Uma fonte de energia inesgotável. Um recurso natural que promove o equilíbrio sustentável, incentiva o surgimento de grandes empresas e pequenos negócios, e transforma o Sertão da Paraíba no paraíso das energias renováveis. A produção de energia solar e eólica tem gerado um novo boom na economia sertaneja, proporcionando oportunidades e impulsionado desenvolvimento social e econômico dentro da agenda internacional da sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente.
Graças a esse recurso natural e inesgotável, a Paraíba já se tornou uma referência na produção e geração de energia renovável, o que tem atraído olhares dos investidores de todo o País, e estimulado o empreendedorismo e a geração de emprego e renda.
No Sertão do estado, empreendimentos de diversos setores passaram a investir na geração de energia solar para impulsionar os negócios. E quem enveredou por esse caminho não se arrepende e já contabiliza a economia e os lucros. Além de fortalecer a imagem da empresa por contribuir com a redução do impacto ao meio ambiente, esse tipo de energia gera outro diferencial competitivo que é a redução nos custos fixos do empreendimento e a possibilidade de oferecer preços mais justos aos clientes. Produtores rurais passaram a explorar os recursos da tecnologia e, numa revolucionária mudança de mentalidade, a refazer os modos de tratar os bens que brotam do solo de forma sustentável.
O PB Agora percorreu algumas cidades do Sertão da Paraíba, conversou com produtores, comerciantes, empreendedores e especialistas para atestar o quanto a energia limpa tem atraído investimentos, gerado desenvolvimento, e mudado realidades regionais, cultivando a cada dia novos clientes.
Com corredor de vento e ilha de calor, a Paraíba segue em ritmo acelerado na produção de energias renováveis. O estado possui um dos maiores índices de radiação solar no Brasil, chegando a atingir anualmente mais de 2.200 kWh/m2. A corrente que se espalha no ar, nas serras de Santa Luzia, e Serra de Teixeira, onde fica localizado o Pico do Jabre, um dos mais alto da América Latina, com 1.208 metros de altitude, entre outras, faz mover uma engrenagem que, utilizando da tecnologia, transforma o vento e o sol em uma das fontes renováveis de energia limpa e sustentável.
Toda essa riqueza está sendo canalizada para movimentar a economia, gerar pequenas empresas, mudar a vida de muitos agricultores e favorecer o microempreendedorismo.
No clima quente do Sertão, o uso da energia solar e eólica já melhorou a vida de muitos panificadores, açougueiros, comerciantes e produtores rurais. Na Zona Rural de Pombal, na localidade conhecida como Várzea Comprida dos Oliveiras, uma padaria é exemplo de como esse tipo de energia pode gerar riquezas sem degradar o meio ambiente. A iniciativa partiu da empreendedora Maria Solange de Oliveira.
A padaria criada por uma associação de mulheres tem o sol como a grande fonte de abastecimento de energia, garantindo a renda de 14 famílias que vivem da agricultura na região. Após descobrir a riqueza que esse tipo de investimento pode produzir, as mulheres do campo se tornaram microempreendedoras. A padaria, idealizada por Maria Solange de Oliveiras, produz pães e bolos que são vendidos para os moradores dos próprios sítios do entorno e, também, para quatro escolas estaduais, por meio de convênios. O uso da energia solar faz a diferença nos custos da produção e, consequentemente, no lucro alcançado pelo negócio.
Ao PB Agora, Maria Solange explicou como o uso da energia solar impactou positivamente no orçamento e a fez expandir os negócios e favorecer a criação da associação das agricultoras familiares de Várzea Comprida dos Olivedos. Ela contou que antes, o gasto com energia comercial girava em torno de R$ 1.500. Com a energia solar, esse valor despencou para R$ 130. A padaria de Maria Solange trabalha com máquinas pesadas, que consomem muita energia. A produção é feita três vezes por semana, nas terças, quartas e nos sábados.
“O gasto com energia é alto. A energia solar foi a solução que encontramos para economizar e ainda expandir os negócios”, conta Maria Solange de Oliveira.

A terra se torna uma espécie de empresa, a água a base e o sol a energia. Basta usar a tecnologia correta para o negócio prosperar. Maria Solange, que é presidente da associação, recorda que a produção começou de forma individual e tímida, mas depois, com a descoberta de uma fonte econômica de energia, elas se reuniram na cozinha da sede da associação de agricultores. Como o negócio foi dando certo, as mulheres agricultoras empreendedoras viram, então, a necessidade de uma melhoria.
