26 de mai de 2025 às 15:51
O arcebispo de Singapura, cardeal William Goh, disse ao portal de notícias Daily Compass na última quinta-feira (22) que espera maior clareza doutrinária de Leão XIV.
“Se não tivermos clareza sobre o que a Igreja ensina, será muito difícil trabalharmos juntos em unidade”, disse Goh. “Embora tanto a chamada ‘esquerda’ quanto a ‘direita’ da Igreja estejam interessadas em promover a missão de evangelização, tem havido uma divisão interna em certas questões, como casamento, direitos LGBTQ+ e direitos transgêneros. Essas questões dividiram a Igreja porque, em certo momento, não ficou claro o que é certo”, disse Goh.
O cardeal disse que, como agostiniano, o papa tem “uma base sólida na tradição e espiritualidade de santo Agostinho”.
“Ao mesmo tempo, ele trabalhou no Peru e está familiarizado com situações de pobreza e sofrimento. Ele também passou vários anos em Roma e, portanto, está familiarizado com os desafios que a Cúria enfrenta. Tendo sido prior geral de sua ordem, ele já demonstrou suas qualidades de liderança. Em suas primeiras aparições públicas, ele se mostrou sóbrio e cauteloso no que dizia e fazia”, disse Goh, que foi criado cardeal pelo papa Francisco em 2022.
“Ele me parece um homem ciente de que as declarações de um papa são levadas a sério, e é por isso que ele é cauteloso e prudente. Isso é bem-vindo, pois significa que as pessoas não ficarão confusas”, disse o arcebispo de Singapura. “Acredito que ele será capaz de esclarecer a doutrina e evitar que a ‘esquerda’ e a ‘direita’ se confrontem. Ele não será ambíguo e não deixará a interpretação de suas palavras aberta à interpretação individual”.
“Acredito que o aspecto menos agradável de seu pontificado foi que suas doutrinas pareciam ambíguas em sua tentativa de alcançar a todos em termos de doutrina e moralidade”, disse o cardeal Goh sobre o papa Francisco.
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Goh também falou sobre a questão da liturgia tradicional.
“Pessoalmente, acredito que não há motivo para desencorajar as pessoas que preferem a missa tridentina. Elas não estão fazendo nada de errado ou pecaminoso. É claro que a unidade da Igreja deve ser preservada, mas já temos ritos diferentes, como o rito siro-malabar. Podemos aceitar diferentes formas de celebrar a Eucaristia, portanto, não devemos reprimir aqueles que preferem o rito tridentino”, disse o cardeal.
Em última análise, “não é o rito ou a forma de celebração que importa”, mas sim “se alguém encontra Deus profundamente”, disse o arcebispo de Singapura.
Goh disse que não celebra o rito tradicional, “mas não é contra quem celebra”.
“No meu país, há um pequeno grupo de cerca de 300 pessoas, a maioria jovens profissionais. Às vezes, pergunto a eles: ‘Por que vocês preferem essa celebração?’. Eles respondem que a consideram mais reflexiva e contemplativa e que os aproxima de Deus. Por que eu deveria desencorajá-los?”
“Se eles rejeitarem o ensinamento do concílio Vaticano II, isso seria, naturalmente, uma questão completamente diferente, e eles deveriam ser disciplinados. Mas eles não fazem isso, e, portanto, não acho que devamos discriminá-los. Afinal, essa é a missa que vem sendo celebrada há centenas de anos, não é?”, disse também o arcebispo de Singapura.
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