A teocracia do Irã comemorou neste domingo (11) o 45º aniversário do triunfo da Revolução Islâmica de 1979 com pedidos pelo fim de Israel, em um momento de maior tensão no Oriente Médio por causa da guerra na Faixa de Gaza.
Milhares de iranianos saíram às ruas do país gritando os costumeiros “morte aos Estados Unidos” e “morte a Israel” para comemorar a Revolução Islâmica, que derrubou o xá Mohamad Reza Pahlavi em 1979 para estabelecer um sistema teocrático.
Um clima festivo prevaleceu na popular Praça Azadi, no centro de Teerã, com mulheres vestidas com o tradicional chador preto acompanhadas de crianças em meio a vendedores que vendiam balões e outros itens tentando tirar proveito da grande multidão.
Apelos pelo fim de Israel
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, pediu a expulsão de Israel da ONU por “crimes” cometidos na Faixa de Gaza desde o início da guerra em outubro do ano passado, que o grupo terrorista Hamas, que iniciou a guerra com um ataque a civis, alega já ter matado mais de 28.000 palestinos.
“Nossa proposta é expulsar o regime sionista (Israel) das Nações Unidas porque ele violou muitas resoluções, leis e convênios internacionais”, disse Raisi ao público presente.
O líder iraniano disse que a Palestina é agora a “principal questão da humanidade” e reiterou o apelo para cortar os laços políticos e comerciais com Israel a fim de “destruí-lo”.
“O regime sionista (Israel) está fadado ao fracasso. Chegou a hora da morte do regime (israelense)”, declarou Raisi.
A República Islâmica do Irã e Israel são inimigos ferrenhos, representam uma ameaça existencial um para o outro, competem pela hegemonia regional e travam uma guerra secreta de ataques cibernéticos, assassinatos e sabotagens.
Teerã também lidera o chamado Eixo de Resistência, uma aliança informal de organizações militantes, como os grupos terroristas Hamas e Hezbollah (no Líbano) e os rebeldes houthis do Iêmen, entre outros, cujo principal objetivo é confrontar Israel.
Raisi também disse que a República Islâmica do Irã leva “uma mensagem de paz, independência e resistência contra os inimigos”, um termo que ele usa com frequência para se referir a Israel e aos Estados Unidos.
Ponto de vista combartilhado pelo público
“A participação do povo nessa comemoração é um endosso ao governo, especialmente devido à situação delicada do mundo, principalmente na região. As potências estrangeiras estão de olho nessas manifestações e, se perceberem que o apoio popular à revolução diminuiu, tentarão fazer alguma coisa”, disse um clérigo de 50 anos que preferiu não ter o nome revelado.
Uma funcionária de 42 anos de uma empresa governamental, que também preferiu não revelar o nome, enfatizou que estava participando do aniversário para frustrar os inimigos e não deixar o líder supremo (o aiatolá Ali Khamenei) sozinho.
Mas nem todos compartilham dessa opinião.
Na noite de sábado, coincidindo com os fogos de artifício para comemorar a revolução, alguns moradores de Teerã gritaram “morte ao ditador” de suas janelas, uma referência ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em um sinal de descontentamento de parte da população contra a República Islâmica.
Poder militar
As autoridades militares aproveitaram a ocasião para exibir parte de seu arsenal militar durante as comemorações.
Na Praça Azadi, foi exibido o míssil Hach Qassem Soleimani, nomeado em homenagem ao general que liderou a Força Quds (Jerusalém) da Guarda Revolucionária do Irã e que foi assassinado pelos Estados Unidos em Bagdá em 2020.
Também estavam em exibição o foguete de transporte de satélites Simorq, o míssil Sejil e os drones Shahed 136, Shahed 171, Simorgh e Mohajer 6, que encantaram muitos dos participantes que tiraram selfies em frente ao armamento iraniano. Os drones iranianos já foram usados por Putin contra a Ucrânia, um sinal de colaboração entre autocracias. O Irã é membro do bloco Brics, que inclui o Brasil, desde o mês passado.
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