As famílias beneficiadas com padaria contam com o apoio do Comitê de Energia Renovável do Semiárido (Cersa), um coletivo que conta com o apoio de entidades nacionais e internacionais e que tem como objetivo estimular a implantação do modelo descentralizado de energias renováveis, como a solar e a eólica.
Sol do Sertão, painéis e força de vontade
Com ajuda do Comitê, elas ganharam as 12 placas solares, instaladas no prédio onde funciona a padaria e que tem sido fundamentais para a produção de pães e bolos, que diariamente alimentam estudantes de escolas públicas e a comunidade.
“Sem dúvida foi uma transformação em nossa vida. A gente nunca podia imaginar que um dia iríamos nos tornar empreendedoras. Se a gente fosse trabalhar com a energia convencional, não teríamos mais condições de trabalhar, já tinha fechado aqui”, explica Glauciene Ferreira, uma das integrantes da Associação das Mulheres.
O sol que brilha em Pombal é o mesmo que irradiou esperança e oportunidades para um grupo de mulheres da comunidade Poços de Baixo, zona rural da cidade de Teixeira, também no Sertão paraibano. Com olhar empreendedor, as mulheres da comunidade Poços de Baixo conseguiram aumentar sua renda graças à instalação da energia solar em uma unidade de beneficiamento de polpas de fruta. São 20 mulheres envolvidas diretamente na produção que atualmente chega a 2.500 quilos de polpa por mês.
A fábrica de polpas também é beneficiada pela energia solar, o que causa uma economia de até R$ 1.000 mensais, que é revertida em melhorias para a própria comunidade. A presidente da Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Poços, Vânia Alves contou ao PB Agora, os benefícios da energia na produção das polpas. A economia, segundo ela, foi significativa.
Desde que instalaram as placas, elas economizam, em média, R$ 1.000 mensalmente na conta de energia. Graças a essa economia, a comunidade criou um fundo rotativo solidário, que beneficia famílias da própria comunidade, através da construção de cisternas, empréstimos familiares e melhorias habitacionais.
Vânia contou que a associação comunitária dos pequenos produtores rurais de Poços foi contemplada com a energia solar em 2021. O projeto segundo ela, foi revolucionário e e veio somar as dinâmicas existentes na comunidade a exemplo do fundo rotativo solidário, Banco de Sementes Comunitário e principalmente a unidade de beneficiamento de frutas. Atualmente 8 mulheres trabalham na produção. Ela revelou que parte da economia da energia está sendo destinada para um caixa com intuito de ampliar o sistema de energia renovável na comunidade.

“Na associação temos 120 associados, destes 42 estão ligados diretamente à unidade de beneficiamento, fornecendo as frutas para produção da polpa. Com a chegada da energia solar melhorou muito, principalmente a rede elétrica, porque antes tínhamos que internar e desligar a câmara fria para ligar os freezer porque a carga não suportava. Hoje não temos mais problemas com energia além de termos uma economia de praticamente mil reais mensal. Com essa economia conseguimos comprar mais equipamentos para ampliar o beneficiamento e beneficiar mais famílias da comunidade e comunidades adjacentes”, relatou entusiasmada Vânia Alves.
A Paraíba tem posição destacada no ranking da geração distribuída e tem espaços para crescer. Prova disso é que o estado registrou o segundo maior crescimento no número de sistemas solares instalados no Nordeste em 2024, com alta de 29,7%, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De janeiro até meados de dezembro, o estado alcançou 8.200 novas unidades de geração distribuída em residências, comércios e indústrias, entre outros.

Apenas no primeiro trimestre de 2025, foram instaladas 2.808 usinas fotovoltaicas no estado, um crescimento de 55,4% em relação ao mesmo período de 2024 (1.807 usinas).
Para o presidente da Associação Paraibana de Energias Renováveis, Rafael Targino, o cenário reflete a combinação entre consciência ambiental, economia e a redução no custo dos equipamentos. Ele lembra que as empresas estão transformando esse recurso natural em economia e sustentabilidade. Com as tarifas de energia convencional em alta, equipamentos mais acessíveis e linhas de crédito facilitadas, o retorno do investimento em energia solar chega a ser 50% mais atrativo que há cinco anos.
Esse avanço é impulsionado pelo acesso facilitado a linhas de crédito e financiamentos, que vêm reduzindo os custos de implantação e acelerando o movimento de transição energética no estado.
O setor solar fotovoltaico já trouxe para o estado 337,5 megawatts em sistemas de geração solar distribuída. O estado é ainda o sétimo maior em número de usinas em operação, são 461 megawatts. Atualmente é capaz de gerar quase 800 megawatts, já tendo recebido R$ 4 bilhões em investimentos do setor de energia solar, com 24 mil empregos trazidos para a região. A expectativa do governo estadual é de que o setor aumente em 50% tudo o que já foi investido nos últimos dez anos.
