As Forças Armadas do Equador mantiveram suas unidades mobilizadas neste domingo (14) em várias prisões do país, com o objetivo de retomar o controle total das prisões ocupadas há uma semana por grupos de detentos. Essas operações continuaram após o anúncio, no sábado (13), da libertação de todos os agentes penitenciários e funcionários administrativos (mais de 150) que tinham sido feitos reféns pelos detentos.
Um forte contingente de militares e policiais se concentrou neste domingo no Centro de Privação de Liberdade Número 1 Azuay, também conhecido como prisão de Turi, na cidade de Cuenca, na região andina do sul do Equador, para intervir e retomar o controle de suas instalações. As equipes táticas da operação conjunta entre a polícia, os militares e os agentes penitenciários começaram cedo e ocorreram depois que foi anunciado que todos os reféns da prisão tinham sido liberados.
Muitos dos presos rendidos no chão dos pátios da prisão de Turi formaram filas sob a custódia dos homens armados uniformizados que entraram na prisão. Ao contrário dos dias anteriores, não havia mais presos nos telhados da prisão, nem foram ouvidos tiros ou disparos, como vizinhos haviam relatado na madrugada.
Essa operação também se repetiu em outras das sete prisões do país que foram tomadas pelos detentos no início da semana e fez parte de um dia caótico em escala nacional, quando a violência nas prisões também tomou as ruas. Detonação de explosivos, incineração de carros, sequestros, assassinatos, roubos, agressões e até mesmo a invasão de um grupo violento e armado em uma estação de televisão em Guayaquil marcaram uma semana violenta no Equador, que, pouco a pouco, parece estar superando a crise.
O presidente do país, Daniel Noboa, decretou estado de emergência na segunda-feira e, no dia seguinte, assinou um decreto admitindo “um conflito armado interno”, permitindo que as forças armadas interviessem para “neutralizar” os grupos do crime organizado que haviam causado o caos e que ele identificou como “terroristas”.
O próprio Noboa confirmou na noite de sábado que todos os reféns nas prisões foram liberados. Em algumas delas – como Esmeraldas –, houve o apoio de representantes das igrejas católica e evangélica. Na prisão de Esmeraldas, mais de mil militares mantiveram a intervenção na prisão neste domingo, onde foram realizadas buscas para “recuperar a tranquilidade”, de acordo com o chefe da zona 1 da polícia, Norman Cano.
A operação de intervenção “foi realizada com total sucesso”, acrescentou Cano ao explicar aos jornalistas as ações realizadas na prisão de Esmeraldas, capital da província costeira de mesmo nome, no noroeste do país e na fronteira com a Colômbia.
Na prisão de Loja, a intervenção foi vigorosa e circularam imagens dos militares erguendo a bandeira do país como símbolo da recuperação do controle da prisão nessa cidade da região andina do sul do país.
Imagens da operação de intervenção militar e policial na prisão da cidade litorânea de Machala, capital da província de El Oro, na fronteira com o Peru, também circularam nas redes sociais. Uma dessas imagens mostra o momento em que um forte contingente de agentes, protegidos por carros blindados, aproveita as explosões nos portões de acesso ao centro penitenciário para entrar e assumir o controle da prisão. Esse tipo de ação das forças de segurança também foi relatado em outras prisões em Cañar e Tungurahua.
Noboa, em uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), parabenizou as forças da lei e da ordem por terem conseguido libertar os reféns nas prisões das províncias andinas de Azuay, Cañar, Cotopaxi, Tungurahua e Loja, assim como nas províncias costeiras de El Oro e Esmeraldas.
A agitação nas prisões do Equador nesta semana ocorreu quando o governo de Noboa se preparava para lançar um plano para retomar o controle das prisões, muitas das quais são dominadas internamente por grupos criminosos cujas rivalidades deixaram mais de 450 detentos mortos desde 2020 em uma série de massacres em prisões. A violência também se espalhou pelas ruas, tornando o Equador um dos países mais violentos do mundo, com 45 homicídios intencionais por 100 mil habitantes em 2023.
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