Lesões no ligamento cruzado do joelho são sempre dramáticas para jogadores de futebol. O tempo de recuperação é longo e o retorno aos gramados nem sempre é fácil – isso até mesmo para atletas que atuam em clubes de elite, com grande estrutura. Imagine, então, ter de tratar esse grave problema sem apoio, praticamente por conta própria. Foi o que aconteceu com o zagueiro Matheus Vieira, de 23 anos, que tem passagens por São Paulo e Cruzeiro.
Matheus machucou o joelho esquerdo em 2023, em um treinamento, antes de estrear pelo São Caetano na Série A2 do Paulistão daquele ano. Sem ainda ter assinado contrato com o clube, precisou ser operado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e fez a recuperação com poucos recursos, chegando a treinar sozinho por um período. Dois anos depois, ele atualmente tenta retomar a carreira no Ellera Calcio, time da quinta divisão da Itália.
“Não tinha contrato assinado [quando machuquei], só acordo verbal [para assinar depois]. Não tive um suporte de recuperação e fisioterapia quando machuquei. Precisei dar meus pulos. Tive dificuldade. Pensei se ia voltar, se ia conseguir fazer a cirurgia. Um médico do clube (São Caetano) conseguiu contato com um hospital do SUS, falou com o pessoal e pude fazer a cirurgia”, contou, em entrevista à ESPN.
“Depois da cirurgia eu fiquei tentando fazer fortalecimento. Recorri a alguns fisioterapeutas que tive na base do São Paulo, que passaram programas de exercícios para fortalecer na academia. A recuperação foi praticamente por mim e alguns amigos meus”, completou.
Foram cerca de 11 meses afastado dos gramados. A parte final da recuperação foi feita por conta própria, na Itália, para onde Matheus Vieira e a esposa resolveram ir tentar nova sorte. Ele conseguiu ser contratado pelo Sangiustese VP, também da quinta divisão, antes de chegar ao Ellera.
“Vai fazer dois anos que estou na Itália, meu segundo campeonato. Cheguei na metade do primeiro. Agora já estou bem adaptado com língua, clima, estou 100% e não sinto mais nada. É dar continuidade e alcançar grandes coisas”, disse.
Mas, antes de chegar ao futebol italiano, a trajetória foi longa, apesar da pouca idade.
Nascido na cidade de Santos, no litoral paulista, começou a jogar em clubes locais, como Jabaquara e Portuguesa Santista. De lá, foi contratado para integrar o time sub-17 do São Paulo, onde ficou até o último ano de sub-20. Do Tricolor, foi para o Cruzeiro. Jogou na base do clube mineiro e chegou a ser relacionado para um jogo do profissional, com Vanderlei Luxemburgo no comando, mas não entrou em campo.
A estreia como profissional aconteceu no Moto Club, em 2022, último clube com quem teve contrato antes da grave lesão.
Matheus Vieira jogou duas edições de Copinha, uma com o São Paulo e outra com o Cruzeiro. No Tricolor, também chegou a treinar entre os profissionais, quando Fernando Diniz era o técnico.
“O Diniz aproveitava a rapaziada da base. Fazia jogo-treino. Ele gostava. A gente conseguia demonstrar, ele dava total confiança. Dava alguns conselhos em conjunto. Falou de poder jogar independentemente da dificuldade, não rifar a bola, continuar jogando, mesmo se tem oito ou nove caras pressionando a bola. Falava para continuar jogando, que errar faz parte, mas tem que tentar de novo. A gente tinha confiança para isso”, relembrou.
Na Raposa, o zagueiro foi companheiro de equipe de Vitor Roque, recém-contratado pelo Palmeiras.
“Ele treinava com o time profissional e eu via que tinha potencial incrível de poder estar jogando em alto nível. Ele tinha muita vontade. Pela idade, tinha muita força. Foi um moleque que sempre se destacou. Apesar de que na Copinha que joguei ele não foi titular. Mas no mesmo ano foi titular no profissional. É reviravolta que o futebol dá, ele merecia muito”, pontuou.
De olho nas reviravoltas, Matheus Vieira segue em busca de ter sucesso no futebol.
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