Empresas se destacam no Sertão paraibano
Planejamento, pesquisa de mercado e a busca por parcerias estratégicas. Esses são requisitos indispensáveis para quem deseja empreender na área de energia solar e eólica, conforme destacou o gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), agência de Sousa, Klercio Lima. Mas isso não é tudo. O empreendedor precisa inevitavelmente acompanhar as tendências desse setor também é fundamental para o sucesso do negócio.
Atualmente existem mais de 7 mil empresas no estado do segmento desse tipo de energia, reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As maiores do setor, estão instaladas em João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Patos, Bayeux, Cabedelo, Guarabira, Esperança, Mamanguape, Alhandra, Princesa Isabel, Cuité, Picuí, Patos, Santa Luzia, Sousa, Aparecida, Cajazeiras, Coremas, Itabaiana, e Princesa Isabel. Juntas, essas empresas do segmento de Energia Solar empregam mais de 24 mil pessoas na Paraíba.
Há seis anos, o engenheiro eletricista Klênio Antonovisk Damascena Silva decidiu se tornar empreendedor e fundou a Solar Nascente Patos-PB. E garante que já se consolidou no mercado. O negócio deu certo e ele rapidamente conquistou clientes.

“Terminei engenharia elétrica em 2018 na UFCG, um dos motivos de vim trabalhar no empreendedorismo foi a falta de emprego para Engenheiros no Brasil” contou.
O empreendedor não se arrepende da decisão, visto que a cidade de Patos, conhecida como ‘Morada do Sol’, é um polo de energia solar, sendo uma das principais do Nordeste que tem o maior número de empresas instaladas.
“É um mercado promissor e muito competitivo. Patos já virou um polo de energia solar” , destacou.
Klênio destacou o perfil dos seus clientes, a maioria deles, residenciais, produtores rurais e empreendedores de vários segmentos. As vantagens para quem opta em utilizar energia solar são muitas, a principal delas, conforme enfatizou o empresário, as inúmeras facilidades no financiamento.
“Hoje se você paga R$ 1 a concessionária de energia, com esse mesmo valor, é possível pagar um financiamento bancário, rápido, sem burocracia e receber uma quantidade maior de energia para a sua casa ou empreendimento” explicou. Ele garante que o investimento é compensador e o retorno imediato. Os financiamentos variam de 48 até 120 meses.

A Solar Nascente Patos-PB emprega atualmente 60 pessoas e a perspectiva é de crescimento.
O secretário de Estado da Infraestrutura e dos Recursos Hídricos, Deusdete Queiroga, destacou o potencial da Paraíba de geração de energia limpa e previu o aumento nos investimentos destinados para o setor. Atualmente, para incentivar o setor, o governo paraibano garante a isenção da incidência de ICMS, equipamentos e materiais utilizados para a geração de energia solar e eólica.
Nos últimos anos a Paraíba tem se destacado como um dos maiores produtores de energia solar no País. O estado possui um dos maiores índices de radiação solar no Brasil. No entanto, para explorar todo esse potencial falta mão de obra qualificada.
Para atender a demanda e corresponder às expectativas do mercado, esses empreendimentos contam com importantes instituições parceiras. É o que tem feito o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que criou o curso superior de Tecnologias Sistemas de Energias Renováveis, que funciona no Instituto Federal da Paraíba, em Sousa, na terra onde se encontra o “Vale dos Dinossauros”.
Ao PB Agora, Cláudio Furtado, Secretário da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba, enfatizou que o curso surgiu para atender uma demanda essencial para o desenvolvimento regional do estado, principalmente no Sertão, onde existem vários empreendimentos na área de energias renováveis.
Renata Suellem Maia Pereira Cavalcanti é recém-formada no curso de Tecnologia Renováveis e já trabalha em uma empresa de energia solar em Sousa. Como sócia da empresa FSol de Energia Solar Renata garantiu que adquiriu a formação necessária para evitar que a empresa contrate pessoa de fora operar em setores vitais da empresa.
“Estamos falando de um setor que está em crescimento e necessita de mão de obra qualificada. Esse curso vem justamente atender a uma demanda essencial para o desenvolvimento regional do estado, fazendo com que a gente forme mão de obra qualificada para atender a essa demanda” destacou o secretário.
