O Parlamento da França aprovou nesta segunda-feira (4) a
inclusão do “acesso ao aborto” na Constituição do país.
A medida já havia sido aprovada pelo Senado da França, na semana passada, e pela Assembleia Nacional, em janeiro. O último passo era a aprovação, com ao menos três quintos dos votos, em sessão conjunta do Parlamento. Nesta segunda-feira, foram 780 votos favoráveis e 72 contrários.
Com isso, a França se tornará o primeiro país do mundo a
garantir na sua Carta Magna o “acesso ao aborto”. O governo Macron havia apresentado
a proposta para que o artigo 34 da Constituição francesa fosse alterado para
mencionar “a liberdade das mulheres de recorrer ao aborto, que é garantido”.
O presidente francês começou a pressionar pela medida depois
que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou em 2022 a jurisprudência do
caso Roe vs. Wade, de 1973, e estabeleceu que os estados americanos poderiam
voltar a legislar sobre o aborto como preferissem. O aborto na França é legal
até 14 semanas após a concepção.
Antes da votação, a Pontifícia Academia para a Vida, do
Vaticano, defendeu nesta segunda-feira que “não pode ser um direito” acabar com
uma vida humana, em resposta à votação na França para incluir o aborto na
Constituição.
“A Pontifícia Academia para a Vida reitera que, precisamente
na era dos direitos humanos universais, não pode haver um ‘direito’ de suprimir
uma vida humana”, disse em comunicado.
A Academia do Vaticano se dirigiu a todos os governos do
mundo e a todas as religiões para que, nesta fase da história, “a proteção da
vida se torne uma prioridade absoluta, com passos concretos em favor da paz e
da justiça social, com medidas eficazes para o acesso universal aos recursos, à
educação e à saúde”.
“As situações particulares da vida e os contextos difíceis e
dramáticos do nosso tempo devem ser confrontados com os instrumentos de uma
civilização jurídica que olha acima de tudo para a proteção dos mais fracos e
vulneráveis”, argumenta.
O texto enfatiza que “a proteção da vida humana é o primeiro
objetivo da humanidade” e só pode se desenvolver em “um mundo sem conflitos e
feridas, com a ciência, a tecnologia e a indústria a serviço da pessoa e da
fraternidade”.
“Para a Igreja Católica, a defesa da vida não é uma ideologia, mas uma realidade, uma realidade humana que envolve todos os cristãos, precisamente porque são cristãos e humanos”, afirmou a academia pontifícia, parafraseando um discurso do papa Francisco na audiência geral de 25 de março de 2020. (Com Agência EFE)
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