Deus entrega-se inteiramente aos que lhe abrem o coração, diz Leão XIV

4 de jun de 2025 às 09:58

O papa Leão XIV disse hoje (4) em audiência geral no Vaticano que mesmo nas situações em que “nos sentimos inúteis, inadequados”, Deus se lembra de que todas as vidas têm valor e “Seu desejo é ajudar-nos a descobri-lo”.

“Mesmo quando parece que podemos fazer pouco na vida, vale sempre a pena”, disse o papa. “Há sempre a possibilidade de encontrar um sentido, porque Deus ama a nossa vida”.

Em sua catequese, o papa analisou a parábola dos trabalhadores da vinha, que aparece no Evangelho de são Mateus 20,1-16, e disse que, assim como o dono da vinha, protagonista dessa narrativa, Jesus “não faz classificações, àqueles que lhe abrem o coração, entrega-se inteiramente”.

“A originalidade deste senhor se revela também no final do dia, na hora do pagamento. Ele conhece a dignidade dos operários, e, com base nela, quer pagá-los. E dá um denário a cada um, mesmo para aqueles que trabalharam menos. Para o senhor da vinha, isto é, para Deus, é justo que todos tenham o necessário para viver”, disse Leão XIV.

O papa começou usando o exemplo dos trabalhadores que esperam no mercado por alguém que os contrate. Uma metáfora “muito adequada” para usar no mundo de hoje, porque o mercado é “o local dos negócios, onde, infelizmente, o afeto e a dignidade também se compram e vendem, na tentativa de ganhar algo”.

O papa falou dos momentos em que “não nos sentimos apreciados, reconhecidos, corremos o risco de nos vendermos ao primeiro comprador”.

O Senhor “recorda-nos, em vez disso, que a nossa vida tem valor, e o Seu desejo é ajudar-nos a descobri-lo”. Para o papa, essa é uma parábola que “nos dá esperança”, porque “nos diz que esse Mestre sai repetidamente à procura daqueles que esperam encontrar um sentido para as suas vidas”.

É assim que Leão XIV descreve a atitude frustrada desses trabalhadores diaristas que ficaram na praça do mercado naquela tarde e “perderam toda a esperança” de serem valorizados e contratados por alguém.

Contudo, o dono da vinha, que figura na parábola, é “incansável” porque, segundo o papa, “quer a todo o custo dar valor à vida de cada um de nós” e por isso “sai também às cinco horas”.

“Que sentido faz contratar trabalhadores só para a última hora da jornada de trabalho? Que sentido faz ir trabalhar só por uma hora? No entanto, mesmo quando parece que podemos fazer pouco na vida, vale sempre a pena. Há sempre a possibilidade de encontrar um sentido, porque Deus ama a nossa vida”, disse Leão XIV.

O papa também falou sobre a justiça de Deus, que, quando se trata de pagar, “lhes diz que lhes dará o que é justo”.

“Para o dono da vinha, isto é, para Deus, é justo que todos tenham o necessário para viver. Ele chamou pessoalmente os trabalhadores, Ele conhece a dignidade dos operários, e, com base nela, quer pagá-los. E dá um denário a cada um”, enfatizou Leão XIV.

O papa então analisou a resposta dos trabalhadores da primeira hora, que se sentiram “decepcionados” porque “não conseguiram ver a beleza do gesto do mestre, que não foi injusto, mas simplesmente generoso; que não considerou só o mérito, mas também a necessidade”.

Leão XIV advertiu os cristãos contra a tentação de pensar: “Por que começar a trabalhar logo? Se o salário é o mesmo, por que trabalhar mais?”

Assim, o papa citou as palavras de santo Agostinho: “Por que demorais em seguir Aquele que vos chama, estando certos da recompensa, mas incertos quanto ao dia? Cuidai para não vos privardes, pela vossa demora, daquilo que Ele vos dará segundo a Sua promessa”.

Assim, Leão XIV pediu especialmente aos jovens para que “respondam com entusiasmo ao Senhor, que nos chama a trabalhar na sua vinha”.

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“Não demorem, arregacem as mangas, porque o Senhor é generoso e não ficarão desiludidos! Trabalhando na sua vinha, encontrarão a resposta para aquela pergunta profunda que trazem dentro de vocês: qual é o sentido da minha vida?”, disse o papa.

“Queridos irmãos e irmãs, não desanimemos! Mesmo nos momentos sombrios da vida, quando o tempo passa sem nos dar as respostas que procuramos, peçamos ao Senhor que saia novamente e nos alcance onde o estejamos esperando. Ele é generoso e virá em breve”, concluiu Leão XIV.