16 de jun de 2025 às 15:45
Apesar dos relatos de possíveis sinais iniciais de um renascimento católico na Inglaterra, a maioria da população do país continua trilhando um caminho em direção a um futuro pós-cristão.
Talvez se veja isso mais claramente no mês de junho. Quase nenhum inglês sabe que o mês é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, mas sabe que o mês foi entregue ao demônio da perversidade sexual que põe em perigo a salvação das almas, embora poucos, é claro, percebam isso — ou, se percebem, não podem admitir isso publicamente.
Mas se há um aspecto útil no Mês do Orgulho, é que ele mostra o quanto o país se distanciou de suas raízes cristãs.
As procissões festivas que celebram o pecado em vez dos sacramentos são agora onipresentes, assim como placas e símbolos que apoiam a agenda LGBT. Das grandes redes de supermercados e da sede dos serviços de inteligência britânicos ao Museu Britânico e até mesmo a uma sobremesa na Câmara dos Lordes, as cores da bandeira do arco-íris do “Orgulho” estão descaradamente em exibição.
No último fim de semana, para coincidir com a Parada do Orgulho no centro da cidade, a King’s School na Cantuária, uma das escolas mais antigas do mundo, fundada em 597 d.C. por santo Agostinho de Cantuária em sua missão de evangelizar os ingleses, hasteou a bandeira do “Orgulho” no topo de seus antigos edifícios no recinto da catedral da Cantuária.
Este é o segundo ano consecutivo que a escola, que tem entre seus alunos o marechal de Campo Bernard Montgomery, da Segunda Guerra Mundial, e o escritor sir Patrick Leigh Fermor, alardeia o Mês do Orgulho. No ano passado, a prestigiosa escola da Igreja da Inglaterra, renomeada King’s School em 1541, em homenagem ao rei Henrique VIII e à dissolução dos mosteiros, mostrou-se mais entusiasmado: a equipe convidou os alunos a participar de uma “decoração de cupcakes com tema do orgulho”, um “churrasco de festa do orgulho” e a assistir a um filme biográfico de Freddie Mercury, ícone pop do século passado que morreu de AIDS.
O ímpeto para esse envolvimento assumido e orgulhoso se deve, em grande parte, à recente nomeação, pela escola, de uma diretora assumidamente lésbica, cuja “mulher” também leciona na escola. Os diretores da escola justificaram suas nomeações citando a Lei da Igualdade do Reino Unido, legislação aprovada pelo governo do primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, em 2010 e frequentemente usada para impor políticas pró-LGBT. A lei, dizem os diretores da escola, “consagra características protegidas e um compromisso com os valores britânicos fundamentais”.
O King’s School não está sozinho: o Eton College, a escola particular mais prestigiosa da Inglaterra, adotou o Mês do Orgulho e outras modas, também sob o rótulo de “igualdade e inclusão”.
Promover tamanha devassidão e licenciosidade nas outrora respeitadas escolas do país seria impensável há algumas décadas. O teólogo e comentarista católico Gavin Ashenden, que frequentou a King’s School na década de 1970 (assim como eu na década de 1980), vê os acontecimentos ali e em outros lugares como sintomáticos de uma rendição a um “novo movimento político totalitário dedicado à erradicação do cristianismo”.
“Não tenho dúvidas de que as pessoas que decidiram hastear acreditam estar adotando uma posição moral. Mas sua moralidade é aquela que renuncia não só à integridade democrática de uma cultura que gerações morreram para proteger e preservar, mas também se propõe explicitamente a substituir o cristianismo que tem sido celebrado neste lugar por cerca de 1,5 mil anos, desde 597 d.C., por um novo paganismo que celebra o hedonismo e as políticas identitárias coletivas”, disse ele ao jornal National Catholic Register, da EWTN.
“É difícil falar sobre a justificativa para essa rendição além de uma forma de psicose de grupo, fraqueza de pensamento e fragilidade de integridade”, disse Ashenden.
Ashenden, cofundador do popular canal de podcast católico Catholic Unscripted, acredita que a King’s School, que está “imersa nas profundezas da tradição cristã”, agora se rendeu ao “coletivismo neopagão”, o que é uma “tragédia das maiores proporções”.
A promoção do Mês do Orgulho se segue às “raves na nave”, festas em que as músicas de balada são tocadas em fones de ouvido individuais, de modo que, para quem está sem fone, tudo ocorre em silêncio, na catedral. Apesar da comoção causada pela primeira “discoteca silenciosa” em fevereiro do ano passado, uma segunda foi feita em 15 de agosto do ano passado, festa da Assunção de Nossa Senhora. As raves foram autorizadas pelo reitor anglicano da catedral, que vive abertamente com um parceiro do mesmo sexo.
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A catedral da Cantuária e a cidade em si, sede da Inglaterra católica até a reforma protestante, no século XVI, assistem a uma deterioração do país ligada à rejeição de suas raízes cristãs, sobre as quais o papa são João Paulo II e o papa Bento XVI alertaram.
“Santo Agostinho da Cantuária chegou a cogitar abandonar os pagãos incorrigíveis da Inglaterra ao seu destino”, disse o professor Alan Fimister, teólogo e historiador católico inglês.
Citando as palavras de 2 Pedro 3, 7 — que quando Jesus voltar, Ele julgará o mundo não com um dilúvio, mas com fogo — Fimister disse que, como apóstolo de um país marítimo “com um suprimento abundante de chuva”, santo Agostinho da Cantuária terá tido “muitas oportunidades para refletir sobre a mensagem do arco-íris: que na próxima vez que Deus punir a raça humana por suas depravações, Ele usará fogo”.
Bandeiras do arco-íris decrescentes
Mas há alguns sinais de esperança.
Embora ainda sejam comuns, as bandeiras do arco-íris estão em menor número neste ano e, como relatado recentemente no Register e em outros lugares, sinais de um renascimento católico silencioso estão surgindo no país.
Na semana passada, dominicanos ingleses disseram que estão vivendo um aumento significativo no número de noviços.
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“Será o nosso maior grupo de noviços há muito tempo — certamente mais de 30 anos”, disse o padre dominicano inglês Thomas Crean. Para ele, é da natureza da Igreja crescer. É “quando ela encolhe que devemos procurar razões”.
“Talvez, no contexto da sociedade britânica contemporânea, possamos dizer que esse aumento nas vocações religiosas é uma ilustração do princípio de são Paulo de que onde o pecado abundou, a graça superabundou”.
Escrevendo na semana passada no jornal católico inglês The Catholic Herald, Ashenden propôs a “devoção ao Sagrado Coração” como o “antídoto para a campanha para reconstruir nossa sociedade sem Deus”, dizendo também que “o amor verdadeiro confronta a desordem; o perdão desafia a raiva; o propósito criado se opõe à coerção coletiva; e o chamado ao Céu repreende a violência planejada da obediência forçada”.
“O paganismo já caiu aos pés do Sagrado Coração, resgatando nossos ancestrais de suas garras implacáveis. Se os católicos retornarem à mais sagrada das devoções, ele cairá novamente”, escreveu Ashenden.
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