A ditadura de Cuba, liderada por Miguel Díaz-Canel, convocou uma menina de três anos de idade para depor no caso do seu pai, um preso político chamado Idael Naranjo, detido pelo regime e condenado a dez anos de prisão por ter participado dos protestos de 11 de julho de 2021, quando milhares de cubanos pediram por liberdade em várias cidades da ilha.
A menina foi intimada oficialmente a comparecer a uma estação policial em Havana. A mãe dela, Yunisleydis Rillos Pao, relatou em entrevista ao site argentino Infobae o seu choque e indignação ao receber a intimação.
“Tenho a intimação em mãos, inicialmente pensei que fosse um erro. O que eles vão perguntar? O que ela deve falar, sendo uma criança?”, disse.
Pao acrescentou que, caso a criança não compareça à estação policial, poderá ser multada e acusada de desobediência.
A intimação foi entregue à avó paterna da menina na manhã desta segunda-feira (7). A criança e sua avó devem comparecer à estação policial do Capri, em Havana, nesta terça-feira (8), às 14h30, no horário local. No entanto, Pao anunciou que não irá expor sua filha a essa experiência intimidadora.
“A menina ficará na creche e eu irei em seu nome com
minha mãe. Não vou submeter minha filha a isso”, afirmou ela.
A ONG Prisoners Defenders, sediada em Madri, foi quem primeiro denunciou o caso, classificando-o como uma “tática de intimidação do regime cubano”. A organização questionou o motivo de se convocar e ameaçar uma criança de três anos, destacando que ela não consegue compreender os procedimentos legais.
“Isso é repugnante. Já vimos coisas iguais ou piores. O regime de Cuba é extremamente repugnante. Em todos os aspectos, exala nojo e degradação”, declarou a ONG, em comunicado divulgado nas redes sociais, onde marcou o perfil da Unicef.
“Tudo o que acontece em Cuba clama aos céus, e essas barbaridades são distópicas”, completou a organização.
Pao relatou na entrevista que ela mesma é frequentemente vigiada por agentes de segurança do regime cubano. Ela disse que conversa regularmente com Idael Naranjo, seu marido, mas todas as chamadas são gravadas pela polícia do regime.
Ela acredita que a intimação da filha seja uma tentativa de amedrontar sua família, em retaliação à sua luta por liberdade.
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