A avalanche de empresas que surgiram no Estado nos últimos anos pode ser explicada pelas condições favoráveis da natureza, conforme destacou o secretário Claúdio Benedito Silva Furtado. O secretário ressaltou que o Sertão tem sido um solo fértil para a geração de energia renovável o justifica a quantidade de empresas do setor que se instalaram na região nos últimos anos.
“A Paraíba hoje com vários desses empreendimentos que tem eólico e solar, precisa de mão de obra qualificada para atender não só esses grandes empreendimentos, mas também atender a demanda da pessoa que quer colocar energia solar em sua casa e precisa de pessoas que precisam de um profissional especializado” destacou.
“Esse é um mercado que está em expansão e necessita de mão de obra qualificada. Por isso resolvi fazer esse curso inovador, que é um marco na região. Eu já trabalho na área há 5 anos e existia essa necessidade de formação que acaba sendo terceirizada com pessoal de fora “, disse.
Inovação tecnológica, empreendedorismo, desenvolvimento e sustentabilidade
A gerente Regional do Sebrae em Sousa, Camila Nóbrega, conversou com o PB Agora em um feira com empresas que trabalham com energia solar e garantiu que o setor está em expansão no Sertão. Ela reforçou que o Sebrae tem uma missão muito clara e transparente acerca da responsabilidade com o ISG. O planejamento estratégico é todo voltado para práticas sustentáveis, que incluem energias renováveis e energias limpas.
“Nós sabemos que não conseguimos ir muito longe enquanto planeta, enquanto sociedade se nós não tivermos uma urgência, um imediatismo muito grande em transformar essa realidade que nós estamos vivendo. Então, é pauta do Sebrae, é compromisso, faz parte da nossa missão e nós precisamos passar isso para os nossos clientes de uma forma mais transparente e nada mais transparente” enfatizou.
Ela garantiu que o papel do Sebrae é incentivar o empreendedorismo desse segmento.
“Exatamente, todas as feiras que nós executamos, nós temos várias empresas de energias renováveis, são sempre as primeiras a comprarem estandes. A gente oferta inicialmente a eles, então nós temos esse compromisso, a gente precisa divulgar cada vez mais isso e tem sido um resultado bem próspero”, garantiu.
Bancos oferecem financiamentos para impulsionar empreendedorismo a partir da energia solar
Conquistar clientes e “abocanhar” parte do mercado ávido por um tipo de energia limpa é apenas um dos desafios das empresas que operam com a energia renovável na Paraíba. O setor precisa de crédito para mover toda a engrenagem e atender as demandas do mercado. Os financiamentos são caminhos para impulsionar a cadeira produtiva e gerar desenvolvimento da região. O gerente do Senai de Sousa, Klercio Lima, disse que os empreendimentos de energia solar necessitam dessas operações de crédito para se expandir.
Atualmente, várias instituições financeiras têm apostado no setor de energia solar, e oferecido empréstimos com condições de financiamento que favorecem a adesão às operações. Além dos ventos que sopram forte na região, as operações de crédito tem sido outro fator relevante para alavancar o progresso. O Banco do Nordeste é uma dessas instituições que tem atuado como um “braço” forte nesse processo.
“O Senai tem atuado com a realização de cursos que visam preparar profissionais para esse setor vital da economia. Mas tudo isso só pode avançar com as linhas de crédito. É um conjunto de favores, que envolve várias instituições. Temos potencial e não podemos desperdiçar” disse Klercio Lima.
Na Paraíba, o Sertão lidera a aquisição de energia solar por meio do FNE Sol do Banco do Nordeste (BNB). Por meio desta linha de financiamento, empresários e clientes das cidades de Cajazeiras, Itaporanga, Monteiro, Pombal, Patos, Catolé do Rocha e Sousa lideram a aquisição de sistemas de minigeração de energia própria com adoção de painéis fotovoltaicos.
O PB Agora conversou com a gerente da Agência do BNB Kamilla Nouri, que até bem pouco tempo trabalhava em Cajazeiras, mas foi transferida para a agência de Sousa. Ela destacou as condições oferecidas pelo FNE Sol. Kamilla Nouri, observou que a alta incidência solar favorece o financiamento, o que tem movimentado o setor e impulsionado o desenvolvimento na região.
Na jurisdição de Cajazeiras, que exemplifica o Sertão da Paraíba, onde todos os municípios registram alta incidência solar que favorece o financiamento, a gerente da agência Kamilla Nouri destaca as condições oferecidas pelo FNE Sol.
A análise dos projetos para empresas e pessoas físicas de áreas urbanas e rurais leva em consideração a média de consumo de energia do estabelecimento, de forma que a parcela do financiamento seja equivalente à conta paga pelo proprietário.
