17 de jun de 2025 às 16:20
O papa Leão XIV recebeu hoje (17) no Vaticano os membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), com quem falou sobre quatro “coordenadas” para ser uma Igreja que encarna o Evangelho: proclamação do Evangelho, paz, dignidade humana e diálogo.
No início de seu longo discurso, depois das boas-vindas do arcebispo de Bolonha, cardeal Matteo Zuppi, presidente da CEI, o papa agradeceu aos membros da CEI pelas orações, falando sobre o vínculo da Igreja na Itália e a Santa Sé, uma relação “comum e particular”.
O papa se concentrou nos princípios de colegialidade desenvolvidos pelo Concílio Vaticano II, exortando os membros da CEI a viverem essa unidade em seu ministério e também com o sucessor de Pedro.
Leão XIV citou então os desafios que a Igreja enfrenta na Itália: “o secularismo, um certo distanciamento da fé e a crise demográfica”.
Reavivando “o vínculo privilegiado entre o papa e os bispos italianos”, ele destacou algumas “preocupações pastorais” que exigem reflexão, ação concreta e testemunho evangélico.
Jesus Cristo no centro
Primeiro, o papa enfatizou que “é necessária uma renovação do impulso de proclamar e transmitir a fé”.
“Num tempo de grande fragmentação, é necessário retornar aos fundamentos da nossa fé, ao querigma”, disse Leão XIV. “Esse é o primeiro grande compromisso que motiva todos os outros: levar Cristo nas veias da humanidade, renovando e partilhando a missão apostólica”.
Leão XIV encorajou os membros da CEI a discernir maneiras de alcançar as pessoas “com ações pastorais capazes de alcançar os mais distantes e com instrumentos adequados para renovar a catequese e a linguagem do anúncio”.
O papa citou especificamente as periferias urbanas e a necessidade de levar a paz a esses lugares, em que “uma Igreja capaz de reconciliação deve ser visibilizada”, convidando cada diocese a promover caminhos de educação à não-violência e a que cada comunidade se torne uma “casa de paz”.
“A paz não é uma utopia espiritual: é um caminho humilde, feito de gestos cotidianos, entrelaçando paciência e coragem, escuta e ação”, disse Leão XIV. “E hoje, mais do que nunca, exige a nossa presença vigilante e geradora”.
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Dignidade humana
O papa citou vários fatores que estão transformando a sociedade, como a inteligência artificial, a economia e as mídias sociais. Para Leão XIV, nesse cenário, “a dignidade do ser humano corre o risco de ser nivelada ou esquecida, substituída por funções, automatismos e simulações”.
“Mas a pessoa não é um sistema de algoritmos: é uma criatura, uma relação, um mistério”, disse o papa. “Permitam-me, então, expressar uma esperança: que o caminho das Igrejas na Itália inclua, em simbiose coerente com a centralidade de Jesus, a visão antropológica como instrumento essencial de discernimento pastoral”.
Diante do perigo de a fé se tornar “desencarnada”, o papa recomendou aos membros da CEI que “cultivem uma cultura do diálogo” entre as diferentes gerações, “porque só onde há escuta pode nascer a comunhão, e só onde há comunhão a verdade pode se tornar credível”.
“Anúncio do Evangelho, paz, dignidade humana, diálogo: essas são as coordenadas através das quais vocês podem ser uma Igreja que encarna o Evangelho e é sinal do Reino de Deus”, enfatizou Leão XIV.
Caminho sinodal
No fim de seu discurso, o papa encorajou os membros da CEI a manterem a unidade enquanto olham para a jornada sinodal: “Permaneçam unidos e não se defendam das provocações do Espírito”.
“Que a sinodalidade se torne uma mentalidade, um coração, um processo de tomada de decisão e um modo de agir”, disse também Leão XIV.
Ele também os exortou a olhar para o futuro com serenidade, pedindo-lhes que não tenham medo de tomar decisões corajosas, e de “caminhar com os últimos e servir os pobres”.
“Ninguém poderá impedir vocês de anunciar o Evangelho, e é o Evangelho que somos enviados para levar, porque é disso que todos nós, antes de tudo, precisamos para viver bem e ser felizes”, disse o papa.
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Leão XIV também pediu que os bispos cuidassem dos fiéis leigos e os tornassem “protagonistas da evangelização” em todos os âmbitos da vida.
“Caminhemos juntos, com alegria no coração e cântico nos lábios. Deus é maior que as nossas mediocridades: deixemo-nos atrair por Ele! Confiemos na Sua providência”, concluiu o papa.
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