Um novo levantamento elaborado pelo Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH), ONG sediada na Espanha, mostra que, em dois meses, o regime liderado por Miguel Díaz-Canel executou pelo menos 320 ações repressivas contra a população da ilha.
Desse número, 64 casos foram referentes a detenções arbitrárias e 256 a outros tipos de abusos, como ameaças, assédio policial, abertura de ações judiciais, entre outros.
Mais de 100 episódios de violência foram direcionados a pessoas já presas, sendo a grande maioria por motivações políticas envolvendo manifestações contra a ditadura vigente no país. As províncias mais afetadas, segundo o Observatório Cubano, foram a capital Havana, Matanzas e Camagüey.
A ONG destacou que, além das ações repressivas diretas, há outros meios de repressão que são aplicados principalmente nas prisões cubanas, como os abusos por autoridades penitenciárias e a falta de acesso a serviços básicos, como saúde e alimentação. O mesmo cenário chega a uma parcela considerável da população, que enfrenta em silêncios os constantes apagões em suas residências, escassez de remédios, combustível e dinheiro.
Um exemplo do autoritarismo e violência aplicados pelo regime cubano pode ser observado com o preso político Adel de la Torre Hernández, caso denunciado em um relatório anterior da organização.
O jovem, hoje com 28 anos, enfrenta um grave problema de saúde mental, que tem piorado por ele não receber o tratamento adequado, além dos frequentes espancamentos infligidos pelos carcereiros. Adel foi detido no âmbito dos protestos massivos de 11 de julho de 2021, mais conhecidos como 11J, nos quais milhares de pessoas saíram às ruas para expressar descontentamento com o regime de Miguel Díaz-Canel.
Em 2017, ele foi diagnosticado com um transtorno mental, situação que se agravou na prisão. Depois de ser preso em 11 de junho, foi libertado em setembro daquele mesmo ano, mas foi julgado e condenado à prisão um ano depois.
Além do novo levantamento da OCDH mostrar a intensa violência da ditadura de Havana, outra ONG que defende os presos políticos do regime Díaz-Canel divulgou mais dados que evidenciam um aumento no número de pessoas privadas de liberdade por não concordarem com a ideologia da ditadura.
De acordo com a Prisioners Defenders, nos últimos 12 meses, a lista de presos políticos em Cuba adicionou um total de 170 novos casos – uma média de mais de 14 novos presos a cada mês – totalizando 1.066 encarcerados por criticar as condições do país.
“Somente em janeiro deste ano, detectamos pelo menos 13 novos presos políticos que não constavam em nenhuma lista, até então”, informou o presidente da ONG, Javier Larrondo, ao portal Infobae.
Segundo o líder do Prisioners Defenders, “há 33 presos políticos que foram detidos quando eram menores de idade – 32 rapazes e uma menina – 17 dos quais já foram condenados por sedição a penas médias de cinco anos. Temos 225 manifestantes acusados de sedição e pelo menos 213 já foram condenados a uma média de 10 anos de prisão”.
O relatório mais recente feito pela ONG estima que ao menos 830 pessoas foram condenadas por crimes de consciência (por não concordarem com a ideologia do regime).
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