A linha de crédito FNE Sol, conforme explicou a gerente, atende a empresas, produtores rurais e pessoas físicas, que podem financiar todos os componentes dos sistemas de micro e minigeração de energia elétrica fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas (PCH), bem como sua instalação. A depender do porte da empresa e do projeto a ser financiado, os prazos de carência podem chegar a até seis meses e o tempo para quitação das parcelas pode chegar a até 12 anos.
Conforme explicou a gerente, as linhas de crédito são concedidas tanto para pessoas físicas como jurídicas. As condições de financiamento são amplas, com melhores taxas de mercado, conforme garantiu Kamila. No caso da pessoa física, destinada à aquisição de equipamentos para residência, o prazo máximo de financiamento é de até 8 anos e carência de até seis meses para começar a pagar.
“Financia até 100% do valor do investimento limitado a R$ 100 mil e com menores taxas do mercado. A gente financia tanto a implantação quanto a expansão do sistema já instalado. Se o cliente já tiver o sistema, a gente também financia a expansão” explicou.
Segundo ele, para esse tipo de cliente existe ainda um “bônus” para baratear ainda mais o valor das parcelas.
Em relação às operações de créditos concedidas à pessoa jurídica, as mudanças são poucas, conforme explicou Kamilla Nouri. O banco também financia 100% do valor do investimento, sendo que nesse caso, o prazo aumenta um pouco, podendo ser estendido até 12 anos. A carência também é mais elástica. Se for um sistema grande, o prazo de financiamento pode durar até 36 meses, mas o normal é até 12 meses.
Somente no ano passado, o Banco do Nordeste disponibilizou pelo menos R$ 10 milhões para implantação de sistemas de minigeração de energia, em toda a Paraíba. A análise dos projetos para empresas e pessoas físicas de áreas urbanas e rurais leva em consideração a média de consumo de energia do estabelecimento, de forma que a parcela do financiamento seja equivalente à conta paga pelo proprietário.

Como atua no desenvolvimento regional, o BNB também destinou uma linha de financiamento específica para o produtor rural que deseja implantar o sistema de energia solar em sua residência ou empresa. Nesse caso, o financiamento pode ser negociado até 12 anos e a carência de até seis meses.
Ao PB Agora, a nova gerente do Banco do Nordeste em Cajazeiras, Rogéria Rauênia Limeira da Silva garantiu esta semana por telefone, que esta linha de crédito tem evoluído no Sertão, especialmente em Cajazeiras. A expectativa, segundo ela, é que este ano, a operação de crédito bata um recorde com mais de R$ 3 milhões emprestados.
“Já chegamos a esse primeiro trimestre de 2025 a realizar 1 milhão e 105 mil. Tem tudo para realizar a meta do ano anterior. Essa linha de crédito tem sido muito bem aceita, e a cada dia aumenta o número de pessoas que recorrem a esse financiamento. Isso aumenta a competitividade e reduz os preços”, explicou.
As condições de financiamento com taxas de juros a partir de 0,63% para pessoa física, segundo ela, têm contribuído para aumentar o número de sertanejos que recorrem aos empréstimos para investir em projetos de energia solar.
Na maioria dos casos os recursos são destinados para a contratação de projetos e aquisição das placas solares. A gerente observou que o BNB também oferece financiamentos para pessoa jurídica, contribuindo assim, para favorecer o empreendedorismo. Ela explicou que uma empresa com até R$ 4,8 milhões, consegue fazer um empréstimo com a taxa de juro bem abaixo da praticada no mercado.
No meio rural, ela enfatizou que o Banco tem atuado forte incentivando o desenvolvimento de projetos que tenham algum tipo de inovação, especialmente a energia solar. Ela ressaltou que esses financiamentos são fundamentais para garantir uma melhor qualidade de vida dos sertanejos.
“Em especial, eu gostaria de destacar o produtor rural que trabalha com bovinocultura de leite e utiliza ainda a energia elétrica em grande quantidade. Esse produtor agora pode reduzir as despesas com o uso da energia solar. Isso traz um diferencial para que ele também possa ampliar as suas atividades e consiga se manter no campo” destacou.

Ela disse ainda que vê a “energia solar como uma grande alternativa para o produtor elastecer a atividade de lucro na atividade rural” enfatizou.
Além da bovinocultura, outros segmentos têm aproveitando bem esses recursos, como a olericultura com a perfuração de poços artesianos para o cultivo de hortaliças na agricultura familiar.
