Luiz Flávio de Oliveira apita, e com ele libera um vazio imensurável que transborda o Nilton Santos. Era uma sexta-feira, noite quente de 5 de fevereiro de 2021, e o Botafogo estava rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro ao perder para o Sport por 1 a 0, gol de pênalti de Iago Maidana.
Jogar a segunda divisão nem era novidade. Infelizmente para os alvinegros, essa era uma trilha que o clube havia percorrido outras vezes, mas não a ponto de querer voltar. Pior: muitos duvidavam se seria possível sair dela tão cedo.
O tempo passou. Tristezas, derrotas, sofrimento e angústia aos poucos foram curadas. E, 1.394 dias depois, o Botafogo vive uma noite diferente. Não no Nilton Santos, mas no Monumental de Núñez. Não contra o Sport, mas sim o Atlético-MG. E sem pranto pelo rebaixamento, mas choro pelo inédito título da CONMEBOL Libertadores.
Como muitas trajetórias de sucesso na vida e no esporte, a do Botafogo precisou atingir o fundo do poço antes de melhorar. Rebaixado em fevereiro de 2021, o clube começou terrivelmente mal a Série B meses depois, embora tenha, a partir da chegada de Enderson Moreira, encontrado uma maneira de subir.
Só que apenas o acesso não era o bastante para recolocar o clube da Estrela Solitária no protagonismo que ele merecia. Dívidas que logo se tornariam bilionárias batiam à porta e minavam qualquer chance de estruturação rápida fora de campo, além do grau de competitividade nas quatro linhas.
Até que a resposta apareceu em março de 2022. Empresário dos Estados Unidos, mas já envolvido no mundo do futebol, John Textor topou investir R$ 400 milhões para adquirir 90% da SAF botafoguense, única saída para vislumbrar dias melhores. E, acreditando ou não, fez uma promessa que se cumpre hoje.
“Vim para construir um time campeão e farei o meu melhor para isso. Vamos trabalhar todos os dias para levar o Botafogo de volta ao seu lugar na história”, falou o investidor.
O primeiro ano ofereceu poucos resultados. As coisas melhoraram na temporada seguinte, quando nem o mais pessimista torcedor imaginava que o Botafogo perderia o título brasileiro depois de tanta gordura acumulada. Aconteceu, de maneira dolorida.
Até que 2024 chegou para curar feridas. Da fase prévia da Libertadores, o Botafogo foi passando como quem não quer nada. Chegou à fase de grupos como, de novo, alguém que não parecia almejar muito mais. Só que, quanto mais as pessoas desconfiam, mais aparece a força interior para dar uma resposta.
Palmeiras, São Paulo, Peñarol e agora Atlético-MG sentiram o dissabor de cair no caminho botafoguense rumo à Glória Eterna. Sim, para levantar sua primeira Libertadores, o Glorioso precisou passar por camisas pesadas e já campeãs do continente. Fez com todos os méritos e ganhou o direito de levantar o troféu, em uma história que chegou ao ápice, embora não tenha terminado.
Daqui quatro dias, Artur Jorge e companhia têm a chance de ganhar o Brasileirão e adicionar mais um troféu à história de reconstrução. E outras portas se abrem para o futuro: Copa Intercontinental, CONMEBOL Recopa, até mesmo o Mundial de Clubes.
Claro, ganhar tudo é improvável, ainda mais com gigantes da Europa no caminho. Mas nunca é bom duvidar da força de quem saiu da lama para a Glória Eterna.
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