Em entrevista concedida à revista espanhola digital Vida Nueva, divulgada nesta sexta-feira (4), o papa Francisco comentou o caso do bispo Rolando Álvarez, que permanece preso na Nicarágua sob acusação de “traição à pátria”.
Álvarez é um dos representantes católicos críticos do regime de Daniel Ortega e se tornou um símbolo da resistência contra a ditadura que comanda o país centro-americano.
Ao ser questionado sobre a situação do bispo Álvarez, Francisco disse que continuava a tentar “negociar” com o regime de Ortega, que ele havia classificado como uma “ditadura rude”. A prisão de Álvarez levou à interrupção das relações bilaterais entre o ditador nicaraguense e o Vaticano.
Na entrevista, o papa também confirmou que pediu ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para que intercedesse no caso da prisão arbitrária de Álvarez.
“Sim, eu perguntei a ele”, respondeu o papa, quando questionado sobre a conversa com o presidente brasileiro.
Em junho, após seu encontro com o papa Francisco, Lula comentou seu compromisso em “persuadir Daniel Ortega a conceder a liberdade ao bispo Álvarez”. O presidente brasileiro expressou que este seria um “processo que exigiria paciência”, mas ressaltou sua “determinação em alcançar esse objetivo nobre”.
“Vou falar com Ortega para que lhe deem liberdade, porque é preciso aprender a pedir perdão e reconhecer esse erro”, disse Lula após seu encontro com o pontífice. A reunião entre Lula e o Papa Francisco realizada em junho durou cerca de 45 minutos.
Nesta sexta-feira (4), completa-se um ano da prisão do bispo Álvarez, que continua preso na Nicarágua, condenado a 26 anos de prisão. Junto ao bispo, foram detidos outros quatro sacerdotes, dois seminaristas e um funcionário da diocese de Matagalpa.
Para relembrar essa data, um movimento internacional lançou uma campanha exigindo sua libertação e direitos religiosos.
Liderada pelo movimento Acción Dale Vida Nicarágua, uma campanha intitulada “Eucaristia para Monsenhor Rolando Álvarez” tem como principal objetivo conscientizar as pessoas sobre a situação do bispo e reivindicar seu direito de praticar sua fé. A campanha pede apoio nas redes sociais e convoca os fiéis católicos a se unirem em oração e comunhão.
A iniciativa encontrou apoio não apenas entre os religiosos, mas também entre líderes da oposição nicaraguense, incluindo figuras proeminentes como Juan Sebastián Chamorro, pré-candidato presidencial em 2021, e Dora María Téllez, ex-aliada de Ortega que vive exilada fora do país.
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