Graças às condições de financiamento e vantagens oferecidas pelo banco, a empresária Elizete Bezerra deu uma guinada em sua vida. Ela possui uma lanchonete e confeitaria no Centro de Cajazeiras, em espaço que divide com uma residência. Ao avaliar o custo-benefício do investimento, a cliente decidiu implantar um sistema de painéis solares para atender duas unidades residenciais.
A conta de energia que somava R$ 613,74 foi reduzida para R$ 140, após a implantação da energia.
“O investimento beneficiou duas residências e a minha atividade de confeitaria. Como tem o prazo estendido para pagamento, eu pretendo investir em alguns materiais e equipamentos para melhorar as vendas”, destaca a cliente Elizete.
“Então a energia solar surgiu como um diferencial para o homem do campo. E para as pessoas físicas, como as taxas são atrativas, a tendência é que elas enxerguem o potencial desse tipo de energia utilizando uma estrutura simples que já tem em sua casa “, observou.
Além das cidades sertanejas, a capital João Pessoa também integra a base das informações, em volume de contratações, com essa modalidade de acesso a crédito. As oito cidades somam mais de R$ 4,7 milhões em recursos aplicados para implantação de sistemas de minigeração de energia, conforme dados do Banco do Nordeste referentes a 2024.
Outras instituições financeiras também oferecem linhas de financiamento para o setor. O Sicredi, instituição financeira cooperativa, registrou em 2024 um saldo total de R$ 79,2 milhões em sua carteira de crédito para financiamento de sistemas de energia solar na Paraíba. O número de operações realizadas na carteira chegou a 1.241 no ano, um crescimento de 19,4% em relação a 2022.
A procura por financiamentos de sistemas de energia solar tem sido impulsionada por diversos fatores, conforme observou a gerente do BNB Rogéria Rauênia Limeira. De olho nas vantagens da energia solar, o empreendedor José Marivaldo Marques de Macedo, proprietário de uma panificadora no bairro de Vila Cabral de Santa Terezinha, em Campina Grande, apostou em um empréstimo para economizar na energia elétrica e expandir o negócio.
Marivaldo contou ao PB Agora que investiu quase R$ 100 mil para instalar painéis que captam a energia do sol. Este ano ele instalou 40 placas, mas pretende fazer um novo empréstimo para ampliar a área com aquisição de mais painéis. Como a instalação foi recente, ele ainda não pode notar os benefícios do projeto, mas está confiante de que o investimento foi certo.
“Acredito que esse investimento vai ter retorno no futuro próximo. Vamos aguardar. Espero em breve sentir a queda no valor da conta de energia” disse.
A alta incidência solar no Sertão da Paraíba tem favorecido o financiamento do Banco do Nordeste. A gerente do BNB de Cajazeiras destaca as vantagens dos empréstimos, visto que o pagamento da conta de energia deixa de ser uma despesa para se tornar um investimento. Sem falar dos benefícios ambientais defendidos nas principais agendas internacionais.

“O financiamento é vantajoso, pois gera economia e permite o planejamento e execução de novos investimentos. Além disso, temos um trabalho de apresentar nossa formatação de crédito às empresas que trabalham com elaboração desses projetos, de forma que evidencia o custo-benefício para os parceiros e os clientes”, explica a gerente do BNB.
O Empreender Solar impulsionando o desenvolvimento
Sonhar, planejar, captar recursos e executar. Para fomentar o desenvolvimento da atividade industrial por meio da concessão de crédito, o Governo da Paraíba criou um programa de crédito voltado para aquisição de sistemas de energia solar para micro e pequenas empresas do Estado.
Denominado de Empreender Solar, a iniciativa prevê liberar cerca de R$ 4,5 milhões para que estas companhias possam realizar empréstimos no valor entre R$ 15 mil e R$ 150 mil, visando a compra dos kits fotovoltaicos de geração distribuída. O secretário do Empreender Paraíba, Fabrício Feitosa explicou que o Empreender Solar surgiu para tentar impulsionar o desenvolvimento regional a partir da utilização da energia renovável.
Fabrício Feitosa contou que a primeira linha do programa contemplou 60 empresas da Paraíba. O processo de inscrições das empresas que aderiram ao programa, está em fase de finalização.
Até o momento, conforme explicou Fabrício, muitas empresas do Estado manifestaram interesse no crédito, visto que existe uma demanda da conversão da energia fotovoltaica para os pequenos negócios.
Apesar do desejo de aderir ao sistema, essas empresas não têm uma preparação documental suficiente para conseguir o aporte de recursos necessário para o empreendimento.
