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Com novos acordos e fiasco chinês, EUA tentam virar o jogo nas pequenas ilhas do Pacífico

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As pequenas ilhas do oceano Pacífico são um dos focos da
batalha geopolítica entre Estados Unidos e China, na qual buscam aumentar sua
influência política, comercial e militar. No ano passado, quando os chineses
assinaram um acordo de segurança com as Ilhas Salomão, a impressão era de que
Pequim estava levando a melhor nessa briga. Agora, os americanos é que vêm
comemorando vitórias na região.

Em maio, os Estados Unidos assinaram um pacto de segurança
com Papua Nova Guiné e anunciaram a renovação dos chamados Pactos de Livre
Associação (Cofa, na sigla em inglês) com Palau e Micronésia, compromisso
firmado com os dois pequenos países e as Ilhas Marshall (com quem as conversas
para renovação continuam) desde os anos 1980.

Pelos Cofa, os Estados Unidos fornecem assistência
financeira a esses pequenos estados do Pacífico e cuidam da sua defesa
internacional.

“No total, os Estados Unidos destinarão US$ 7,1 bilhões aos
Estados Livremente Associados [como é conhecido esse grupo de três países] nos
próximos 20 anos. É um investimento para o futuro que compartilharemos no
Pacífico, definido pela paz, pela liberdade, pela democracia, pelo Estado de Direito”,
afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em visita à região no
mês passado.

“Aprimorar nosso relacionamento especial com os Estados
Livremente Associados é uma parte decisiva do nosso esforço, e esperamos dar
muitos outros passos juntos quando recebermos nossos parceiros das ilhas do
Pacífico em Washington ainda este ano”, acrescentou Blinken.

Desde o ano passado, os Estados Unidos inauguraram novas
embaixadas em Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Tonga, e o secretário de Estado
informou que novas representações devem ser inauguradas em breve em Vanuatu e
Kiribati.

Outros esforços americanos para ganhar influência na região
foram o retorno do Peace Corps, agência que ajuda países em desenvolvimento, e ações
para aumentar investimentos privados nas pequenas ilhas do Pacífico.

Por outro lado, a China, apesar da assinatura do acordo de
segurança com as Ilhas Salomão em 2022, vem amargando fiascos na região. No ano
passado, Pequim recebeu uma negativa ao tentar um acordo comercial e de segurança
com dez nações insulares do Pacífico.

Para piorar, no começo desse mês, o governo de Fiji informou
que está reconsiderando um acordo de cooperação policial com a China assinado
em 2011 – e sinalizou que até pretende rescindi-lo. Dias depois, Fiji assinou
um acordo de segurança com a Nova Zelândia.

Em um artigo no site The Diplomat, o analista político Grant
Wyeth argumentou que a postura agressiva da China no Pacífico pode estar assustando
os países da região e os afastando dos compromissos que Pequim quer que assinem.

Ele citou o exemplo do ex-presidente da Micronésia, David
Panuelo, que no início do ano, quando ainda ocupava o cargo, escreveu uma carta
para outros líderes políticos do país na qual descreveu o comportamento chinês
na região como uma “guerra política”.

“Panuelo observou que o comportamento do PCCh [Partido
Comunista Chinês] – intimidação e desrespeito, assédio constante sobre ele por
parte do embaixador chinês (a ponto de ter que mudar seu número de telefone) e
agentes que o seguiram quando esteve em Fiji, a invasão chinesa de águas
territoriais da Micronésia, ameaças aos barcos-patrulha do país e pagamento de
propina para políticos locais – é da natureza do partido. O PCCh é um partido
que não entende que isso seja mau comportamento ou não se importa”, afirmou
Wyeth.

O analista político destacou que Pequim enxerga “os habitantes das ilhas do Pacífico como subordinados, em vez de parceiros”, o que atrapalha sua tentativa de ganhar influência numa região em que os países “estão profundamente comprometidos com um sistema internacional que protege a soberania dos Estados, independentemente do tamanho de cada um”. Nesse vácuo de insatisfação, os americanos ganharam uma chance real de virar o jogo.

FONTE: Gazeta do Povo