, estamos profundamente envolvidos na proximidade de Deus, pelo seu Espírito que une as nossas histórias com a de Jesus. Isto é, estamos envolvidos nas coisas novas que Deus faz, para que a sua vontade de vida se realize e prevaleça sobre os desejos de morte”, disse.
“Investidos de um Espírito de unidade”
O papa Leão XIV recordou então que “o Batismo e a Confirmação” nos uniram “à missão transformadora de Jesus, ao Reino de Deus”.
“Assim como o amor torna familiar o perfume de uma pessoa querida, reconhecemos, nesta noite, o perfume de Cristo uns nos outros. É um mistério que nos maravilha e nos faz pensar”, disse.
“No Pentecostes, Maria, os Apóstolos, as discípulas e os discípulos que estavam com eles foram investidos de um Espírito de unidade, que enraizou para sempre as suas diversidades no único Senhor Jesus Cristo. Não muitas missões, mas uma única missão. Não introvertidos e conflituosos, mas extrovertidos e luminosos”, ressaltou.
O papa destacou ainda que “esta Praça de São Pedro, que é como um abraço aberto e acolhedor, expressa de modo magnífico a comunhão da Igreja, vivida por cada um de vós nas diversas experiências associativas e comunitárias, muitas das quais representam frutos do Concílio Vaticano II”.
“Deus não é solidão”
Ao recordar a tarde em que foi eleito papa, em 8 de maio, disse: “Olhando com emoção para o povo de Deus aqui reunido, lembrei da palavra “sinodalidade”, que expressa muito bem o modo como o Espírito molda a Igreja.”.
“Nessa palavra, ressoa o syn – o “com” – que constitui o segredo da vida de Deus. Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e Espírito Santo – e é Deus conosco”.
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“Ao mesmo tempo, sinodalidade recorda-nos o caminho – odós – porque onde está o Espírito, há movimento, há caminho. Somos um povo em caminho. Essa consciência não nos afasta, mas faz-nos mergulhar na humanidade, como o fermento, que leveda toda a massa”.
Leão XIV frisou que “o ano da graça do Senhor, do qual o Jubileu é expressão, traz em si este fermento. Num mundo dilacerado e sem paz, o Espírito Santo educa-nos verdadeiramente a caminhar juntos. Se não nos movermos mais como predadores, mas como peregrinos, a terra descansará, a justiça prevalecerá, os pobres se alegrarão e a paz voltará.”.
“Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os passos dos outros. Não consumindo o mundo com voracidade, mas cultivando e cuidando dele, como nos ensina a Encíclica Laudato si”.
“Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos”
Ao dirigir-se mais diretamente às várias realidades eclesiais reunidas na Praça de São Pedro, o papa recordou que “Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos” e que “‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência”.
“É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo, fora do qual tudo murcha, mesmo o mais original dos carismas”, disse.
“Reparai: toda a criação existe somente na modalidade do estar juntos, às vezes com perigos, mas sempre um estar juntos (cf. Laudato si’, 16; 117). E o que chamamos de “história” toma forma somente na modalidade do reunir-se, do viver juntos, muitas vezes cheio de dissídios, mas sempre um viver juntos. O contrário é mortal, mas, infelizmente, está diante dos nossos olhos, todos os dias”.
“Que as vossas agregações e comunidades sejam ginásios de fraternidade e participação, não apenas como locais de encontro, mas como lugares de espiritualidade”.
Leão XIV aos movimentos, associações e novas comunidades: Estejam “em torno dos vossos bispos”
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O papa recordou que a evangelização “não é uma conquista humana do mundo, mas a graça infinita que se difunde a partir de vidas transformadas pelo Reino de Deus. É o caminho das Bem-aventuranças, uma estrada que percorremos juntos”.
“A evangelização é obra de Deus”, reiterou, “e, se por vezes passa através de nós, é pelos laços que ela torna possíveis”.
E assim, encorajou os movimentos, associações e novas comunidades a estarem “profundamente ligados a cada uma das Igrejas particulares e comunidades paroquiais onde alimentam e gastam os seus carismas”.
“Em torno dos vossos bispos e em sinergia com todos os outros membros do Corpo de Cristo, agiremos, então, em harmoniosa sintonia”, enfatizou.
“Se juntos obedecermos ao Espírito Santo, os desafios que a humanidade enfrenta serão menos assustadores, o futuro menos sombrio e o discernimento menos difícil!”, disse.
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