O valor do empréstimo, conforme relatou o secretário, pode chegar até R$ 150 mil. Para fazer o financiamento, os empreendedores têm um prazo de até 6 meses de carência após a instalação dos equipamentos. O empréstimo pode ser quitado em até 54 meses, com taxas de juros de 0,64¨% ao mês. O pagamento poderá ser dividido em até 54 parcelas mensais fixas, com carência de 6 meses e prazo total de financiamento de até 60 meses.
“Por conta disso, estamos em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente no processo de reformulação dessa linha de crédito no sentido de desburocratizar ainda mais o empréstimo”. observou. A proposta é reduzir as exigências para tentar contemplar um maior número possível de empreendedores em todo o estado.
Ele acrescentou que esses tipos de financiamento têm o objetivo de fomentar o desenvolvimento de soluções que possam agregar valor às empresas do setor para que elas possam impactar na economia.
Sol forte do Sertão se torna aliado de empreendedores que usam energia solar
O sol que brilha no Sertão da Paraíba, em alguns meses do ano, chega a ser causticante, capaz de fritar “ovo” no asfalto. Sob a elevada temperatura, os ventos sopram forte, numa velocidade assustadora.
Com ventos soprando favoravelmente e sol forte, o estado da Paraíba já se tornou o 10º maior produtor de energia solar do País. No ano passado, o Estado ocupava a 18ª posição no ranking da geração distribuída e tem espaços para crescer. O setor solar fotovoltaico já trouxe para o estado 337,5 megawatts em sistemas de geração solar distribuída.
Quem visita Patos, no Sertão da Paraíba, sente na pele o calor. A temperatura em alguns meses do ano é “insuportável”. A impressão que se tem é que em Patos “existe um sol para cada um”. A cidade batizada de “Morada do Sol” é uma das fontes de energia renovável do Estado.
Graças ao inesgotável recurso natural, os parques se multiplicam na Paraíba e geram energia solar de forma abundante e fizeram movimentar toda uma economia.
Na atualidade, existem 61 parques em operação no estado funcionando no modelo de energia solar fotovoltaica e eólica, ampliando para 74.12% a capacidade do Estado de gerar energia renovável. Somente no ano passado, foram concluídos oito parques, sendo sete de energia eólica, nos municípios de Junco do Seridó, Santa Luzia, Pocinhos, e mais um de energia solar fotovoltaica, localizado em Sumé.

Os parques em funcionamento são capazes de gerar quase 800 megawatts, já tendo recebido R$ 4 bilhões em investimentos do setor de energia solar, com 24 mil empregos trazidos para a região.
Na subida da Serra de Santa Luzia, uma das maiores do Estado, as imensas torres surgem. São imponentes. A cidade de Santa Luzia, vizinha a Patos, foi escolhida para ser a sede do parque porque tem um dos maiores índices de radiação solar do mundo e por ter uma subestação próxima.
O complexo solar de Santa Luzia é um dos maiores do mundo e já está em operação desde abril, no sertão paraibano. O parque possui 3,5 milhões de painéis solares instalados em um espaço que corresponde a quase 4 mil campos de futebol. Este gigantesco empreendimento ocupa uma área de 5 mil hectares, dos quais 3 mil são dedicados exclusivamente à instalação dos painéis solares.
Com um investimento total estimado em R$ 6 bilhões, o complexo possui 42 usinas no total. A usina solar de Santa Luzia ainda está em fase final de construção, mas já opera desde o mês de abril deste ano.
O diretor de Operação e Manutenção da empresa, Victor de Paiva Lopes, conversou com exclusividade com O PB Agora e deu detalhes do trabalho realizado e que tem ajudado a impulsionar o empreendedorismo e o desenvolvimento da Paraíba.
Para fazer funcionar toda engrenagem, dispõe de equipamentos de alta tecnologia como Inversores tipo string inverter que possui vários MPPT aumentando a sua eficiência. Conforme explicou o Diretor de O&M, o Complexo Solar de Santa Luzia, após finalizado, se tornará a maior fonte geradora de energia solar do Brasil. Serão 2,4GW instalados de energia limpa e renovável, suficiente para suprir o consumo de mais de 2.000.000 de residências populares. Atualmente tem capacidade de gerar 714,5 GWh por ano.
Ele garante que o Complexo tem contribuído para a capacitação e qualificação profissional da população local, promovendo a capacitação da população local por meio de cursos e treinamentos específicos, que preparam os colaboradores para atuar tanto na instalação quanto na operação e manutenção das usinas.
