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Guterres critica anúncio russo de oferecer grãos “gratuitamente” a países africanos

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou nesta quinta-feira (27) a oferta da Rússia de distribuir grãos “gratuitamente” a vários países africanos. Guterres disse que “um punhado de donativos” não irá contribuir para a redução dos preços mundiais dos cereais.

A iniciativa russa havia sido anunciada mais cedo na cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, onde o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que, nos próximos três a quatro meses, a Rússia está disposta a fornecer “gratuitamente” a Burkina Fasso, Zimbabué, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia entre 25 mil e 50 mil toneladas de grãos.

“Não é com um punhado de donativos que vamos corrigir o impacto dramático [do aumento dos preços dos grãos] que afeta todo mundo em todas as partes”, declarou Guterres, depois de lamentar a saída da Rússia do acordo do Mar Negro, que prejudicou as exportações de grãos da Ucrânia.

“A retirada de milhões e milhões de dólares de grãos do mercado leva a preços mais elevados do que os que seriam praticados com o acesso normal dos cereais ucranianos ao mercado internacional. Este impacto será pago por todos e, em particular, pelos países em desenvolvimento e pelas populações mais vulneráveis”, afirmou Guterres, que defendeu o retorno dos russos ao acordo.

Horas após a crítica de Guterres, o porta-voz dele, Stephane Dujarric, reafirmou a crítica do secretário-geral, dizendo que a oferta russa pode ser boa “para esses países, mas não substitui os milhões e milhões de cereais ucranianos que deixaram de estar no mercado e o impacto negativo que isso está tendo no mercado alimentar mundial”.

A Rússia se retirou dos acordos oficialmente conhecidos como Iniciativa do Mar Negro, mediados por Turquia e ONU, em protesto contra o fato de, apesar de facilitarem o fluxo de grãos ucranianos para o mundo, não terem conseguido desbloquear totalmente as exportações russas de alimentos e fertilizantes, embora tenha prometido retornar se os obstáculos aos seus produtos forem eliminados.

FONTE: Gazeta do Povo