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Vendas de petróleo do Irã para China entram na mira da Câmara dos EUA

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Depois do ataque iraniano com mais de 300 drones e mísseis a Israel no último dia 13 (dos quais 99% foram interceptados e que não deixaram mortos nem feridos com gravidade), os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra Teerã, medida que a União Europeia também vai impor após acordo divulgado nesta segunda-feira (22).

O Irã é alvo de sanções do Ocidente há décadas, mas segue
mantendo seu papel desestabilizador no Oriente Médio e patrocinando o
terrorismo internacional. Fica a dúvida: não chegou a hora de tentar algo
diferente?

Um ponto importante é que o Irã há tempos aprendeu a
contornar as sanções do Ocidente, principalmente por meio da China.

Segundo números da empresa de dados britânica Vortexa, o Irã
exportou em média 1,56 milhão de barris de petróleo por dia no primeiro
trimestre deste ano, o nível mais alto desde o terceiro trimestre de 2018, e
quase toda essa produção teve como destino a China.

“Os iranianos dominaram a arte de contornar sanções”, disse
Fernando Ferreira, chefe do serviço de risco geopolítico da consultoria
americana Rapidan Energy Group, em entrevista ao Financial Times. “Se o governo
Biden realmente quiser causar um impacto, terá que mudar o foco para a China.”

A segunda maior economia do mundo é justamente o alvo de um
projeto de lei aprovado na semana passada pela Câmara dos Estados Unidos.

A matéria prevê a aplicação de sanções contra bancos
chineses envolvidos em transações para compra de petróleo e produtos
petrolíferos com instituições financeiras iranianas submetidas a sanções.

O texto do projeto aponta que hoje cerca de 80% das
exportações de petróleo do Irã são enviadas para refinarias independentes na
China. Os iranianos respondem por 10% do petróleo comprado atualmente pelos
chineses.

Entretanto, o projeto de lei tem um destino incerto no
Senado, controlado pelos democratas. Analistas apontam que o governo Joe Biden
teme que a proposta possa aumentar ainda mais a pressão sobre os preços
internacionais do petróleo.

A consultoria ClearView Energy Partners estimou que as
sanções aprovadas na Câmara, se aplicadas, poderiam resultar num aumento de até
20 centavos de dólar por galão nos preços da gasolina.

O megapacote de ajudar militar para Ucrânia, Israel e Taiwan aprovado no fim de semana na Câmara também prevê sanções às exportações de petróleo do Irã.

Dependendo da tramitação dos dois projetos no Senado, Biden
poderá ter que passar pelo constrangimento de decidir se veta ou não novas
sanções contra o petróleo iraniano?

“Eu não espero que o governo reforce medidas em resposta aos
ataques com mísseis e drones do Irã contra Israel, principalmente devido a
preocupações [de que] poderiam levar a aumentos nos preços do petróleo”, disse
Kimberly Donovan, especialista em sanções e combate à lavagem de dinheiro do
think tank Atlantic Council, à agência Reuters.

Ela destacou que as sanções relacionadas ao petróleo já
impostas pelos Estados Unidos ao Irã (retomadas por Donald Trump em 2018) não
foram aplicadas com rigor nos últimos dois anos. Além disso, as novas sanções impostas
pela gestão Biden têm foco em outros setores, não o petrolífero.

“O preço do petróleo e, em última instância, os preços da gasolina na bomba são um ponto decisivo durante um ano eleitoral”, afirmou Donovan.

FONTE: Gazeta do Povo