“Além disso, são estabelecidas parcerias com instituições de ensino técnico e superior, proporcionando acesso a conhecimento atualizado e oportunidades de aprendizado prático. Vale destacar que a capacitação e qualificação profissional oferecidas pela empresa não apenas atendem às demandas do projeto, mas também ampliam as habilidades e competências dos colaboradores, aumentando significativamente sua empregabilidade e perspectivas profissionais após a conclusão das atividades” destacou.
Além da geração de energia, outras iniciativas de desenvolvimento social e econômico estão sendo implementadas pela empresa no entorno do Complexo Solar.

A empresa, conforme enfatizou Victor de Paiva Lopes, desenvolve diversas iniciativas socioambientais e de desenvolvimento comunitário e econômico, tais como, educação ambiental, com atividades realizadas em escolas e instituições, que visam conscientizar e formar cidadãos comprometidos com a sustentabilidade.
“Realizamos cursos e oficinas voltados para comunidades rurais, como práticas de sustentabilidade, geração de renda e reaproveitamento de recursos; implantação de projetos, como o Projeto ArboreSer, que busca melhorar a infraestrutura e o ambiente de escolas, criando espaços mais acolhedores e sustentáveis para os estudantes, e o Projeto CineRural, uma iniciativa que leva cinema e debates sobre temas ambientais e sociais para comunidades rurais, promovendo cultura e reflexão; fortalecimento da economia local, por meio da contratação de fornecedores da região, incentivando o comércio e a prestação de serviços” destacou.
O cuidado com a natureza é uma das preocupações da empresa, conforme garantiu o diretor. Ele cita várias ações que geram impactos ambientais e econômicos positivos, como geração de empregos diretos e indiretos, promovendo o desenvolvimento econômico e social na região; capacitação de funcionários, especialmente da população local, para atuar em um setor estratégico e de alta tecnologia; dinamização da economia, com o fortalecimento do comércio e dos serviços locais.
A empresa, segundo ele, contribui ainda para o aumento da arrecadação tributária, que pode ser revertida em melhorias para a comunidade; valorização do conhecimento científico sobre energia solar fotovoltaica, contribuindo para o avanço tecnológico e a sustentabilidade ambiental; e redução das emissões de gases de efeito estufa, impulsionando a transição energética para uma matriz mais limpa.
No Complexo de Santa Luzia, por exemplo, já foi investido mais de R$1,2 bi na primeira fase. Para finalizar o projeto, ainda será necessário um investimento de aproximadamente R$5bi. Hoje a empresa tem 160 colaboradores em Santa Luzia, mas dependendo das atividades, o quadro pode chegar a 800 colaboradores.
Quando finalizado, o complexo possuirá capacidade instalada de 2,4 GW e poderá fornecer energia para mais de 95% do estado da Paraíba ou para o restante do país, por estar conectado ao SIN (Sistema Integrado Nacional).

Um dos parques em funcionamento recém-inaugurado é o Parque Eólico Chafariz, na cidade de Santa Luzia, na região de Patos. A infraestrutura do complexo de energia eólica e solar autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Annel) é de responsabilidade da empresa Neoenergia.
Com a construção dos parques na Paraíba, a empresa garante que gerou mais de 3,6 mil empregos indiretos e diretos para os moradores da região.
Em Maturéia, no Sertão paraibano, foi criada a partir da existência de uma usina de energia solar, a 1 Cooperativa de Compartilhamento de Energia Solar Bem Viver. Entre as inovações, a cooperativa apresenta um sistema para recolher água da chuva a partir das placas fotovoltaicas, em entendimento de convívio com o Semiárido, visando, também, a segurança hídrica.
As placas fotovoltaicas foram instaladas na área experimental do Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), instituição parceira do Comitê e tem a pretensão de trazer aos agricultores associados, uma significativa redução das contas de energia.
Sustentabilidade, inovação tecnológica, uso correto dos recursos naturais
A energia limpa vem ganhando a cada dia mais espaço na vida das pessoas. Gerada sem emitir poluentes, este tipo de energia presente na pauta da agenda da COP 30, produz mínimo impacto ambiental, e garante negócios sustentáveis. Com sol, vento e operações de crédito, a Paraíba avança na produção de energia renováveis, movimentando toda uma cadeia e impulsionando o desenvolvimento regional.
No estado em que o sol nasce primeiro e “faz morada” na cidade de Patos, o setor avança com os novos incentivos para continuar em expansão, sempre explorando um recurso natural inesgotável, e que no Nordeste, aparece todos os dias, abundantemente.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Márcia Dias, Paizinha Lemos, Divulgação e Severino Lopes
PB Agora
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