Filipe Luís terá nesta quarta-feira (2) seu primeiro desafio como técnico do Flamengo. O Rubro-Negro enfrenta o Corinthians, no Maracanã, pela primeira partida das semifinais da Copa do Brasil, com bola rolando às 21h45 (de Brasília).
O ex-lateral se aposentou dos gramados em dezembro de 2023, treinou as equipes sub-17 e sub-20 do Flamengo até chegar à equipe principal, após a demissão de Tite. História muito semelhante a de Paulo César Carpegiani em 1981, ano histórico para a história do clube.
Aposentado poucos meses antes, Carpegiani assumiu o comando do Flamengo em julho de 1981, após a saída de Dino Sani, e conseguiu um rápido sucesso. Em cinco meses, o treinador conquistou o Campeonato Carioca, a CONMEBOL Libertadores e o Mundial de Clubes, à época disputado em outra fórmula.
“Eu tinha sido chamado para ser auxiliar do Dino Sani no Flamengo, um pouco mais de dois meses após ter me aposentado. Em uma partida de Libertadores, o Dino teve uma discussão com o Mozer e se excedeu próximo à imprensa. Com isso surgiu uma crise, que foi o suficiente para a saída dele. E aí no dia seguinte eu recebi o convite para ser o treinador e aceitei. Sabia das dificuldades que poderia ter, porque ser treinador do clube de maior expressão do Brasil é muita responsabilidade”, contou Carpegiani, em entrevista exclusiva à ESPN.
O campeão mundial comparou sua experiência com o que acontece agora com Filipe Luís, que assumiu o comando rubro-negro na saída de Tite, e elogiou o ex-lateral.
“Nas suas entrevistas, eu tenho notado que há um enorme entusiasmo, até uma ansiedade por sua estreia. É uma pessoa que tem uma didática boa, se expressa bem, mas ele vai ter que demonstrar exatamente os resultados. Para dar prosseguimento, para ter a sequência do trabalho, independente de como ele quer, os resultados vão ter que aparecer, para que não tenha problemas”, disse o antigo treinador.
No entanto, Carpegiani indicou cuidados a Filipe Luís e pediu “precaução” com seu início de trabalho.
“Uma coisa que vejo com certa precaução, é que ele disse que a ofensividade vai ser a tônica do trabalho dele. E, se nós transferirmos isso para aquilo que é o futebol realmente, o que é uma partida de futebol, ele pode até ter razão. Uma partida nada mais é do que uma imposição de um estilo de jogo sobre o outro. Muitas vezes você perde o jogo tentando se impor, dominando o jogo, mas em um contra-ataque você pode perder. Eu prefiro perder dessa forma”, disse Paulo César Carpegiani.
“Agora, essa ofensividade que ele frisa bem, exige um cuidado muito grande. Por quê? O Flamengo possui uma torcida muito exigente, uma torcida que empurra de forma natural o time para cima do adversário. E essa ofensividade pode te causar problemas, porque lá atrás pode ficar desguardado. Essa retaguarda também é muito importante”, continuou o técnico.
“Eu posso falar minha equipe de 1981, para fazer essa comparação, que também sentia isso. Eu tinha um time altamente técnico, e tinha que tirar proveito disso. Daí vem aquilo que é a base de tudo para mim e das equipes que montei, que é compactação. Se eu jogasse de alguma maneira diferente, de só querer ser agressivo, eu ia ter dificuldade. Se ele fizer só com base na ofensividade, ele vai ter dificuldade. E eu acredito que ele não deva estar pensando nisso”, complementou.
Com todos os títulos no comando da equipe rubro-negra, Carpegiani indicou o que pode ajudar Filipe Luís a ter sucesso no Flamengo e o aconselhou sobre o desafio que se inicia agora.
“Que ele consiga realmente se impor dentro de campo, que é fundamental. Que ele tenha muito boa sorte e que ele vai marcar história não dizendo que quer o Flamengo do Filipe Luís, como ele disse na entrevista. O Flamengo é muito grande para isso. Ele vai marcar história é conseguindo os resultados lá na frente. Então, que ele tenha um pouco de humildade agora, que realmente tenha esse trabalho para que ele possa demonstrar tudo aquilo que ele sabe”, concluiu Carpegiani.
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